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OPEP+ adia aumento da oferta para analisar Fed, EUA e China
O cartel e os seus aliados vão começar a colocar mais crude no mercado apenas a partir de janeiro, porque querem ter cenários mais claros antes de avançarem.
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) voltaram a adiar uma maior abertura das suas torneiras. O plano inicial passava por começarem a colocar mais crude no mercado a partir de outubro, mas, perante a queda dos preços da matéria-prima, a OPEP+ decidiu, na sua reunião de 5 de setembro, adiar por dois meses esse plano. Agora, no encontro dos responsáveis do cartel que teve lugar este domingo, voltou a haver um adiamento: em vez de dezembro, essa entrada gradual de petróleo no mercado terá início em janeiro. Mas porquê?
Há várias justificações. “Na próxima reunião ministerial da OPEP+, a 1 de dezembro, o grupo terá uma maior clareza quanto ao impacto dos cortes de juros pela Reserva Federal norte-americana, bem como dos resultados das eleições nos EUA e da flexibilização da política monetária e orçamental na China”, sublinha Giovanni Staunovo, estratega de “commodities” do UBS, numa nota de análise a que o Negócios teve acesso.
“O planeado aumento da oferta da OPEP+ é também um sinal enviado aos produtores norte-americanos de ‘shale’ [petróleo extraído das rochas betuminosas], já que isto deve manter a prudência das empresas do setor nas suas decisões de produção e investimento para 2025”, acrescenta o responsável do banco suíço.
Para se perceber melhor o contexto, há que lembrar que a OPEP+ tem atualmente em vigor dois acordos de retirada de crude do mercado, que ascendem no total a 5,86 milhões de barris diários – e que correspondem a 5,7% da procura mundial.
A abertura gradual de torneiras a partir de dezembro (com a entrada de mais 180 mil barris diários a cada novo mês) incidia sobre o acordo voluntário de redução de 2,2 milhões de barris por dia da oferta por parte de oito membros da OPEP+: Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Koweit, Cazaquistão, Argélia e Omã. O outro acordo, que abarca todos os membros e não é de base voluntária, é de 3,86 milhões barris por dia e irá manter-se em vigor pelo menos até ao final de 2025.