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Grécia paga juro de 3,6% na primeira emissão desde saída da troika
A operação que marca o regresso em pleno da Grécia aos mercados foi concluída esta terça, com a colocação de 2,5 mil milhões de euros em títulos a cinco anos.
O Tesouro grego concluiu com sucesso uma emissão sindicada de dívida a cinco anos, numa operação que marcou o regresso do país aos mercados depois da saída da troika.
Foram emitidos 2,5 mil milhões de euros, tendo a procura superado mais de quatro vezes a oferta, ao ultrapassar os 10 mil milhões de euros.
Os títulos vão ser colocados nos investidores com uma taxa de juro de 3,6%, o que se situa abaixo da "yield" que estava a ser oferecida no início da operação esta manhã (3,88%). Ainda assim, a taxa final compara de forma desfavorável com a "yield" que está a ser praticada no mercado secundário (2,94%), bem como com o juro suportado na última emissão. Em fevereiro de 2018, Atenas emitiu obrigações a sete anos com uma taxa de 3,5%.
Portugal, que saiu do programa de assistência financeira em 2014, pagou uma taxa de 0,702% na emissão de obrigações a 5 anos que realizou no final do ano passado para reembolsar o FMI.
O encaixe que Atenas vai realizar com esta emissão também poderá servir para reembolsar o FMI de forma antecipada, embora o Governo esteja ainda a estudar outras alternativas, como a criação de um fundo para ajudar a reduzir o crédito mal parado da banca. No entanto, esta segunda-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, fez afirmações em que elogiou a capitalização conseguida pela banca helénica, o que poderá tornar menos necessária nova intervenção no setor.
Depois da conclusão do programa de assistência financeira, em agosto do ano passado, Atenas ficou com uma almofada financeira superior a 30 mil milhões de euros e pretende aumentar este montante para cerca de 40 mil milhões de euros, de modo a passar ao mercado uma imagem de tranquilidade.
A poucos meses das eleições legislativas, o primeiro-ministro Alexis Tsipras deverá "vender" esta operação como uma vitória e o regresso da Grécia à normalidade, depois de oito anos de medidas de austeridade definidas pela troika.
Outro dado que aponta para a estabilização da vida política na Grécia prende-se com o aumento do salário mínimo, a primeira subida em praticamente 10 anos. O primeiro-ministro grego confirmou ontem a subida do salário mínimo já a partir de fevereiro para 650 euros. Um aumento de 11% face aos atuais 586 euros.
A turbulência que marcou as últimas semanas provocada pela cisão dos Gregos Independentes (Anel) do governo liderado por Alexis Tsipras acalmou, graças a dois momentos-chave. O primeiro com a aprovação da moção de confiança a que se submeteu o próprio primeiro-ministro helénico e, num segundo momento, na semana passada o parlamento grego ratificou o acordo para a alteração do nome da Macedónia.
Estes dois acontecimentos permitiriam devolver confiança aos investidores, sobretudo porque existem condições para Tsipras cumprir a legislatura até às eleições gerais previstas para o final de outubro.