Notícia
Petróleo consegue interromper ciclo de quedas trimestrais
O Brent e o West Texas Intermediate conseguiram recuperar valor no primeiro trimestre, beneficiando das expectativas sobre um acordo para se congelar a produção.
O preço do petróleo recuperou nos primeiro três meses do ano, impulsionado pelas expectativas de que haja um acordo entre a Rússia e alguns países da Organização de países Exportadores de Petróleo (OPEP) para congelar a produção. O Brent encerra o trimestre com uma valorização de 6% para 39,52 dólares e o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, ganha 3,78% para 38,44 dólares.
Mas a evolução dos preços esteve longe de ser linear. Após perdas de cerca de 20% tanto no terceiro como no quarto trimestre de 2015, as primeiras semanas do ano foram marcadas por novas quedas a pique do ouro negro. O Brent chegou a cair para 27,88 dólares a 20 de Janeiro e o WTI atingiu um mínimo de 26,21 dólares a 11 de Fevereiro. Os preços estavam a ser penalizados pela oferta existente e pelas expectativas de que a procura não fosse suficiente para absorver a produção e os inventários elevados.
No entanto, desde aqueles mínimos, o Brent recupera mais de 40% e o WTI valoriza 47%. Isto depois de, a meio de Fevereiro, a Rússia e a Arábia Saudita terem mostrado disponibilidade para negociar um congelamento da produção, o que, a par da menor aversão ao risco nos mercados globais, ajudou os preços a saírem de mínimos. Mas os analistas continuam a duvidar que haja condições para que o petróleo continue a subir. Isto porque se continua a verificar um desequilíbrio entre a oferta e a procura. Nos EUA, por exemplo, as reservas de petróleo estão em máximos de oito décadas.
"Não antevemos um caminho sustentável para os preços para além de um intervalo de entre 55 e 60 dólares por barril até os inventários globais regressarem para perto de níveis normais", referiram os analistas do RBC Capital Markets, numa nota a investidores. Esperam que "esse caminho em direcção ao equilíbrio do mercado seja longo. Na nossa perspectiva levará dois anos a materializar-se". Para este banco de investimento, quando se encontrar esse equilíbrio, o petróleo deverá negociar entre 60 a 70 dólares por barril.
Nesse caminho da recuperação dos preços, que se avizinha longo, a próxima data em destaque na agenda do mercado será 17 de Abril, altura em que a Rússia e alguns países da OPEP se reunirão em Doha para discutir um possível congelamento da produção. Carsten Fischer, analista do Commerzbank, alertou, citado pela Reuters, que "existe um claro risco de desapontamento e de um recuo temporário dos preços antes ou imediatamente depois da reunião de Doha".