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Juro dos novos depósitos ultrapassa 2% mas Portugal tem a quinta pior remuneração de poupanças na Zona Euro
Há 12 meses consecutivos que a taxa média tem vindo a aumentar, em linha com a subida de juros de referência pelo Banco Central Europeu (BCE). A tendência é generalizada a toda a moeda única.
"A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 1,92% em agosto para 2,29% em setembro, o valor mais alto desde abril de 2013", explica o Banco de Portugal, num relatório divulgado esta quinta-feira. O valor relativo a agosto é também revisto em ligeira alta.
A tendência está relacionada com a subida das taxas de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE) e é, nesse sentido, generalizada a toda a moeda única. Na média dos países da Zona Euro, a taxa de juro dos novos depósitos de particulares está em 3,08%. Abaixo de Portugal estão apenas Eslovénia, Grécia, Chipre e Croácia. Do outro lado da lista, é na Estónia, França e Itália que estão os bancos que melhor remuneram poupanças.
"Em agosto, a remuneração média dos novos depósitos com prazo acordado em Portugal era inferior à observada para a média da área do euro (3,03%) e era a quinta mais baixa entre estes países. Apesar da remuneração comparativamente baixa, os depósitos com prazo acordado representavam, em Portugal, 52% do total dos depósitos dos particulares, enquanto, na generalidade dos países, predominavam as responsabilidades à vista", aponta o BdP.
No que diz respeito às poupanças que estão nestes depósitos, em setembro, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares totalizou 7.855 milhões de euros, o que representa um crescimento de 309 milhões nas entradas de dinheiro face ao mês anterior.
No caso das empresas, as novas operações de depósitos totalizaram 7.267 milhões de euros em setembro, mais 934 milhões do que em agosto, 99,3% dos quais foram aplicados em depósitos a prazo até um ano.
Em setembro, a remuneração média dos novos depósitos a prazo de empresas foi de 3,08%, o que corresponde a um aumento de 0,15 pontos percentuais (pp) relativamente ao mês anterior.
Crédito ao consumo recua, enquanto habitação cresce
As novas operações de empréstimos aos particulares totalizaram 2.504 milhões de euros, mais 165 milhões do que em agosto. "Verificaram-se aumentos nas finalidades de habitação e de outros fins de 141 e 39 milhões de euros, respetivamente. Nos empréstimos para consumo, registou-se um decréscimo de 15 milhões de euros", indica o supervisor da banca.
A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação aumentou ligeiramente, de 4,23% em agosto para 4,26% em setembro. A taxa de juro média dos novos empréstimos para consumo também subiu (de 8,93% para 8,98%). Pelo contrário, a taxa de juro média dos novos empréstimos para outros fins diminuiu, de 5,52% para 5,35%.
A taxa de juro média das novas operações de empréstimos aos particulares aumentou 2,93 pp entre dezembro de 2021 e setembro de 2023. "Este aumento foi mais expressivo nos terceiro e quarto trimestres de 2022 (0,61 e 0,67 pp, respetivamente) e tem vindo a desacelerar desde então. No terceiro trimestre de 2023, a taxa de juro média dos novos empréstimos não se alterou", explica.
"A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares apresentou um aumento acumulado inferior ao dos empréstimos: 2,25 pp entre dezembro de 2021 e setembro de 2023. No entanto, o crescimento desta taxa tem vindo a acentuar-se, atingindo 0,68 e 0,71 pp, respetivamente, nos segundo e terceiro trimestres de 2023", acrescenta o Banco de Portugal.
No segmento empresarial, o montante de novos empréstimos concedidos pelos bancos às empresas foi de 1.608 milhões de euros em setembro, menos 406 milhões do que no mês anterior. A taxa de juro média dos novos empréstimos às empresas diminuiu de 5,91% em agosto para 5,81% em setembro. Este decréscimo verificou-se quer nos empréstimos até um milhão de euros (de 5,98% para 5,97%), quer nos empréstimos acima de um milhão de euros (de 5,86% para 5,62%).
(Notícia atualizada às 11:35)