Notícia
Fecho dos mercados: Incerteza sobre o Brexit e acordo EUA/China deixam bolsas em queda e petróleo a descer 2,5%
As bolsas europeias caíram, as obrigações subiram e o petróleo chegou a descer mais de 3%, com os investidores receosos com a possibilidade de um Brexit sem acordo e com a falta de consistência do acordo entre os Estados Unidos e a China.
Os mercados em números
PSI-20 desceu 0,58% para 4.975,17 pontos
Stoxx 600 perdeu 0,49% para os 389,69 pontos
S&P500 ganha 0,01% para 2.970,56 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos desceram 2,7 pontos para 0,168%
Euro recua 0,16% para os 1,1024 dólares
Petróleo em Londres desvaloriza 2,50% para 59,00 dólares por barril
Brexit e incerteza sobre acordo EUA/China pressionam bolsas
As bolsas europeias encerraram em queda esta segunda-feira, 14 de outubro, penalizadas pelo pessimismo em torno de um acordo para o Brexit e pelo facto de o acordo parcial alcançado entre a China e os Estados Unidos não estar fechado nem assinado, podendo não passar de uma série de compromissos vazios.
A expectativa em torno de um entendimento levou o Stoxx600 a subir mais de 2% na sexta-feira, mas o anúncio de um acordo comercial parcial entre as duas partes, ao final do dia, não foi suficiente para convencer o mercado. Isto porque o acordo alcançado - que implica um aumento das compras de bens agrícolas dos Estados Unidos, por parte da China, e a suspensão do agravamento das tarifas sobre a China previsto para outubro, por parte dos Estados Unidos – ainda não foi assinado, e a sua assinatura só está prevista para novembro, no Chile.
Segundo indicou hoje o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, vão prosseguir os contactos telefónicos entre as duas partes, esta semana, mas se não for fechado um acordo, os Estados Unidos avançam com os agravamentos previsto para dezembro.
Assim, o acordo parcial anunciado na sexta-feira dá poucas garantias de um entendimento consistente, e contribuiu para o pessimismo dos investidores. Ao mesmo tempo, são cada vez menores as expectativas de um acordo entre o Reino Unido e a União europeia sobre o Brexit até à cimeira europeia que começa na quinta-feira, o que poderá inviabilizar uma saída ordenada até ao final do mês.
O índice de referência para a Europa, o Stoxx600, perdeu 0,49% para os 389,69 pontos, enquanto na bolsa nacional, o PSI-20 deslizou 0,58% para 4.975,17 pontos penalizado sobretudo pelas papeleiras e pelo BCP.
Cautela leva investidores para as obrigações
A incerteza em torno do Brexit e do acordo entre a China e os Estados Unidos está a gerar cautela nos investidores e a levá-los de volta para os ativos de renda fixa, depois do sell-off de sexta-feira que elevou os custos de financiamento dos países do euro para máximos de dois meses e meio.
Esta segunda-feira, os juros da dívida portuguesa a dez anos recuaram 2,7 pontos para 0,168%, enquanto os de Itália desceram os mesmos 2,7 pontos para 0,909%. Na Alemanha a yield a dez anos recuou 1,3 pontos para -0,459%.
Libra cai mais de 0,5% com dúvidas sobre o Brexit
Depois de duas sessões de fortes subidas, a libra volta a cair face ao dólar, penalizada pelas mais recentes declarações da Comissão Europeia sobre a evolução das negociações do Brexit.
Este domingo, Bruxelas informou que as propostas apresentadas pelo primeiro-ministro Boris Johnson não são suficientes para servir de base a um acordo e que ainda "há muito trabalho a fazer". Do lado de Londres, o chefe do Executivo terá mesmo informado os seus ministros que era preciso prepararem-se para uma saída a 31 de outubro.
As declarações de ambas as partes diminuíram a expectativa de um acordo até quinta-feira, dia em que se inicia a cimeira europeia dedicada ao Brexit, e em que os líderes europeias deveriam aprovar o entendimento alcançado com Londres sobre os termos da saída, que teriam depois de ser aprovados pelo parlamento britânico numa sessão extraordinária a 19 de outubro.
Nesta altura, a libra desce 0,62% para 1,2589 dólares.
Petróleo cai 2,5%
O petróleo está a registar uma forte queda nos mercados internacionais, depois de ter registado a maior subida em quase um mês, na sexta-feira, impulsionado pelo ataque a um petroleiro iraniano.
Esta segunda-feira, as dúvidas sobre o acordo entre a China e os Estados Unidos estão a contribuir para a correção, já que não estão dissipados os receios sobre os efeitos deste conflito no crescimento da economia global.
Nesta altura, o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, desce 2,49% para 53,34 dólares, enquanto em Londres, o Brent desvaloriza 2,5% para 59 dólares.
Ouro sobe pela primeira vez em três sessões
O ouro está a subir pela primeira vez em três sessões, depois de a China ter dito que serão necessárias mais conversações com os Estados Unidos antes da assinatura de qualquer acordo, reduzindo ainda mais as expectativas do mercado sobre um entendimento que ponha fim à guerra comercial.
Estas dúvidas estão a beneficiar os ativos de refúgio, como é o caso do metal dourado que avança 0,19% para 1.491,85 dólares.