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IGCP no mercado para financiar até mil milhões

O IGCP vai esta quarta-feira realizar um duplo leilão para tentar angariar até mil milhões de euros a curto prazo. Um dia depois da DBRS ter alertado para a pressão que existe sobre o rating do país.

Pedro Elias/Negócios
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A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) irá realizar um duplo leilão de bilhetes do Tesouro (BT) a três e 11 meses esta quarta-feira, 17 de Agosto. Uma operação que estava já agendada no calendário de financiamento e com a qual o Tesouro pretende angariar até 1.000 milhões de euros.

"O IGCP vai realizar no próximo dia 17 de Agosto, pelas 10:30 horas, dois leilões das linhas de BT com maturidades em Novembro de 2016 e em Julho de 2017", revelou o instituto liderado por Cristina Casalinho (na foto). Uma operação prevista no programa de financiamento para o trimestre, com o Tesouro a confirmar também o "montante indicativo global entre 750 milhões e 1.000 milhões".

A última vez que o Tesouro emitiu dívida nestas maturidades foi em Junho, tendo então colocado um total de mil milhões de euros. E as taxas de juro foram, na altura, mais elevadas do que vinha sendo habitual, com os títulos a três meses a ficarem nos 0,075%, ao passo que a 11 meses a taxa foi de 0,146%. Os investidores receavam a aplicação de multas a Portugal, devido ao incumprimento do défice, além de que o referendo ao Brexit estava a uma semana de distância.

A emissão desta quarta-feira surge um dia depois da DBRS ter deixado alguns alertas sobre a pressão que há em relação ao rating de Portugal, o que fez subir os juros associados à dívida portuguesa no mercado secundário.

 

Fergus McCormick afirmou, em entrevista à Reuters, que "as pressões [sobre o rating português] parecem aumentar", apesar do rating de Portugal continuar com uma perspectiva "estável". As palavras do analista surgem depois de na sexta-feira, 12 de Agosto, ter sido revelado que o produto interno bruto (PIB) de Portugal cresceu 0,8% no segundo trimestre, quando comparado com igual período do ano passado, e 0,2%, quando comparado com o primeiro trimestre.

 

Estes números levam a que Portugal possa crescer menos de 1% este ano, desacelerando face aos 1,5% do ano anterior e ficando distante da previsão do Governo de um crescimento de 1,8% inscrita no Orçamento do Estado e no Programa de Estabilidade.

Para a DBRS o baixo crescimento da economia portuguesa e os elevados níveis de dívida pública e privada, a que se juntam ainda as dificuldades da banca nacional, estão a contribuir para o elevar da pressão sobre Portugal. 

 

As declarações do responsável da DBRS assumem uma importância maior porque esta é a única das quatro agências de rating a que o Banco Central Europeu (BCE) recorre para avaliar a dívida pública dos países que atribui grau de investimento à dívida portuguesa. Ou seja, é a única que não tem um rating de "lixo". Caso retire Portugal deste grau, o BCE deixa de poder comprar dívida soberana no âmbito do programa de compra de activos de 1,7 biliões de euros.

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