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Abertura dos mercados: Europa cede com olhos postos no Brexit. Euro em mínimo de mais de dois anos
A Europa abandona o otimismo de três sessões, numa altura em que o futuro do Brexit se embrulha em incertezas. Os juros da dívida do Reino Unido dão, contudo, sinais de alívio.
Os mercados em números
PSI-20 cede 0,36% para os 4.904 pontos
Stoxx600 desvaloriza 0,54% para os 378,63 pontos
Nikkei subiu 0,02% para os 20.625,16 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos aliviam 2,9 pontos base para os 0,098%
Euro recua 0,25% para os 1,0943 dólares
Petróleo em Londres cai 0,87% para os 58,15 dólares
Europa volta às perdas, Londres tenta escapar
As principais praças europeias abriram em queda, uma tendência patente na desvalorização de 0,54% para os 378,63 pontos que mostra o índice de referência, o Stoxx600. Londres destaca-se ao oscilar em torno da linha de água e registando mesmo subidas ligeiras que rondam os 0,03%.
Na Europa, Londres é um dos maiores focos de preocupação, numa altura em que é incerto se a data para o Brexit será, ou não, mais uma vez adiada – uma possibilidade que ainda alimenta as esperanças dos investidores de que se alargue a margem temporal para que exista uma saída com acordo. Esta terça-feira vai ser votada legislação para decidir acerca do possível adiamento. O primeiro-ministro, Boris Johnson, disse que não pretende convocar eleições antecipadas, mas estas poderão realizar-se já a 14 de outubro caso ganhe o voto para o atrasar o Brexit.
Em Lisboa, os pesos pesados Jerónimo Martins, BCP e Galp colocam-se do lado das perdas, com quedas superiores a 0,5%, pressionando o índice nacional. O PSI-20 cede 0,36% para os 4.904 pontos.
Juros do Reino Unido em mínimos históricos
As obrigações a dez anos do Reino Unido seguem com uma quebra de 6,9 pontos base para os 0,343%, tendo já atingido novos mínimos históricos durante a sessão. Isto, depois de um recuo de ordem semelhante na sessão anterior. Os investidores depositam as esperanças na votação desta terça-feira, que poderá permitir um adiamento do Brexit e consequentemente dar mais tempo para negociar uma saída ordeira da União Europeia.
Os juros portugueses seguem a mesma tendência e aliviam 2,9 pontos base para os 0,098%. Na Alemanha o alívio já se mantém há três sessões e hoje é de 3,7 pontos base para -0,741%.
Euro em mínimo de mais de 2 anos
A moeda única europeia cede 0,25% para os 1,0943 dólares, prolongando um ciclo de quebras que se mantém há seis sessões consecutivas. Esta é a terceira sessão em que o euro segue a cotar abaixo da fasquia dos 1,10 dólares, um valor de referência, posicionando-se agora num mínimo de 15 de maio de 2017. A divida norte-americana tem ganho força com a incerteza decorrente da disputa comercial entre Estados Unidos e China, beneficiando do estatuto de ativo refúgio.
Também a "furar" patamares de referência está a libra, que desvaloriza pela quinta sessão para os 1,1960 dólares, quebrando a "barreira" dos 1,20 dólares. A moeda britânica chegou a cair 0,89% para os 1,1059 dólares, um mínimo de julho de 2016, perto da data em que foi realizado o referendo que ditou o Brexit, o qual remonta a junho do mesmo ano.
Petróleo no vermelho
O barril de Brent, negociado em Londres e referência para a Europa, cai 0,87% para os 58,15 dólares. A matéria-prima recua pela sessão, numa altura em que a falta de desenvolvimentos na guerra comercial entre Estados Unidos e China continua a ameaçar a procura pelo "ouro negro" e, paralelamente, a oferta deu sinais de aumento. O cartel dos maiores exportadores, a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo - registou um aumento da produção pela primeira vez desde o início do ano.
Níquel em rally com Indonésia a travar exportações
O níquel chegou a valorizar 3,6% para os 18.710 dólares por tonelada na London Metal Exchange. Esta foi a sexta subida consecutiva deste metal, que já soma uma valorização de mais de 70% desde o início do ano. O níquel tem beneficiado do facto da Indonésia, o maior fornecedor, ter banido as exportações, o que poderá resultar num défice a nível global de mais de 100.000 toneladas em 2020, segundo a Beijing Antaike Information, citada pela Bloomberg.