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Mais uma vítima no "shale oil": Chesapeake pede proteção contra credores
Desde inícios do mês que se falava na iminência de um pedido de proteção contra credores por parte da norte-americana Chesapeake Energy. Esse pedido já foi feito, ao abrigo da lei de falências dos EUA.
A Chesapeake Energy avançou com um pedido de proteção contra credores, ao abrigo do capítulo 11 da lei de falências dos EUA, refere a Bloomberg.
No passado dia 4 de juho, o Financial Times já aludia a essa possibilidade, que entretanto era cada vez mais esperada e que agora se concretizou.
A Chesapeake, outrora uma todo-poderosa do setor do "shale oil" [petróleo extraído das rochas de xisto betuminoso] nos EUA, é assim mais uma empresa do setor a "cair", mas chama ainda mais a atenção pelo facto de ser uma das gigantes desta indústria.
A contribuir está o elevado nível de endividamento da empresa e a forte queda das suas ações em bolsa desde janeiro. E a derrocada nos preços do petróleo não ajudou.
A empresa, com sede Oklahoma City, tem uma dívida no valor de 9 mil milhões de dólares.
A Chesapeake foi uma das pontas de lança da revolução do "shale" há uma década nos EUA, lançando o país numa era de independência energética. Nessa altura, a Chesapeake estava avaliada em 37,5 mil milhões de dólares.
Esteve na frente da revolução do fraturamento hidráulico ("fracking" – injeção de um fluido a alta pressão, no subsolo para facilitar a extração destes hidrocarbonetos) – que transformou o setor do petróleo e do gás nos EUA ao conseguir chegar a reservas antes não aproveitadas.
No passado dia 13 de maio, a Chesapeake sofreu um corte na recomendação para as suas ações, por parte da CFRA Research, de "vender" para "vender convictamente". O preço-alvo, por sua vez, foi reduzido para zero dólares.
As empresas que operam nas rochas betuminosas foram duramente penalizadas pela crise da covid-19, que reduziu drasticamente o consumo de combustível e levou a uma forte queda dos preços do petróleo – que nos Estados Unidos chegaram a cair para valores negativos.
A agravar a situação, têm vindo a sofrer cortes na sua notação financeira por parte das agências de "rating", com a dívida de muitas delas já classificada como "lixo" – e com uma classificação de investimento especulativo têm mais dificuldades em obter empréstimos bancários.
Pelas dificuldades evidentes no "shale", várias operadoras do setor ficaram sem possibilidades de operar. No início de abril, a norte-americana Whiting Petroleum foi a primeira grande produtora independente do setor a sucumbir à queda dos preços do crude e a a pedir proteção contra credores.
No passado dia 25 de maio, os analistas da Rystad Energy estimavam, citados pelo Financial Times, que 250 empresas do petróleo de xisto nos EUA poderão estoirar até ao final do próximo ano, a menos que os preços do petróleo subam de forma suficientemente rápida para começarem a gerar dinheiro para os produtores endividados.