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BCE analisa possibilidade de aceitar "junk bonds" como garantia

A videoconferência desta quarta-feira poderá ter como intenção prevenirem-se os receios de que algumas obrigações soberanas e corporativas possam em breve ver a sua notação cortada para o patamar de "lixo" devido ao custo do combate à pandemia.

Os mercados esperam que Christine Lagarde anuncie uma descida das taxas de depósitos do BCE.
Neil Hall/EPA
22 de Abril de 2020 às 01:04
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O Banco Central Europeu poderá debater esta quarta-feira, numa videoconferência planeada para o final do dia, se aceita as chamadas "junk bonds" – obrigações com rating de categoria de investimento especulativo – como colateral por parte dos credores, avançou a Bloomberg citando fontes próximas do processo.

 

Segundo a agência noticiosa, o conselho de governadores do BCE pensa assim debater nesta reunião a flexibilização das regras exigidas para os colaterais (garantias).

 

A videoconferência poderá ter como intenção prevenirem-se os receios de que algumas obrigações soberanas e corporativas possam em breve ver a sua notação cortada para o patamar de "lixo" devido ao custo do combate à pandemia, refere a Bloomberg.

 

A Standard & Poor’s tem agendada para esta sexta-feira uma potencial avaliação da dívida soberana de Itália (país fortemente fustigado pela covid-19), à qual atribui atualmente uma classificação de dois níveis acima de "junk" – ou seja, no penúltimo grau do patamar de investimento de qualidade.

 

"Um ‘downgrade’ para a zona de investimento especulativo poderia ser um passo rumo à potencial exclusão da terceira maior economia do euro dos programas de compra de ativos no âmbito do refinanciamento do BCE, precipitando uma crise", sublinha a agência.

 

Os ratings são uma preocupação crescente nos mercados, num momento em que os "lockdowns" – mais de meio mundo está confinado em casa – abrem caminho à maior recessão das últimas décadas.

 

Embora as atuais regras do BCE ditem que Itália teria que ser simultaneamente cortada para "lixo" por parte da S&P, Moody’s, Fitch e DBRS para ser excluída das suas operações de refinanciamento, a perpetiva de "downgrades" está a enervar os investidores.

 

Em maio, será a vez de a Moody’s se pronunciar sobre a dívida transalpina mas qualquer agência pode decidir antecipar-se face à data agendada – o que, por exemplo, aconteceu com Portugal na passada sexta-feira, quando a Fitch decidiu antecipar-se ao calendário e cortar a perspetiva da dívida da República (quando a data prevista para uma eventual decisão era 22 de maio).

 

No passado dia 18 de março, o Banco Central Europeu anunciou um programa de compra de ativos do setor público e privado, no valor de 750 mil milhões de euros, destinado a estimular as economias bastante castigadas pela covid-19.

 

No comunicado emitido nesse dia, o BCE disse que as compras decorrerão até ao final de 2020 e incluirão todas as classes de ativos elegíveis no âmbito do atual programa de compra de ativos.

 

Uma novidade apontada foi que a dívida soberana da Grécia será considerada neste programa de compra, bem como papel comercial de empresas não financeiras – mas desde que com qualidade de crédito suficiente para serem elegíveis, adiantou então o banco central liderado por Christine Lagarde (na foto). Agora, a possibilidade de aceitar "junk bonds" como garantia poderá trazer um alívio aos países e empresas com maiores fragilidades.

 

O corte de uma notação soberana normalmente desencadeia o mesmo movimento nas obrigações corporativas e no papel comercial – que o BCE também compra e aceita como colateral.

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