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Fitch sobe "rating" de Portugal para o patamar de A
A Fitch subiu esta sexta-feira a avaliação da dívida soberana portuguesa de "BBB+" para "A-", com perspetiva estável.
A classificação da República ascendeu assim à cobiçada categoria de A, estando agora no sétimo nível da tabela - um patamar em que se considera que o emitente tem uma forte capacidade de reembolso da sua dívida. Já o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) manteve-se estável.
A Fitch estima que o rácio da dívida pública face ao PIB mantenha uma forte tendência de queda, o que contribuiu para este "upgrade". "Projetamos que esse rácio desça para 104,3% este ano, contra 112,4% no final de 2022, e que em 2025 já esteja nos 96,5%", refere a agência no seu relatório.
"Esta estimada queda de mais de 38 pontos percentuais face ao máximo de 2020, em plena pandemia, é a maior descida que prevemos para os países classificados na categoria A", diz o documento, com a agência a mostrar-se convicta de que "há um elevado grau de compromisso para com a consolidação orçamental por parte do atual Governo português".
O rácio da dívida pública em 2025, a fixar-se no nível previsto, estará ainda elevado, mas a Fitch considera que "os riscos que se colocam à sustentabilidade da dívida são atenuados por uma calendarização de amortização moderada da divida".
Quanto ao PIB, a agência projeta que este ano registará um excedente de 0,5%, o que constitui uma substancial revisão em alta face às projeções de abril passado (-1,2%). "O principal motor da melhoria da nossa estimativa é a redução mais rápida do que o esperado no rácio da despesa face ao PIB, com a expiração das medidas de apoio à pandemia e aos preços da energia a ofuscar o impacto das medidas de política expansionista introduzidas no ano passado – sobretudo no que diz respeito às reduções do IVA e do imposto sobre o rendimento".
A agência destaca também que a inflação diminuiu este ano, de 9,8% em dezembro de 2022 para 4,3% em julho, tendo subido de novo em agosto. "Antevemos que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC – a chamada inflação global [‘headline inflation’]) atinja uma média de 5,3% este ano, abrandando depois para 3,1% em 2024 e 2,2% em 2025".
A resiliência do setor bancário também é sublinhada. "A subida das taxas de juro e os maiores encargos com a dívida no setor privado têm ainda de se traduzir, no caso dos bancos portugueses, na qualidade dos ativos", diz o relatório, sublinhando que a melhoria dos rácios de capital, da rendibilidade e da qualidade dos ativos foram os motores para os recentes ‘upgrades’ dos bancos Caixa Geral de Depósitos e BCP.
Entre os fatores que podem levar a um "downgrade" no futuro, a Fitch aponta a eventual deterioração das finanças públicas. "Uma inversão na trajetória de redução do endividamento do setor público, por exemplo, devido a uma forte flexibilização orçamental ou deterioração da competitividade externa" seriam motivos para a agência recuar e baixar a classificação, bem como uma severa contração económica ou choques externos que penalizassem o potencial de crescimento do país.
Já entre os fatores que podem levar a agência a subir de novo o "rating", esta aponta uma melhoria das perspetivas para o crescimento de médio prazo, sustentada pela implementação de reformas estruturais promotoras de crescimento e de uma aplicação eficaz dos fundos comunitários.
De entre as quatro maiores agências - S&P, Fitch, Moody's e DBRS -, a canadiana DBRS era a única que já tinha Portugal no patamar A.
(notícia atualizada pela última vez às 22:44)