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Portugal paga juro mais baixo de sempre para emitir dívida a 10 anos

O IGCP colocou 1.000 milhões de euros em títulos de dívida a 10 e 15 anos. Os juros voltaram a baixar, sendo que no prazo a 10 anos a taxa foi a mais baixa de sempre.

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
13 de Fevereiro de 2019 às 10:41
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A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realizou esta manhã um duplo leilão de títulos de dívida a 10 e 15 anos, tendo suportado um custo de financiamento mais baixo do que nas operações anteriores. O objetivo passava por emitir entre 750 e mil milhões de euros.

 

O IGCP colocou 705 milhões de euros em títulos a 10 anos (maturidade a 15 de junho de 2029), oferecendo uma taxa de rendibilidade de 1,568%. Este é o juro mais baixo de sempre para emitir dívida a 10 anos, sendo que o anterior mínimo tinha sido fixado em maio de 2018, com uma taxa de 1,67%. Na emissão de dívida sindicada no início do ano, o IGCP suportou um juro de 1,95%. No último leilão de dívida a 10 anos, realizado em novembro de 2018, a taxa ficou em 1,908%.

A taxa que o instituto liderado por Cristina Casalinho suportou na emissão desta quarta-feira está inclusivamente abaixo do que está a ser praticado no mercado secundário. A taxa de juro das obrigações do Tesouro que os investidores estão a trocar entre si está hoje em 1,606%. No mercado primário a anterior taxa mais baixa de sempre tinha sido fixada em maio nos 1,67% quando o IGCP emitiu 483 milhões de euros. A segunda foi em julho, quando colocou títulos a 10 anos com uma taxa de 1,727%.  



Já no leilão de obrigações a 15 anos (maturidade a 18 de abril de 2034), foram colocados 295 milhões de euros e a taxa ficou nos 2,045%, o que também compara de forma favorável com a última operação similar. A anterior emissão a 15 anos ocorreu em julho de 2018, da mesma linha da realizada hoje, tendo sido emitidos 300 milhões de euros com um juro de 2,257%.

Esta descida adicional nos custos de financiamento de Portugal reflete o comportamento recente no mercado de dívida soberana da Zona Euro, que tem assistido a uma descida das "yields" uma vez que os sinais de abrandamento da economia europeia devem travar a normalização da política monetária por parte do Banco Central Europeu. 

"Apesar de estarmos numa altura em que assistimos a um abrandamento económico que levou as taxas das dívidas soberanas na Europa cair face aos valores que estavam no final do ano, o IGCP acaba por tirar partido deste momento de mercado para emitir dívida com sucesso", refere Filipe Silva, do Banco Carregosa.


Além da taxa de juro ter sido a mais baixa de sempre, a procura subiu, o que demonstra o apetite dos investidores por dívida portuguesa. Na emissão a 10 anos a procura superou a oferta em 2,17 vezes, quando na emissão de novembro o rácio foi de 1,91 vezes. No leilão de títulos a 15 anos a procura superou a oferta em 2,29 vezes (2,79 vezes na emissão anterior).  

Ainda hoje o banco de investimento JPMorgan aconselhou os investidores a reforçarem as suas posições na dívida pública de Portugal, caso vendam títulos da dívida espanhola, considerando que a dívida portuguesa é um bom refúgio perante a incerteza política que se vive em Espanha. 

O plano de financiamento do IGCP para este ano prevê que Portugal emita 15,4 mil milhões em 2019, o que representa um aumento de 400 milhões de euros face ao que esperava emitir no ano passado. As emissões vão combinar "sindicatos e leilões, assegurando emissões mensais", explicou o organismo liderado por Cristina Casalinho no início de janeiro. Uma fatia relevante deste montante já foi angariado, com o IGCP a aproveitar o bom momento do mercado para realizar várias emissões.

(notícia atualizada às 12:00)

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