Após os ataques deste fim de semana de Israel contra alvos militares no Irão, o petróleo arrancou a semana a negociar com perdas nos mercados internacionais, que chegaram aos 6%. Os "ataques de precisão" israelitas pouparam os pontos estratégicos de produção de petróleo no Irão, aliviando assim os receios que tinham levado anteriormente a uma subida do preço do crude.

Pouco depois da abertura dos mercados, o preço do barril de Brent do Mar do Norte, para entrega em dezembro e que serve de referência para os preços em Portugal, caiu para valores abaixo dos 72 dólares (cerca de 67 euros). Já o barril equivalente norte-americano, West Texas Intermediate, está a negociar em valores próximos dos 68 dólares (cerca de 63 euros), para entrega no mesmo mês.

O alívio nos preços do crude surge depois de Israel ter bombardeado o Irão com uma série de ataques aéreos na madrugada deste sábado, visando alvos militares em retaliação pelos mísseis balísticos disparados pelo Irão contra Israel no início deste mês. Pelo menos, duas pessoas morreram nesses ataques que atingiram bases militares nas províncias de Ilam, Khuzestan e Teerão, e há registo de danos materiais "limitados".

Esta foi a primeira vez que as forças armadas israelitas atacaram abertamente o Irão, que não estava debaixo de fogo inimigo desde os anos 1980. Porém, os ataques não atingiram nenhuma produção de petróleo iraniana, aliviando os receios de que levaram, na semana passada, a uma subida dos preços do crude nos mercados mundiais, temendo-se que Jerusalém respondesse a "meses de ataques contínuos" do Irão com um ataque à indústria petrolífera do Irão.

Além de infraestruturas petrolíferas, o ataque israelita procurou evitar também infraestruturas nucleares e civis, tal como tinha apelado o presidente norte-americano, Joe Biden. 

Os ataques com mísseis do Irão a Israel no dia 1 de outubro empurraram o preço do Brent para 80 dólares (cerca de 75 euros) por barril. Ainda assim, os preços do petróleo estão quase 20 dólares (15 euros) abaixo do registado na primeira sessão dos mercados após o ataque de 7 de outubro de 2023, que deu início à atual contenda entre Israel e Gaza, na qual o Irão apoia os palestianos. Isso deve-se sobretudo à fraca procura chinesa e às expectativas de excesso de oferta no início do ano, o que tem pressionado os preços do chamado "ouro negro". 

O Irão é um dos maiores produtos de petróleo do mundo. Grande parte da riqueza e desenvolvimento económico dessa República Islâmica deve-se às receitas provenientes da exportação deste "ouro negro". Além do petróleo, o gás é também uma grande fonte de rendimentos do Irão.