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“Aumentar os níveis de familiaridade com os públicos-alvo”

As empresas precisam hoje de mais do que notoriedade, pois os stakeholders e as partes interessadas com que se relacionam não querem só saber que elas existem. Querem conhecê-las bem.

10 de Março de 2022 às 08:54
Salvador da Cunha, CEO da Lift
Salvador da Cunha, CEO da Lift
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Há mais de 25 anos a operar no mercado, a Lift é uma marca de referência no setor da consultoria em comunicação e relações públicas. Nesta entrevista, Salvador da Cunha, CEO da Lift, fala da atualidade deste setor e dos seus desafios, bem como do trabalho que tem sido desenvolvido pela sua empresa.

Como evoluiu a Lift nestes últimos anos?
A Lift é a maior e mais antiga participada do Lift World. Temos 25 anos e um historial de liderança no setor da consultoria em comunicação e relações públicas, sendo uma das três maiores empresas portuguesas há mais de 15 anos. Hoje, somos 60 consultores na Lift e 90 colaboradores no grupo. Nos últimos anos, a Lift foi inovando constantemente em resposta às exigências do mercado e sempre alinhada com as tendências e melhores práticas internacionais, integrando na sua oferta novas áreas de negócio que lhe permitem prestar um serviço verdadeiramente integrado, altamente estratégico e cada vez mais criativo.

Muitas destas novas áreas são mais técnicas – comunicação digital, conteúdos para owned media, gestão de redes sociais, organização integrada de eventos –, que não existiam há dez anos, pelo menos da forma como hoje são prestadas aos clientes, exigindo um nível de criatividade elevado e transversal. Mais do que uma agência de relações públicas, evoluímos para uma agência fully integrated que integra hoje, in house, um conjunto de competências e áreas de conhecimento que nos permitem sermos ainda mais estratégicos, disruptivos e completos na abordagem e proposta de valor que oferecemos aos clientes. Uma evolução que está refletida no novo posicionamento e marca que apresentámos recentemente ao mercado.

Quais os desafios de comunicação que se colocam às empresas em Portugal?
Mais do que notoriedade, as empresas necessitam de incrementar os níveis de familiaridade com os seus públicos-alvo. As pessoas que se relacionam com as empresas (stakeholders ou partes interessadas) não querem apenas saber que as empresas existem. Querem conhecê-las bem. Mais do que os produtos ou serviços, querem saber se são inovadoras, se têm bom ambiente de trabalho, se são transparentes e éticas, se são sustentáveis e responsáveis, se têm bons líderes e boa performance económica. São estas dimensões que lhes permitem navegar na economia da reputação e gerar bons comportamentos de suporte, ou seja, atrair os melhores clientes, o melhor talento, os melhores acionistas, ter o benefício da dúvida em caso de crise, ter as melhores condições de mercado com os fornecedores e parceiros de negócio. Por outro lado, há também um conjunto de necessidades e exigências do ponto de vista da comunicação que surgem como consequência direta do impacto da pandemia nas empresas e nos consumidores e que exigem que olhemos para todas estas dimensões de forma mais cirúrgica e integrada.

Que papel desempenha a agência de comunicação para responder a estes desafios?
Uma boa consultora de comunicação ajuda as empresas a navegar neste ecossistema estratégico. E, depois, ajuda a operacionalizar os processos de comunicação, definindo mensagens, targets, ferramentas, canais e pondo a máquina a andar. Hoje em dia, com a multiplicidade de combinações, é um trabalho muito complexo. Já lá vai o tempo dos "press releases" a encher as caixas de email dos jornalistas.

Que mudanças houve nas agências de comunicação nos últimos anos que merecem destaque?
Nas boas consultoras, mudou sobretudo o entendimento estratégico do ecossistema, a criatividade das propostas e os recursos técnicos altamente especializados na operacionalização. É a boa combinação de tudo isto que faz a boa comunicação.

De que forma a pandemia acelerou novas formas de comunicação das empresas com os seus clientes e públicos-alvo?
Acelerou o futuro. Digitalizou conversas. Aumentou a produtividade. As formas tradicionais mantiveram-se, mas a comunicação digital explodiu e a criatividade passou a ser o ingrediente indispensável. Novas ferramentas e canais a cada semestre, novos influenciadores, novas dinâmicas. E com isto a comunicação tornou-se ainda mais exigente do ponto de vista da sua transparência, credibilidade e integração.




Que diferenças existem entre uma comunicação B2B e uma B2C?
Na verdade, temos hoje uma comunicação B2B muito mais próxima da comunicação B2C, não apenas no que diz respeito aos canais utilizados, mas também ao tom e criatividade associados à comunicação. Na sua essência, o processo estratégico é idêntico, mas denota claramente a forma como o setor da comunicação tem vindo a evoluir.

De que forma trabalham estes mercados diferenciados e como estão estruturados para responder às necessidades de cada negócio?
A Lift tem consultores com experiências variadas, que trabalham em conjunto para servir clientes e projetos distintos. Em simultâneo, podemos estar a trabalhar numa operação financeira de elevada complexidade (uma OPA, por exemplo) e num festival de verão como o Rock In Rio. Podemos estar a divulgar os resultados de um banco ou a lançar um produto de beleza para uma empresa de cosmética. Podemos lançar uma plataforma de conteúdos (florestas.pt ou Imune.pt, por exemplo) ou fazer uma campanha de influencer marketing. Esta diversidade é importante para dar ao cliente o que ele necessita e não apenas o que temos para vender.

Quais as tendências de comunicação que vão marcar o futuro para os segmentos B2B e B2C?
Há muitas tendências novas, mas não por segmentos como as coloca. Diria que as três principais tendências serão o trabalho estratégico de posicionamento e construção de reputação, a aposta em plataformas de owned media e o incremento da comunicação digital, incluindo os digital influencers. Haverá novas tendências que ainda têm de provar a marca que vão deixar no futuro.

Para onde está a evoluir o modelo de negócio da agência de comunicação?
Em termos de serviços, está a evoluir para um modelo mais estratégico, mais integrado, mais criativo e centrado numa comunicação eminentemente digital, com mais conteúdos próprios, mais influenciadores e mais vídeo. Antecipa-se ainda mais branded content em detrimento da comunicação em meios tradicionais (imprensa, rádio e televisão numa perspetiva de earned media). E com perspetivas menos comerciais. As pessoas querem histórias que as emocionem. Não querem promoções ou comunicação demasiado comercial.

 

É possível continuar a crescer no mercado nacional?
Não só é possível, como é uma realidade. A Lift fechou o ano com um crescimento de 62%. Passámos para 5,35 milhões de euros de faturação em 2021, naquele que foi o nosso melhor ano de sempre.

Quais os três clientes mais importantes/campanhas de comunicação que realizaram nos últimos dois anos?
A Lift tem mais de 100 clientes e são todos eles importantes. Há clientes que exigem maior envolvimento e um maior número de recursos alocados, mas todos eles são relevantes. Nenhum cliente representa mais do que 10% do nosso volume de negócios. Contudo, posso destacar três projetos muito interessantes do ponto de vista fully integrated, combinando comunicação digital e vídeo, consultoria e relações públicas, produção de eventos. São eles: o projeto "Ainda só viste metade" para a Samsung, a plataforma Imune.pt – Informação verificada sobre vacinas e o projeto "Trotinetar Portugal 360°" para a Roady do Grupo Os Mosqueteiros.

A Lift tem consultores com experiências variadas, que trabalham em conjunto para servir clientes e projetos distintos" Salvador da Cunha, CEO da Lift

A Lift tem um único acionista que é a Lift SGPS SA, que por sua vez tem um acionista com uma maioria muito expressiva: Salvador da Cunha. A Lift foi criada ainda como Bairro Alto Consultores de Comunicação em 1995, há 26 anos.

100 clientes ativos

5,35 milhões de euros foi o volume de negócios, apenas da Lift, em 2021

6 milhões de euros é a previsão do volume de negócios para este ano

60 consultores na Lift. 90 colaboradores na Lift World

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