Entre 2012 e 2022, o consumo nacional de frutos secos aumentou 95%. As amêndoas, as nozes e as castanhas que os consumidores compram na grande distribuição passam a poder ser de origem nacional, sendo que até à data eram maioritariamente produtos importados dos EUA, no caso da amêndoa e noz, e parcialmente da China, no caso da castanha.
O facto de Portugal passar a ser autossuficiente em frutos secos é, de acordo com a Portugal Nuts – Associação de Promoção dos Frutos Secos, uma boa notícia face ao contexto mundial de disrupção das cadeias de abastecimento alimentar devido à pandemia, ao aumento dos preços dos fatores de produção e alimentos como consequência da guerra na Ucrânia. O BCE prevê uma inflação de 5,1% na União Europeia até ao final de 2022.
Estes foram alguns dos temas debatidos no primeiro Congresso da Portugal Nuts, que decorreu no grande auditório do Teatro Pax Julia, em Beja, no passado dia 3 de maio, com especialistas nacionais e internacionais.
De acordo com o estudo Carbocert, o amendoal tem uma capacidade de fixação de carbono de 15,2 t CO2/ha/ano, o que significa que atualmente a área de amendoal plantada no perímetro do Alqueva sequestra o equivalente às emissões anuais de todo o distrito de Évora.
Portugal apresenta-se, a nível mundial, como uma das melhores latitudes para a produção de frutos secos, devido às características edafoclimáticas, de acordo com o estudo “Caracterização do setor dos Frutos Secos em Portugal”, que foi apresentado no Congresso da Portugal Nuts.
O estudo refere que Portugal aumentou 54% a área plantada de frutos secos nos últimos 10 anos, tendo hoje um total de 110.000 hectares com uma produção de 80.000 toneladas anuais. O país exporta atualmente 100 milhões de euros e apresenta um saldo positivo da balança comercial de 10 milhões de euros no caso da amêndoa.
Segundo o estudo, numa comparação entre 25 produtos alimentares, por cada quilograma de frutos secos produzidos, existe uma emissão de apenas 0,43 kg de GEE, o que coloca os frutos secos num destacado primeiro lugar em termos de sustentabilidade ambiental quando comparado, por exemplo, com o tofu, com um valor de 3,16 kg de GEE, e com o café, com 28,53 kg de GEE.
Já em termos de utilização de recursos hídricos, através da rega gota a gota, por cada litro de água utilizado para regar uma amendoeira são obtidas 77 a 86 mg de proteína vegetal, pondo este produto no top do ranking em termos de eficiência de utilização deste recurso natural.
A amêndoa é a cultura que mais crescerá tendo em conta o grande investimento realizado em novas plantações nos últimos cinco anos, sendo que este crescimento, bem visível sobretudo no Alentejo e na Beira interior, é já uma realidade.
No caso da amêndoa, Portugal será em breve o segundo maior produtor europeu de amêndoa e entrará nos 15 maiores produtores mundiais, potenciando o seu posicionamento comercial e distinção ao nível da sustentabilidade ambiental.
PORTUGAL NUTS?
A Associação de Promoção dos Frutos Secos – Portugal Nuts representa 40 associados que incluem produtores e processadores de frutos secos que cobrem atualmente 10.000 ha.
Nascida em 2019, esta associação surge da necessidade de juntar esforços para numa estratégia conjunta promover a cultura de frutos secos, cujo aumento da área de produção tem apresentado uma tendência crescente no território nacional. Os frutos secos integram, desde sempre, a dieta mediterrânica, assim como a paisagem nas várias regiões portuguesas.