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Petróleo em máximos de novembro com foco na OPEP+ e Gaza

O mercado tem estado a antecipar que os membros da OPEP+ irão prolongar os cortes voluntários da produção durante o próximo trimestre, o que está a dar força aos preços. E a instabilidade na Faixa de Gaza também está a ter o seu papel.

Reuters
Carla Pedro cpedro@negocios.pt 01 de Março de 2024 às 17:49

As cotações do "ouro negro" seguem a ganhar terreno nos princpais mercados internacionais, numa altura em que os investidores esperam por uma decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) relativamente aos níveis de produção de abril e dos meses seguintes.

 

Também as tensões em Gaza continuam a impulsionar os preços, dado o receio de que o aumento de instabilidade perturbe o fornecimento da matéria-prima caso o conflito se alargue a mais regiões do Médio Oriente.

 

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, segue a somar 3,11% para 80,69 dólares por barril, níveis que não atingia desde inícios de novembro passado.

 

Por seu lado, o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, avança 2,64% para 84,07 dólares – também em máximos de novembro.

 

O mercado tem estado a antecipar que os membros da OPEP+ irão prolongar os cortes voluntários da produção durante o próximo trimestre, o que está a dar força aos preços. O cartel tem ainda de divulgar a data da reunião para debaterem os próximos níveis de oferta, mas deverá ser em breve, já que o mês de abril se aproxima.

 

A OPEP+ terá de determinar se estende os atuais cortes voluntários ou se os reforça – ou se (embora menos provável) começa a colocar mais crude no mercado. A maioria dos observadores do setor pende para a primeira opção, argumentando que a OPEP+ só tem como caminho manter os atuais níveis de produção se quiser continuar a impedir que os preços caiam, sublinha a plataforma Oil Price.

 

"Se a OPEP+ mantiver as reduções voluntárias da produção até ao final do ano, isso será um forte sinal para o mercado e deverá ser visto como positivo para os preços, porque dessa forma o mercado petrolífero manter-se-á apertado", refere Carsten Fritsch, estratega de "commodities" do Commerzbank, numa nota de "research". "Se essa extensão dos cortes voluntários for definida apenas para o segundo trimestre, não deverá impulsionar grandemente os preços pelo facto de o mercado já estar a contar com isso", acrescenta.

 

Recorde-se que a OPEP+ tem atualmente em vigor um corte global da oferta de 2,2 milhões de barris por dia. Este volume de redução foi definido em agosto de 2022 e renovado para o conjunto de 2023, prevendo-se que continue a ser reiterado este ano. Além disso, tem sido continuamente confirmada, desde há um ano, uma redução suplementar: um milhão de barris por dia por parte da Arábia Saudita e 500 mil barris diários à conta da Rússia. Assim, com o corte adicional de 1,5 milhões de barris diários que está em vigor devido às reduções unilaterais de Riade e Moscovo, a retirada total de crude do mercado está atualmente nos 3,7 milhões.

 

Acontece que a OPEP+ tem um equilíbrio delicado para gerir. É que os preços na casa dos 80 dólares são atrativos para os produtores norte-americanos, que estão assim a "bombar ao máximo", o que "deixa a OPEP+ contrariada, já que está a ver o seu almoço a ser comido pelo ‘shale’ [petróleo extraído a partir das rochas de xisto betuminoso] dos Estados Unidos", comentou Manish Raj – administrador executivo da Velandera Energy Partners – ao MarketWatch.

 

"A OPEP+ deu consigo num buraco que está a ficar mais profundo à medida que aumenta a produção de ‘shale oil’ nos EUA", afirmou Raj. Ainda assim, sublinhou, "a OPEP+ não tem outra opção que não seja estender os seus cortes da oferta, o que abre ainda mais espaço ao ‘shale’ norte-americano". Ou seja, é uma "pescadinha de rabo na boca".

 

Por outro lado, a instabilidade no Médio Oriente também tem estado a sustentar os preços do "ouro negro". Na quinta-feira, as autoridades de Gaza anunciaram a morte de mais de 100 civis palestinianos, que dizem ter sido atacados pelas tropas israelitas quando procuravam obter mantimentos junto de camiões com ajuda alimentar. O conflito militar de Israel em Gaza, na tentativa de eliminar o Hamas depois dos ataques de 7 de outubro por parte do grupo terrorista em solo israelita, tem provocado receios de uma extensão a outros países do Médio Oriente e este ataque deixa mais longe a expectativa de um cessar-fogo.

 

Os rebeldes houthis do Iémen (apoiados pelo Irão) têm vindo - em retaliação contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza – a atacar embarcações (nomeadamente petroleiros) que passam no Mar Vermelho, o que as obriga a novas rotas que não contemplem o Canal do Suez – tornando as viagens mais caras e demoradas.

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