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Petróleo sobe mais de 1% com flexibilidade da OPEP+ para ajustar rapidamente produção

Os intervenientes de mercado estavam à espera, na sua maioria, que a OPEP+ adiassse a colocação de mais crude no mercado devido aos receios de que a nova variante de covid penalize a procura por combustíveis. Apesar de o cartel e os aliados terem decidido, afinal, manter o plano de continuar a abrir as suas torneiras, o facto de rapidamente poderem ajustar as quotas de produção deu alento aos preços.

Riade diz não ter pressa em recuperar o milhão de barris/dia de corte adicional da sua quota de produção.
Karim Sahib/AFP
02 de Dezembro de 2021 às 17:55
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Os preços do "ouro negro" seguem em terreno positivo - isto depois de já terem estado a cair mais de 4% assim que se soube que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) deveriam manter o plano, o que foi depois confirmado, de aumentar a oferta de crude em 400.000 barris por dia no mês de janeiro.

 

Os intervenientes de mercado estavam à espera, na sua maioria, que a OPEP+ adiasse a colocação de mais crude no mercado devido aos receios de que a nova variante de covid identificada na África do Sul endureça ainda mais as restrições à circulação e penalize a procura por combustíveis.

 

Além disso, o facto de seis países – Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Índia e Reino Unido – irem recorrer às suas reservas estratégicas de petróleo para tentarem travar a subida de preços também poderia pesar na decisão, mas o cartel e os seus parceiros decidiram manter-se fieis ao plano mensal que vigora desde agosto e que passa por abrir as torneiras, todos os meses, com mais 400.000 barris de crude diários a entrarem no mercado.

 

O que fez com que os preços invertessem e estejam agora em alta foi o facto de a OPEP+ ter tornado bem claro que poderá ajustar a sua produção rapidamente se a pandemia alterar drasticamente o cenário da procura.

 

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em janeiro segue a somar 1,37% para 66,47 dólares por barril. Já o contrato de janeiro do Brent do Mar do Norte, negociado em Londres e referência para as importações europeias, avança 1,22% para 69,71 dólares.

 

Os preços do petróleo já caíram mais de 20% desde os máximos de finais de outubro, o que significa que estão em mercado urso (“bear market”). No entanto, há quem considere que este mergulho das cotações foi excessivo e que será rapidamente revertido.

“Embora o fluxo de notícias relacionadas com a pandemia deva prosseguir de forma abundante, estimamos que a variante ómicron venha a ter um impacto similar ao da variante Delta no nosso cenário de base. Por isso, consideramos que em 2022 haverá uma maior procura por petróleo e que os preços subirão”, sublinhou Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, numa análise a que o Negócios teve acesso.

Staunovo salientou também a importância de a OPEP+ ter dito que ajustará a sua política de produção se os fundamentais do mercado petrolífero se alterarem. O banco suíço aponta para que os preços do Brent se mantenham em torno dos 85 dólares por barril ao longo do próximo ano.

Os analistas do Goldman Sachs, por seu lado, consideram que os preços do petróleo ultrapassaram em muito o impacto da nova variante da covid, antevendo por isso uma subida das cotações. Também o Bank of America partilha dessa opinião e os seus analistas continuam a estimar um preço médio de 85 dólares por barril em 2022, com possíveis escaladas acima dos 100 dólares se as viagens aéreas retomarem, enquanto o JPMorgan vê as cotações a chegarem até aos 150 dólares, em 2023.

Contudo, um agravamento da pandemia poderá mudar o cenário. “O surgimento da nova variante de covid-19 está a gerar incerteza sobre os níveis de procura de petróleo para os próximos meses, um cenário que limita o espaço para novos ganhos no preço do petróleo”, destacou Ricardo Evangelista, analista sénior e diretor executivo da ActivTrades Europe SA, na sua análise diária.

Mas, por enquanto, tudo está em aberto. Craig Erlam, analista da Oanda, referia hoje no seu “research” que não era provável que a OPEP+ retaliasse contra a ida às reservas estratégicas por parte de alguns países e que não havia ainda informação suficiente sobre a ómicron que justificasse uma decisão irrefletida do cartel e seus aliados.

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