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OPEP+ mantém corte de oferta. Mas reitera que pode começar a abrir as torneiras a partir de outubro

A OPEP+, que reúne atualmente 22 países, tem vindo há já alguns anos a proceder à retirada de crude do mercado para conseguir sustentar os preços

Mesmo que o corte de oferta adicional não impulsione os preços, pelo menos deve travar a queda, acredita a OPEP+.
Dado Ruvic/Reuters
01 de Agosto de 2024 às 16:43
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Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) decidiram hoje manter os atuais cortes da oferta, ao mesmo tempo que reiteraram que pretendem começar a recolocar mais algum crude no mercado a partir de outubro.

 

Esta decisão de começarem a abrir as torneiras foi anunciada em junho e levou, nessa altura, a uma queda imediata dos preços nos mercados internacionais, mas a OPEP+ apressou-se a explicar – e agora voltou a fazê-lo – que essa entrada de mais matéria-prima no mercado pode ser suspensa ou revertida a qualquer momento se houver necessidade disso.

 

Os principais ministros da Energia do cartel e dos seus parceiros (liderados pela Rússia) realizaram nesta quinta-feira uma reunião online do Comité Ministerial Conjunto de Monitorização (JMMC, na sigla em inglês) e decidiram, assim, deixar inalterada a sua política de produção.

 

O que ficou acordado em junho, e que foi agora reiterado, é que a OPEP+ começará em outubro a abandonar faseadamente a política de corte da oferta – mais precisamente o acordo de redução de 2,2 milhões de barris por da – entre outubro de 2024 e setembro de 2025. Além disso, o grupo concordou também em prosseguir com um acordo mais antigo de corte de 3,66 milhões de barris por dia até ao final de 2025.  

 

Os preços do petróleo negoceiam atualmente em Londres abaixo dos 82 dólares por barril, quando em abril chegaram a estar a negociar acima dos 92 dólares (valores mais altos deste ano). A contribuir para as quedas têm estado os receios em torno da solidez da procura.

 

O que decidiu a OPEP+ em junho?

 

A OPEP+, que reúne 22 países, tem vindo há já alguns anos a proceder à retirada de crude do mercado para conseguir sustentar os preços – uma decisão que nem sempre tem gerado consenso entre os seus membros, já que alguns exigem poder aumentar a sua produção para obterem mais receitas. O seu atual tecto de produção conjunta está fixado em 39,72 milhões de barris por dia, o que corresponde a cerca de 40% da produção mundial de crude.

 

Para se perceber melhor o que está atualmente definido, importa dividir em três partes.

Na reunião de junho, o cartel e os seus aliados (onde se destaca a Rússia) anunciaram a manutenção do corte conjunto da oferta na ordem dos 3,66 milhões de barris/dia até ao final de 2025. Este volume de redução foi definido em 2022 e 2023 na tentativa de travar a menor procura (também decorrente da pandemia e da invasão da Ucrânia – que reforçou as pressões inflacionistas e levou os bancos centrais a subirem os juros diretores), tendo sido decidido no ano passado que iria vigorar também ao longo deste ano. E agora vai até ao final de 2025.

 

Mas há mais. Em novembro passado foi anunciado um corte adicional e voluntário de 2,2 milhões de barris por dia por parte de oito membros da OPEP+. Era suposto ser muito temporário e terminar neste mês de junho, mas foi agora decidido que irá vigorar até setembro deste ano, para depois começar a ser gradualmente abandonado a partir de outubro, numa base mensal, até setembro de 2025.

 

Estes dois cortes de oferta ascendem aos 5,86 milhões de barris por dia que têm sido amplamente referidos, correspondendo a uma redução total de 5,7% da procura mundial. Contudo, há ainda outro: em abril de 2023 foi anunciado (pelos mesmos oito países) mais um corte voluntário, de 1,65 milhões de barris por dia, que deveria vigorar até ao final deste ano – mas na reunião de junho passado foi anunciado que se estenderá também até ao fim de 2025.

 

Os oito países que estão a levar a cabo estes cortes voluntários – a que se juntam as reduções que todos eles aceitaram no âmbito do acordo geral da OPEP+ – são a Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Koweit, Cazaquistão, Argélia e Omã.

 

Apesar de o volume total de retirada de crude ser considerável, o facto de dois destes acordos serem voluntários não traz grande confiança ao mercado – já que a qualquer momento os países podem decidir voltar a produzir mais.

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