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Juros da dívida de França já estão acima dos de Portugal

Mercados de dívida estão a assistir a uma reordenação histórica, depois de terem sido anunciadas eleições antecipadas em França. Mudança põe obrigações francesas a um nível muito próximo das economias que estiveram no centro da crise das dívidas soberanas, incluindo acima das de Portugal.

A dívida soberana de França tem avaliação do rating pela Standard&Poor’s no dia 1 de dezembro.
Denis Balibouse / Reuters
12 de Junho de 2024 às 10:35
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Os juros da dívida soberana de França, considerados um dos ativos mais seguros da Zona Euro, estão mais altos do que os de Portugal nalguns prazos, dando sinais de um maior risco sobre a economia gaulesa.

Esta mudança histórica traduz uma reordenação da hierarquia dos mercados de dívida, depois de terem sido anunciadas eleições antecipadas em França, na sequência das eleições europeias e da vitória do partido de extrema-direita União Nacional (RN na sigla em francês), de Marine Le Pen, com 31,5% dos votos, mais do dobro da coligação do presidente francês, Emmanuel Macron.

A título de exemplo, uma obrigação portuguesa com vencimento em 2032 está esta quarta-feira nos 3,04%, contra 3,09% da dívida francesa com vencimento semelhante. Ou seja, a dívida pública da segunda maior economia europeia já está a ser vista pelo mercado como tão arriscada como a portuguesa. Ainda assim, na maturidade benchmark, ou seja a 10 anos, Portugal negoceia nos 3,250%, ainda acima de França, que segue nos 3,212%.

Em comparação com Espanha, o diferencial ("spread") entre a dívida francesa e espanhola está ao nível mais baixo desde a crise financeira. As obrigações francesas a 10 anos estão a negociar a apenas alguns pontos base abaixo das de Espanha. Isso coloca as obrigações de França a um nível muito próximo das economias que estiveram no centro da crise das dívidas soberanas.

Já o diferencial entre a dívida francesa e a alemã atingiu o nível mais alto desde o início da pandemia da covid-19, em março de 2020, depois de ter sido noticiado que Emmanuel Macron poderia demitir-se na sequência do desaire eleitoral. A notícia foi desmentida pelo Palácio do Eliseu e Emmanuel Macron veio garantir que independentemente do resultado das legislativas não se demitiria.

A decisão de Emmanuel Macron de convocar eleições antecipadas apanhou de surpresa aos mercados, que estão a reagir com grande volatibilidade ao crescimento da extrema-direita em França. Teme-se que, com novas eleições, a governabilidade em França fique reduzida, numa altura em que Paris se prepara para receber os Jogos Olímpicos e Emmanuel Macron ia anunciar medidas para reduzir o elevado défice orçamental.

A chegada da RN ao primeiro lugar nos resultados eleitorais, levou a perdas significativas no CAC-40, o principal índice parisiense. Porém, esta quarta-feira, o CAC-40 recupera 0,38% para 7.818,97 pontos.

(notícia atualizada às 11:03)
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