Notícia
Fecho dos mercados: Europa sobe mais de 1% e recupera pela terceira sessão. Juros de Portugal e dos EUA em queda
As bolsas europeias subiram mais de 1%, recuperando pelo terceiro dia consecutivo. Já os juros da dívida portuguesa e da dívida norte-americana continuam a aliviar.
Os mercados em números
PSI-20 subiu 1,59% para 4.967,93 pontos
Stoxx 600 avançou 1,36% para os 386,3 pontos
S&P 500 valoriza 1,75% para os 3.056,21 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos aliviam 1,7 pontos base para 0,239%
Euro desce 0,41% para os 1,1127 dólares
Petróleo em Londres perde 0,81% para 51,43 dólares por barril
Bolsas europeias sobem mais de 1%
As bolsas europeias recuperaram pela terceira sessão consecutiva sendo que nos últimos dois dias o Stoxx 600 registou o "rally" mais expressivo desde junho de 2016, segundo a Bloomberg. O Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, valorizou 1,36% para os 386,3 pontos, após ter subido 1,37% na sessão de ontem. Os índices norte-americanos também seguem em alta dada a vitória do Joe Biden - nome que agrada aos mercados por oposição a Bernie Sanders, o outro principal candidato - na "superterça-feira" das primárias demoratas.
Os índices europeus continuam assim a recuperar das fortes perdas da semana passada - a maior queda semanal desde 2008 - provocadas pelo receio dos investidores face ao impacto económico do coronavírus. Os mercados confiam que haverá estímulos orçamentais e monetários, se for necessário, uma vez que os Governos e os bancos centrais apressaram-se a dizer que estão preparados para agir.
O passo mais expressivo foi dado pela Reserva Federal norte-americana que baixou de surpresa os juros diretores em 50 pontos base, algo que já não fazia desde a crise financeira de 2008/2009. Essa decisão aumentou a pressão para que outros bancos centrais tomem medidas, nomeadamente o Banco de Inglaterra e o Banco Central Europeu (BCE). Os analistas admitem que possa haver um aumento das compras mensais de ativos e/ou um reforço do financiamento barato à banca (TLTRO).
Além disso, os ministros das Finanças da União Europeia comprometeram-se a responder ao surto, se necessário, com medidas orçamentais. "Estamos a monitorizar a situação muito de perto e deixem-me assegurar-vos que nenhum esforço será poupado para conter a doença", disse Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, após a teleconferência de urgência marcada para esta quarta-feira, 4 de março. Uma promessa semelhante tinha sido feita pelo G7.
As subidas foram generalizadas na Europa, com destaque para o setor da "utilities", que é o único que valoriza no acumulado de 2020. As cotadas relacionadas com o setor do turismo ou do lazer continuam com um desempenho abaixo da média. Em Lisboa, o PSI-20 subiu 1,59% para 4.967,93 pontos, destacando-se pela subida expressiva face aos restantes índices europeus.
Juros portugueses em mínimos de outubro
Mesmo com a recuperação dos índices bolsistas, algumas obrigações soberanas estão a subir, como é o caso de Portugal. Assim, no mercado secundário, os juros portugueses associados às obrigações a dez anos estão a cair: -1,7 pontos base para os 0,239%, o valor mais baixo desde 31 de outubro.
Euro cede face ao dólar, mas pode descolar para máximos de um ano
Se o BCE não seguir os passos da Fed na adoção de uma política monetária ainda mais expansionista, há analistas a antecipar que o euro pode descolar e chegar a máximos de um ano face à divisa norte-americana.
Após ter valorizado nas três sessões anteriores, o euro segue hoje em baixa: perde 0,41% para os 1,1127 dólares, apesar de se manter perto de máximos de dois meses. Um analista em mercado cambial da Bloomberg admite que, com base nas opções existentes sobre o euro, a divisa possa chegar aos 1,15 dólares, o valor mais elevado desde janeiro de 2019.
A divisa que já está a beneficiar é o yuan. A moeda chinesa regista a maior subida (0,8%) desde junho na sequência da pressão que o corte da Fed exerceu sobre o dólar, beneficiando as divisas dos mercados emergentes.
Petróleo em ligeira baixa apesar de maior corte proposto pela Arábia Saudita
O "ouro negro" esteve a subir pela terceira sessão consecutiva após a Arábia Saudita ter pedido um corte mais profundo da produção do que a recomendação dada pelo comité técnico da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Contudo, o petróleo inverteu entretanto, negociando em ligeira baixa.
O Governo saudita quer uma redução superior a um milhão de barris por dia, acima dos 600 mil recomendados pelo comité técnico da OPEP. Esta proposta do principal produtor de petróleo do mundo será discutida na reunião desta quinta-feira e sexta-feira em Viena, na Áustria. O corte dos juros por parte da Fed também esteve a ajudar a impulsionar o barril na sessão de ontem. Recentemente, a Rússia deu o seu aval à redução da produção, mas não se sabe qual a dimensão do corte que está na cabeça de Vladimir Putin.
O WTI, negociado em Nova Iorque, desce 0,36% para os 47,01 dólares por barril, ao passo que o Brent, que é transacionado em Londres e que serve de referência para as importações portuguesas, desvaloriza 0,81% para 51,43 dólares por barril.
Após brilhar, ouro não mexe
Na sessão de ontem, o ouro registou a maior subida diária desde junho de 2016 ao valorizar mais de 3%, após o corte surpresa da Fed ter levado os investidores para os ativos de refúgio em vez de para os ativos de risco. Contudo, na sessão de hoje, os investidores "regressaram" ao risco e o metal precioso está praticamente inalterado: o ouro soma 0,08% para os 1.642,23 dólares por onça.