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BNP Paribas: Taxa de 4% coloca Portugal numa situação mais difícil
William de Vijlder, economista-chefe do BNP Paribas, justifica o maior prémio de risco da dívida portuguesa com a DBRS e com o limite das compras do BCE.
O economista-chefe do BNP Paribas considera que a taxa em 4% coloca Portugal "numa situação mais desafiante" quando o banco central retirar o programa de compras. Considera que, no que que diz respeito à política monetária na Zona Euro, as atenções este ano estarão "nas dinâmicas de inflação e no que o BCE fará em 2018 e como retirará o programa".
Alertou, num encontro com jornalistas esta sexta-feira, que a tendência das condições monetárias a nível global é de maior restritividade, com a Reserva Federal dos EUA a continuar com o processo de subida dos juros. O economista estima dois aumentos este ano e quatro em 2018. E adverte que até 2020 a certo ponto esta maior restritividade irá exercer ventos contrários na economia.
Neste cenário de políticas monetárias menos expansionistas, William de Vijlder considera que as estimativas de crescimento para Portugal em 2019 e 2020, em torno de 1,2%, "não se podem qualificar de fantásticas". E observa que foi o consumo a puxar pelo PIB português, o que se traduziu numa descida da taxa de poupança.
O que levou os juros para perto de 4%?
A taxa das obrigações portuguesas a dez anos já superou o nível de 4% este ano e transacciona actualmente em 3,854%. Para William De Vijlder, estas taxas reflectem a preocupação sobre o "rating", e também o facto de o BCE estar perto de atingir os limites de compra de dívida portuguesa.
"A preocupação é sobre a decisão de uma agência de "rating’", disse o economista-chefe do BNP Paribas num encontro com jornalistas esta sexta-feira, 20 de Janeiro. Explica que um investidor até pode ter a sua própria visão sobre a economia, mas se estiver dependente do que a DBRS for dizer da próxima vez tende a exigir um maior prémio de risco.
A agência canadiana é a única das quatro que são seguidas pelo BCE que classifica Portugal em grau de investimento, garantindo que as obrigações portuguesas são incluídas nos programas do banco central, nomeadamente o programa de compra de activos.
Além da questão do "rating", William de Vijlder observa que o banco central pode estar perto de atingir os limites da dívida portuguesa que pode comprar. E considera que o nível dos juros portugueses "é uma referência que mostra qual o impacto do programa alargado de compra de activos nos prémios de risco".
Juros das OT a 10 anos superaram os 4% no início do ano: