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Risco de Portugal face a Itália cai para metade
Os prémios de risco da dívida portuguesa face a Itália, Alemanha e Espanha têm descido nos últimos meses.
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De dívida de alto risco, a grande aposta de algumas gestoras internacionais. As obrigações portuguesas apresentam um dos melhores desempenhos desde o início do ano na Europa, o que permitiu que os prémios de risco baixassem. Face à Alemanha, o "spread" renovou esta segunda-feira mínimos de 18 meses. E, em relação a Itália, o diferencial cai mais de metade em 2017.
Apesar de no arranque do ano as dúvidas sobre Portugal terem levado os juros a dez anos a superar a fasquia de 4%, nos últimos meses a tendência tem sido de descida. A taxa a dez anos transaccionou esta segunda-feira em 2,881%.
A diferença face à "yield" alemã é de 234 pontos base, o valor mais baixo em 18 meses. No final de 2016, os investidores exigiam mais 355 pontos base a Portugal do que à Alemanha, que é vista como a referência na Zona Euro. Mas a maior recuperação da dívida portuguesa foi face a Itália. O prémio de risco caiu mais de metade. Era de 195 pontos base no final de 2016 e situa-se actualmente em 79 pontos base.
Além de o mercado atribuir um maior risco político a Itália, os investidores temem o efeito da retirada dos estímulos no valor das obrigações desse país. Já Portugal, que desde meados do ano passado vê o BCE comprar menos dívida que a meta implícita, não está tão dependente das compras do banco central. Em relação a Espanha, o "spread" baixa de 238 para 138 pontos base desde o início do ano.
Se no início do ano, a dívida portuguesa era olhada com desconfiança pelo mercado, actualmente a história parece ser diferente, já que grandes gestoras têm apostado forte. O Capital Group, uma das dez maiores gestoras de activos do mundo, reforçou em obrigações nacionais, construindo uma posição superior a 500 milhões de euros. Mas não foi a única.
A Nomura Asset Management referiu, esta segunda-feira, à Bloomberg que continua a aumentar a exposição a dívida portuguesa. Richard Hodges, gestor de fundos de obrigações do Nomura Asset Management, referiu que está "gradualmente a aumentar a exposição e tem sido um negócio com muito sucesso". Um décimo do fundo está alocado em dívida portuguesa, incluindo obrigações nacionais denominadas em dólares.
Na base destas apostas estão a recuperação da economia portuguesa e a trajectória de descida do défice. Factores que levam o mercado a acreditar que o "rating" acabará por sair de "lixo", perspectiva reforçada com a melhoria do "outlook" da Fitch em Junho para positivo. Essa agência volta a pronunciar-se em Dezembro. Já a Moody’s e a S&P, que têm uma notação a um nível de sair de "lixo", manifestam-se em Setembro.