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Depois da Fitch, irá a Moody's melhorar o tom sobre o "rating"?

No mercado, considera-se que até há hipóteses para a Moody's melhorar a perspectiva para o "rating". Mas uma subida da notação, retirando a classificação de "lixo", não é um cenário visto como provável.

Reuters
01 de Setembro de 2017 às 07:00
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A Moody’s pode pronunciar-se esta sexta-feira sobre o "rating" de Portugal. No mercado, uma retirada da classificação de Portugal de um nível  de "lixo" é vista como prematura. Mas os analistas admitem que a agência pode seguir os passos da Fitch e melhorar a perspectiva.

"Vejo alguma probabilidade da Moody’s atribuir um ‘outlook’ positivo esta sexta-feira já que houve vários aspectos que melhoraram do lado orçamental e da actividade económica", diz Christoph Rieger. O analista do Commerzbank considera no entanto, como "prematura" uma subida da notação esta sexta-feira.

Entre Abril de 2014 e Março de 2016, a Fitch chegou a ter o "rating" com "outlook" positivo, algo que não foi acompanhado pela Moody’s. Desde 2014 que esta entidade não mexe no "rating". Ainda assim, em Maio, num relatório sobre o país que não constituía uma acção de "rating", a Moody’s admitia melhorar a notação caso "a consolidação orçamental e a redução da dívida acelerasse significativamente " ou se "o crescimento económico fosse muito mais forte" que o previsto.

A agência previa um défice de 1,8% este ano, sendo que Mário Centeno garantiu recentemente que ficaria nos 1,5% definidos como meta. E estimava um crescimento do PIB de 1,7%, bem abaixo das previsões de 2,5% do Banco de Portugal e do FMI.  O Montepio estima também um crescimento de 2,5%. Rui Serra defende que esse é um dos motivos que  poderá "suportar uma melhoria do ‘rating’" nos próximos meses. E o economista-chefe do banco tem também como cenário base que a Moody’s melhore o "outlook".

Saída de "lixo" ainda este ano?
Os governantes portugueses têm criticado o que consideram ser uma análise demasiado dura por parte das entidades de notação financeira. Mas, Rui Serra nota que "as agências de ‘rating’ tendem a ter um comportamento conservador nas subidas, melhorando primeiro o ‘outlook’ e só depois o ‘rating’".

O economista considera aceitável a avaliação que têm feito  porque, "numa primeira fase, o país estava ainda numa embrionária recuperação económica, depois houve a questão da instabilidade política e da formação de um Governo PS apoiado por partidos de extrema-esquerda que estão enquadrados em famílias políticas tradicionalmente do desagrado das agências". Depois disso "o PIB em 2016 acabou por abrandar, quando inicialmente era esperada uma aceleração e  o rácio da dívida pública sobre o PIB continuou a subir". Esse rácio fechou 2016 em 130,4%. Mas deverá cair este ano. Este indicador tem sido o calcanhar de Aquiles apontado pelas agências.

Ainda assim, Rui Serra considera que se verifica uma "melhoria das perspectivas económicas, do mercado de trabalho, e o cumprimento das metas orçamentais", sublinhando a importância do Orçamento para 2018 "prosseguir com a consolidação orçamental". Estes factores, a par de "alguma pressão política ao nível das instituições comunitárias, leva a que comecem a estar reunidas as condições para uma subida do ‘rating’, restando saber se ainda este ano", defende.

Também Christoph Rieger vê algumas hipóteses de uma retirada de "lixo" em Dezembro, na data da próxima revisão da Fitch. Mas realça que essa é uma previsão difícil já que, além da consolidação orçamental, será preciso garantir dinamismo no crescimento e que as condições do mercado não se tornem adversas numa fase em que o BCE necessita de reduzir o programa de compras. Após a Moody’s, o mercado fica a aguardar pela análise da S&P, a 15 de Setembro.

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