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Onda de frio no Texas abala mercado global do petróleo

O que começou por ser um problema energético nalguns estados norte-americanos está a atingir agora o mercado mundial do petróleo.

Os preços do crude em níveis inviáveis para o custo do “fracking”, os cortes de “rating”, o elevado endividamento e o crescimento das energias mais limpas pressionaram o setor do petróleo de xisto.
Christian Hartmann/Reuters
18 de Fevereiro de 2021 às 19:00
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Mais de quatro milhões de barris diários – quase 40% da produção de petróleo dos Estados Unidos – deixaram de ser produzidos, segundo operadores e executivos. A produção de um dos maiores centros de refinação de petróleo do mundo regista uma forte queda. As hidrovias que ajudam a transportar o petróleo dos EUA para o resto do mundo ficaram bloqueadas durante grande parte da semana.

 

"O mercado está a subestimar a quantidade de produção de petróleo perdida no Texas devido ao mau tempo", sublinha Ben Luckock, codiretor de negociação de petróleo na gigante de commodities Trafigura.

 

O Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres, chegou a superar os 65 dólares por barril esta quinta-feira, o maior nível desde janeiro do ano passado. Os diferenciais que indicam uma redução da oferta também dispararam. Há 10 meses, o preço tinha caído para um patamar abaixo dos 16 dólares devido ao choque da procura provocado pela covid-19.

 

No passado, as perturbações de produção relacionadas com as condições atmosféricas seriam em grande parte limitadas aos Estados Unidos. Agora, sem dúvida que se trata de um problema global. Os mercados petrolíferos na Europa estão a disparar, numa altura em que os operadores substituem as exportações perdidas dos EUA. E a OPEP e os seus aliados (o chamado grupo OPEP+) têm de decidir por quanto tempo manterão milhões de barris de produção fora do mercado.

 

As estimativas quanto à duração das quedas de produção devido aos nevões nos EUA foram ficando progressivamente mais longas nos últimos dias, à medida que os analistas tentam descortinar qual o tempo necessário para se descongelar as infraestruturas, especialmente em áreas onde as temperaturas muito baixas não são comuns.

 

Prolongamento das estimativas

 

No início, os traders e consultores esperavam que o impacto na produção dos EUA durasse entre dois e três dias. Agora, parece improvável que a produção recupere antes do fim de semana, e a retoma total pode levar semanas.

 

Isso significa que cada vez mais barris estão a ser retirados do mercado global. O Citigroup projecta uma queda da produção de 16 milhões de barris até ao início de março, mas as estimativas de alguns operadores apontam para quase o dobro. Vastas áreas de produção na Bacia do Permiano – o centro da produção de petróleo de xisto dos Estados Unidos – foram encerradas devido ao mau tempo.

 

O resultado tem sido o aumento do valor dos barris de petróleo noutras regiões do mundo. Esta semana, os operadores do Mar do Norte têm-se apressado a fazer ofertas pelos carregamentos da região para substituir a queda das exportações de petróleo dos EUA. Como os suprimentos da Europa ficaram mais caros, os clientes asiáticos têm comprado remessas do Médio Oriente, com prémios mais elevados.

 

E embora os futuros do petróleo estejam no mais alto nível em mais de um ano, ainda podem subir mais porque a perda de capacidade de refinação é igualmente alta. A maior refinaria do país foi fechada e pelo menos três milhões de barris por dia deixaram de ser processados. Os traders apressam-se a enviar milhões de barris de diesel do outro lado do Atlântico para os EUA, um potencial ganho para a abalada indústria de refinação da Europa.

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