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Volatilidade gera milhares de milhões de dólares às empresas de trading de petróleo

Para as petrolíferas europeias, a expansão das unidades de trading ajudará a Shell, BP e Total a enfrentarem um ano difícil noutros segmentos dos seus negócios.

Bloomberg
01 de Fevereiro de 2020 às 18:00
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As maiores empresas mundiais de trading de energia tiveram um dos melhores anos de todos os tempos em 2019, perante um panorama de paragens da atividade nos oleodutos, drásticas mudanças regulatórias para os combustíveis navais e conflitos no Médio Oriente que abalaram o mercado global do petróleo.

 

A bonança não se fez sentir apenas junto das operadoras independentes, como a Vitol e a Trafigura, mas também junto de unidades internas de gigantes petrolíferas como a Royal Dutch Shell, Total e BP, que registraram milhares de milhões de dólares de lucros.

 

"No geral, 2019 foi um dos melhores anos para o setor de trading de energia", comentou Marco Dunand, CEO da Mercuria Energy, um das cinco maiores empresas independentes de trading na área do petróleo.

 

Para esse segmento, o ano de ganhos garante uma gorda temporada de bónus a um grupo de empresas que pertence, em grande parte, aos seus executivos de topo. Para as petrolíferas europeias, a expansão das unidades de trading ajudará a Shell, BP e Total a enfrentarem um ano difícil noutros segmentos dos seus negócios.

 

Em entrevistas com traders experientes e executivos de topo, o consenso é de que o setor beneficiou de um felix mix de fatores no mercado do petróleo. Os investimentos recentes no comércio de gás natural, eletricidade e gás natural liquefeito também começaram a dar frutos.

 

Os resultados trazem algum alívio a um setor desafiado pela queda das margens. O Brent do Mar do Norte, a referência global mais importante, negociou num intervalo relativamente estreito entre os 52,51 e os 75,60 dólares por barril ao longo do ano.

 

A Vitol, Glencore, Shell, BP e Total não quiseram comentar os resultados.

 

A tendência já era clara nos resultados da Trafigura, que divulga as contas antes de outras empresas do setor devido ao facto de o seu ano fiscal terminar em setembro. Segundo a empresa, a sua unidade de petróleo registou um lucro bruto recorde de 1,7 mil milhões de dólares em 2019.

 

Os balanços

 

Há muitos outros executivos de outras empresas que também esperam um ano positivo, apesar de ainda não terem auditado as suas demonstrações financeiras nem terem decidido eventuais provisões.

 

A unidade de trading de petróleo da Glencore, por exemplo, obteve o melhor resultado de todos os tempos, segundo fontes conhecedoras das contas. Uma das fontes refere que a Glencore espera divulgar um lucro antes de juros e impostos superior a mil milhões de dólares só com trading de petróleo.

 

A Vitol, maior operadora independente de petróleo do mundo, espera divulgar ganhos próximos de dois mil milhões de dólares, um dos melhores resultados já registados pela empresa, de acordo com outra fonte. A Mercuria também teve um "ano muito bom", disse o presidente da empresa.

 

No campo das gigantes, 2019 foi um dos melhores anos de todos os tempos para a BP e Shell no domínio do trading de petróleo, gerando vários milhares de milhões de dólares, apontam ainda outras fontes. Só a Shell lucrou pelo menos mil milhões de dólares no trading de fuelóleo associado às mudanças regulatórias para reduzir a poluição causada pelos navios.

 

Assim, esperam-se bons resultados, mesmo com as crescentes pressões judiciais e regulatórias em algumas das maiores empresas de trading. A Glencore está sob investigação do Departamento de Justiça dos EUA. A Vitol e a Trafigura viram os seus escritórios em Genebra investigados por promotores suíços no âmbito de uma investigação de suborno no Brasil.

 

(Texto original: Oil Traders Made Billions in 2019 as Conflict Shook the Market)

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