Notícia
Abertura dos mercados: Tensão comercial intensifica-se e bolsas acentuam queda. Juros de Portugal atingem novo mínimo
A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China está a intensificar-se, com as declarações de ambas as partes a apontarem para um conflito prolongado. Os investidores estão a sair das ações e do petróleo, refugiando-se na dívida soberana e no dólar.
Os mercados em números
PSI-20 recua 0,66% para 5.074,18 pontos
Stoxx 600 desce 0,87% para 375,90 pontos
Nikkei desvalorizou 0,62% para 21.151,14 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos descem 1,3 pontos base para 1,007%
Euro recua 0,11% para 1,1138 dólares
Petróleo em Londres desce 0,73% para 70,47 dólares o barril
Bolsas acentuam queda
Os mercados acionistas continuam a evoluir ao ritmo das expectativas sobre o conflito comercial entre os Estados Unidos e a China e as notícias desta quinta-feira não são positivas. As declarações dos responsáveis de ambas as partes estão a contribuir para agravar o pessimismo dos analistas e investidores sobre os efeitos da guerra comercial no crescimento económico.
Se antes os analistas colocam o cenário de conflito comercial total como um cenário de risco, agora já são muitos os que estimam ser este o cenário central. É o caso do Goldman Sachs, que elevou a probabilidade de um conflito comercial de larga escala entre os dois países e o Nomura, que está agora a antecipar uma escalada nas tarifas entre as duas economias.
Este pessimismo está a reforçar a fuga dos investidores dos ativos mais arriscados, como é o mercado acionista. O Stoxx600 desce 0,87% para 375,90 pontos, numa altura em que vários índices europeus marcam perdas já acima de 1%.
A desaceleração económica e a incerteza relacionada com o Brexit continuam a pesar nas bolsas europeias. "A realização das eleições europeias no domingo poderá dissipar alguma incerteza entre os investidores e redimensionar os seus receios", antecipam os analistas do BPI no diário de bolsa.
Em Lisboa o PSI-20 segue o desempenho negativo dos congéneres, com uma queda de 0,66% para 5.074,18 pontos, na segunda sessão seguida em queda.
Juros de Portugal mais perto de 1%
A dívida soberana europeia tem sido um dos ativos de eleição para os investidores procurarem abrigo da turbulência nos mercados, o que beneficia as obrigações portuguesas. A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos está a recuar 1,3 pontos base para 1,007%, a que corresponde um novo mínimo histórico e cada vez mais próximo de quebrar a importante barreira de 1%.
O juro das bunds a 10 anos desce 1,2 pontos base para -0,1%, numa altura em que as taxas da dívida de diversos países também estão a atingir mínimos. Os investidores ficarão esta quinta-feira a conhecer os relatos relativos à ultima reunião da autoridade monetária europeia, realizada em abril, que deverão reforçar os sinais que o Banco Central Europeu vai manter uma política monetária acomodatícia, o que beneficia a dívida pública.
Guerra comercial beneficia dólar e libra em queda livre
No mercado cambial a moeda norte-americana tem sido a grande vencedora do conflito comercial, com os investidores a reforçarem a aposta no dólar como ativo de refúgio. O índice da moeda norte-americana valoriza 0,2%, estando o euro a desvalorizar 0,11% para 1,1138 dólares, um mínimo de quatro semanas.
A moeda norte-americana está também a beneficiar com as minutas da Reserva Federal reveladas ontem, pois o banco central afastou um corte de juros e reiterou a abordagem paciente que a Fed pretende continuar a aplicar "durante algum tempo" na sua política monetária.
Já a libra está a perder terreno devido às notícias de forte turbulência no governo de Theresa May, que está pressionada a demitir-se nos próximos dias. A moeda britânica desce 0,39% para 1,2615 dólares e nas últimas dez sessões apenas subiu numa delas.
Stocks pressionam petróleo
O petróleo está a ser pressionado pelos receios com o abrandamento económico em resultado da guerra comercial, mas também dos stocks dos Estados Unidos, que aumentaram na semana passada, sinalizado um potencial excesso de oferta no mercado e/ou descida da procura.
O Brent em Londres desce 0,73% para 70,47 dólares e o WTI em Nova Iorque recua 0,67% para 61,01 dólares.
Ouro recupera de perdas
O ouro, que também é um ativo de refúgio, tem sido penalizado nas últimas sessões pela alta do dólar. Mas hoje o metal precioso está a recuperar, com uma subida de 0,1% para 1.2764,63 dólares a onça.