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BCE comprou 517 milhões em obrigações portuguesas. Dívida italiana é a favorita
O Eurosistema aumentou, em Julho, o ritmo das compras de dívida pública, numa altura em que os analistas temem os efeitos dos constrangimentos do programa.
O BCE acelerou o programa de compras de dívida do sector público no mês passado. Ao abrigo deste programa, o Eurosistema adquiriu 51.875 milhões de euros de obrigações soberanas, o que compara com as compras de 51.607 milhões de euros feitas em Junho. Isto numa altura em que os analistas têm alertado para o facto de haver cada vez menos obrigações disponíveis para as compras do banco central. A dívida italiana aparenta ter sido a mais privilegiada nas compras.
Portugal é um dos casos em que essas limitações são mais evidentes. Desde o Verão do ano passado, que o Eurosistema faz compras de dívida nacional bem abaixo das metas implícitas pela regra da chave de capital de cada país no BCE. Uma das regras do programa é que o banco central não pode deter mais de 33% de uma determinada obrigação ou da dívida considerada para efeitos do programa. E o elevado peso dos empréstimos europeus e, se bem que menor, do FMI, fazem com que existam poucos títulos disponíveis para as compras do banco central, de forma a evitar comprometer aquela regra.
Ainda assim, no mês passado houve uma recuperação ligeira nas compras de dívida portuguesa. Depois de as aquisições terem atingido o valor mais baixo de sempre em Junho (ficando em 498 milhões de euros), em Julho o montante foi de 517 milhões de euros, segundo dados divulgados pelo BCE esta segunda-feira, 7 de Agosto. Ainda assim, o valor fica abaixo de metade da meta implícita pela participação de Portugal na chave de capital do banco.
Dívida italiana acima da meta
Também as compras de dívida italiana aumentaram. Foram de 9.623 milhões de euros, bem acima do montante que o BCE costumava comprar nos primeiros meses do programa, altura em que as aquisições eram de entre 7.000 e 8.000 milhões de euros. Segundo contas de Frederik Ducrozet, economista da Pictet, ficaram mais de 1.000 milhões acima da meta.
O mercado tem estado também atento sobre se o BCE continua a dispor de dívida alemã suficiente para executar o programa, dadas as compras abaixo da meta implícita nos últimos meses. No entanto, em Julho, as compras germânicas recuperaram de 11.892 milhões de euros para 12.169 milhões de euros, ligeiramente abaixo da meta implícita.
Já as obrigações gaulesas, que o Eurosistema estava a privilegiar nos últimos meses, foram alvo de compras de menor dimensão, ficando novamente em linha com a meta implícita. Desceram em 800 milhões de euros para pouco mais de 10.000 milhões.
No total do programa alargado de compra de activos, que além da compra de dívida pública engloba ainda aquisições de obrigações empresariais, obrigações cobertas e dívida titularizada, as compras em Julho situaram-se em 60.434 milhões de euros.
O BCE tem como objectivo fazer compras de 60.000 milhões por mês até, pelo menos, final de Dezembro. O banco central ainda não indicou como irá executar a redução gradual do programa, que os analistas antecipam que ocorra no próximo ano. Para Agosto, as compras do banco central deverão reduzir-se de forma significativa dada a menor liquidez no mercado.