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Euribor avança para máximos desde Setembro de 2012

Indexante a três meses não desce há 13 sessões e está já em máximos desde Setembro do ano passado, situando-se acima da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu.

10 de Dezembro de 2013 às 11:00
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As taxas Euribor voltaram a registar uma subida acentuada em todas as maturidades na sessão desta terça-feira, devido à crescente secura de liquidez financeira na Zona Euro e a expectativa de que o BCE ficará por aqui no que a cortes de juros diz respeito.

 

A Euribor 3 meses subiu 0,5 pontos base para 0,26%, continuando assim acima da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu. Desde 21 de Novembro que esta taxa, muito utilizada como indexante no crédito à habitação em Portugal, não regista quedas diárias.

 

A taxa está agora no valor mais elevado desde meados de Setembro do ano passado, acumulando uma subida de 4,3 pontos base no espaço de 13 sessões.

 

Nas restantes maturidades a tendência de hoje também foi de agravamento das taxas. A Euribor 6 meses avançou 0,7 pontos base para 0,36%, o valor mais elevado desde meados de Fevereiro deste ano.

 

A subida da Euribor significa que os bancos estão a cobrar taxas mais elevadas para emprestar uns aos outros, o que se repercute nos juros cobrados nos empréstimos à economia. Na segunda-feira, a taxa a três meses fixou-se em 0,255%, superando os 0,25% que o BCE define como a taxa de referência. É uma "situação normal" que a Euribor a três meses esteja um pouco acima da taxa de referência do BCE, assinala Filipe Garcia, economista do IMF. Mas é algo que não se verificava desde que Mario Draghi assumiu o cargo de presidente do BCE em Novembro de 2011.

 

Este movimento de alta das Euribor é explicado pelo facto dos bancos da Zona Euro continuarem a reembolsar a ritmo elevado os empréstimos obtidos nas operações de refinanciamento de longo prazo (LTRO, na sigla original) realizadas em final de 2011 e início de 2012. Esse efeito, que Beat Siegenthaler, analista do UBS, associa à aproximação do final do ano e também à preparação para o exercício de avaliação de activos do BCE, está a reduzir a chamada "liquidez excedentária" no eurossistema.

 

"Há efectivamente menos liquidez no sistema", explica Paula Gonçalves Carvalho, economista-chefe do BPI, ao Negócios. "Isso reflecte-se também em menos liquidez no mercado [interbancário] e no aumento do seu preço, ou seja, da taxa", acrescenta. A liquidez excedentária está em 154 mil milhões de euros, segundo dados do BCE, um valor que se aproxima dos níveis que podem colocar pressão de subida às taxas de curto prazo, como as Euribor. Há um mês estava em 200 mil milhões.

 

Em nota recente, o Crédit Suisse admitiu que essa liquidez excedentária poderá cair para 100 mil milhões de euros até ao final deste ano. O indicador está já no nível mais baixo desde Dezembro de 2011, mês em que Draghi anunciou as LTRO a três anos.

 

Christian Schulz, economista do Berenberg, explica que, além do efeito da redução da liquidez excedentária, a subida das Euribor pode ser um sinal de um aumento da quantidade de bancos que estão a conseguir participar no mercado interbancário. "Isso significa que os bancos um pouco mais arriscados podem estar a contribuir para subir a taxa".

 

Taxa de juro não desce mais?

 

A subida das taxas interbancárias, que se acentuou desde o final da semana passada, coincide com um momento em que parece iminente a diminuição dos estímulos por parte da Reserva Federal dos EUA. O movimento sugere também que, apesar de cada vez menos especialistas preverem novos cortes da taxa do BCE, os participantes do mercado terão ficado surpreendidos pelo facto de Draghi não ter sinalizado o recurso a novas medidas de estímulo.

 

Sem perspectivas de novos cortes, depois da redução inesperada em Novembro, as taxas interbancárias podem retomar um contexto "normal", segundo Filipe Garcia. Ou seja, "ter a Euribor a três meses 10 ou 20 pontos-base acima da taxa de referência". Mas, o "movimento de subida será sempre limitado, pois o BCE mantém uma postura muito acomodatícia, ou seja, amiga do crescimento", diz Paula Carvalho.

 

 

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