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Pagamento antecipado ao FMI pode ser discutido na próxima semana
Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, admite que a Irlanda possa pedir o agendamento do assunto para o encontro informal de Milão. Precedente, a ser aberto, pode vir a ser seguido por Portugal.
Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo, admitiu nesta quinta-feira a possibilidade de a Irlanda pedir o agendamento, para a reunião da próxima semana, da discussão da hipótese de antecipar o pagamento do empréstimo ao FMI. "O ministro irlandês abordou-me e a outras instituições envolvidas, penso que discutiremos o assunto na nossa reunião de Setembro, na próxima semana, com base no pedido da Irlanda, que formalmente ainda tem que ser apresentado", afirmou Dijsselbloem, citado pela Rádio Renascença e Expresso, perante o Parlamento Europeu.
Os ministros das Finanças reúnem-se sexta-feira e sábado, em Milão, no tradicional encontro informal realizado em solo do país que assume nesse semestre a presidência da União Europeia - no caso, Itália.
O interesse em reembolsar antecipadamente o empréstimo ao FMI decorre das condições mais favoráveis de financiamento que sobretudo a Irlanda, mas também Portugal estão a obter nos mercados.
No caso de Portugal, a previsão actual do IGCP é que, aos 26,35 mil milhões de euros emprestados pelo FMI com uma maturidade média de 7,24 anos, fique associado um custo de 3,4%. A título de comparação: nesta quarta-feira, o Estado português obteve junto dos investidores 3,5 mil milhões de euros a 15 anos, pagando uma taxa de juro em torno dos 4%.
Já a parte dos empréstimos assegurada pelos dois mecanismos europeus tem associado um custo muito mais baixo e prazos muito mais longos - em torno de 2,5% e de 20 anos, respectivamente, no caso português - ,pelo que não há qualquer vantagem em ponderar a antecipação do seu pagamento, bem pelo contrário.
Sucede que as condições originalmente acordadas pelo empréstimo da troika pressupõem que os países beneficiários reembolsarão todos os credores envolvidos em condições de igualdade. Isso significa que uma antecipação do pagamento ao FMI tem de ser aceite por todos os países da União Europeia, até porque significa também assumir um risco acrescido no pagamento das parcelas remanescentes.
O diretor-geral da Cotec Portugal, o economista Daniel Bessa, mostrou-se esta quinta-feira favorável à possibilidade de Portugal antecipar o pagamento do empréstimo do FMI, sublinhando que o país poderá ir buscar dinheiro aos mercados a taxas inferiores. "Se Portugal está em condições de ir buscar dinheiro, sobretudo se for capaz de ir buscar mais barato e ao mesmo prazo, porque é que não há de reembolsar e porque é que o Eurogrupo vai agora criar agora alguma dificuldade nesse terreno? Eu até acharia que isso é bem vindo e, por mim, no lugar do Eurogrupo, acharia isso bem e não penalizaria", afirmou o antigo ministro da Economia num governo socialista, em declarações aos jornalistas no final de uma 'aula' da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo.