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Depois da Fitch, irá a Moody's melhorar o tom sobre o "rating"?
No mercado, considera-se que até há hipóteses para a Moody's melhorar a perspectiva para o "rating". Mas uma subida da notação, retirando a classificação de "lixo", não é um cenário visto como provável.
"Vejo alguma probabilidade da Moody’s atribuir um ‘outlook’ positivo esta sexta-feira já que houve vários aspectos que melhoraram do lado orçamental e da actividade económica", diz Christoph Rieger. O analista do Commerzbank considera no entanto, como "prematura" uma subida da notação esta sexta-feira.
A agência previa um défice de 1,8% este ano, sendo que Mário Centeno garantiu recentemente que ficaria nos 1,5% definidos como meta. E estimava um crescimento do PIB de 1,7%, bem abaixo das previsões de 2,5% do Banco de Portugal e do FMI. O Montepio estima também um crescimento de 2,5%. Rui Serra defende que esse é um dos motivos que poderá "suportar uma melhoria do ‘rating’" nos próximos meses. E o economista-chefe do banco tem também como cenário base que a Moody’s melhore o "outlook".
Saída de "lixo" ainda este ano?
Os governantes portugueses têm criticado o que consideram ser uma análise demasiado dura por parte das entidades de notação financeira. Mas, Rui Serra nota que "as agências de ‘rating’ tendem a ter um comportamento conservador nas subidas, melhorando primeiro o ‘outlook’ e só depois o ‘rating’".
O economista considera aceitável a avaliação que têm feito porque, "numa primeira fase, o país estava ainda numa embrionária recuperação económica, depois houve a questão da instabilidade política e da formação de um Governo PS apoiado por partidos de extrema-esquerda que estão enquadrados em famílias políticas tradicionalmente do desagrado das agências". Depois disso "o PIB em 2016 acabou por abrandar, quando inicialmente era esperada uma aceleração e o rácio da dívida pública sobre o PIB continuou a subir". Esse rácio fechou 2016 em 130,4%. Mas deverá cair este ano. Este indicador tem sido o calcanhar de Aquiles apontado pelas agências.
Também Christoph Rieger vê algumas hipóteses de uma retirada de "lixo" em Dezembro, na data da próxima revisão da Fitch. Mas realça que essa é uma previsão difícil já que, além da consolidação orçamental, será preciso garantir dinamismo no crescimento e que as condições do mercado não se tornem adversas numa fase em que o BCE necessita de reduzir o programa de compras. Após a Moody’s, o mercado fica a aguardar pela análise da S&P, a 15 de Setembro.