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Mota-Engil emite 80 milhões em dívida sustentável junto de 4.966 investidores
A operação - que decorreu nas últimas duas semanas - implicou uma oferta e uma troca de obrigações.
A Mota-Engil colocou 80 milhões de euros em dívida ligada a sustentabilidade junto de quase cinco mil investidores de retalho. A emissão, que esteve a decorrer ao longo das últimas duas semanas, diz respeito a obrigações que maturam a 16 de outubro de 2029 e que têm associada uma taxa de juro bruta de 5%.
A par da emissão de novos títulos - que abrangeu 53,14 milhões de euros -, esta operação previa também a possibilidade de troca de obrigações de uma linha mais antiga. Os restantes 26,86 milhões de euros do encaixe financeiro vêm dessa troca.
Neste caso, a cada obrigação com maturidade em 2024 - que tinha sido lançada com uma taxa de juro de 4,375% - correspondeu um novo título, sendo pagos a 16 de outubro os juros corridos desde 30 de abril de 2024 até à data de emissão, no montante de 5,04340278 euros.
Na sessão de apresentação de resultados, na bolsa de Lisboa, o CEO Carlos Mota dos Santos, afirmou que a construtora quer "continuar a ocupar" o "espaço" ocupado junto dos investidores de retalho. "A Mota-Engil é uma marca que é conhecida e bem recebida pelo pequeno aforrador português", indicou.
De um total de 4.966 investidores, a maior parte (1.544) compraram ou trocaram o valor mais elevado: entre 10.250 e 50.000 euros. Carlos Mota dos Santos indicou que "muitos [dos investidores] estão connosco desde a primeira emissão, já lá vão 11 anos". A emissão "concretizou todos os objetivos a que nos tínhamos proposto, o que foi evidente na elevada procura que levou à revisão em alta da oferta", acrescentou o líder da Mota-Engil.
"Não estamos satisfeitos com capitalização", diz CEO
Se no mercado obrigacionista a Mota-Engil fala em sucesso, no domínio acionista, a história tem sido diferente. A empresa foi a estrela da bolsa em 2023 e entrou em força neste ano, tendo chegado a tocar o máximo histórico acima de 1,78 mil milhões de euros.
Contudo, desde a apresentação de resultados anuais que tem sofrido dificuldades em bolsa. No total do ano acumula uma desvalorização de 36,06%, valendo atualmente 776,8 milhões de euros - um montante que o CEO considera não espelhar o valor da Mota-Engil.
"Não estamos satisfeitos com a capitalização. A empresa vale muito mais do que mil milhões", afirmou Carlos Mota dos Santos, justificando a evolução com uma "correção natural" após as fortes subidas do ano passado, mas também a queda generalizada das bolsas (sendo a construção um setor especialmente sensível à economia) e ao facto de terem sido "fustigados" por posições de "short selling".
Foi o caso da Muddy Waters, que abriu uma aposta contra as ações da Mota-Engil em setembro e mantém uma posição de 0,65% do capital. Fundada por Carson Block, a gestora norte-americana é um dos mais famosos investidores ativistas do mundo.
Mas o CEO garante que não fez nenhuma abordagem à Mota-Engil. "Nunca fomos contactos nem sabemos quem são. O que nos resta continuar a trabalhar e esperar que os investidores o reconheçam", acrescentou.
(Notícia atualizada às 17:30)