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AIE: É muito cedo para um obituário do "shale" nos EUA
Os preços do petróleo nos EUA recuperaram dos mínimos históricos atingidos em abril, impulsionados pela redução da oferta de uma série de produtores americanos e canadianos, bem como pela reabertura de economias fechadas pela pandemia de covid-19.
Apenas algumas semanas após as cotações do petróleo caírem abaixo de zero, o que levou produtores do Texas ao Dakota do Norte a fecharem poços, o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia alerta que é muito cedo para declarar o fim da indústria do ‘shale oil’ [petróleo extraído das rochas de xisto betuminoso] dos EUA.
Mas, embora haja sinais de recuperação do setor de gás de xisto, "levará muito tempo para chegar aos níveis que vimos antes da covid", disse Fatih Birol numa conferência Bloomberg Live Powering Forward: Crude Awakening.
Os preços do petróleo nos EUA recuperaram dos mínimos históricos atingidos em abril, para mais de 37 dólares por barril na quinta-feira, impulsionados pela redução da oferta de uma série de produtores americanos e canadianos, bem como pela reabertura de economias fechadas pela pandemia de covid-19. A produção de petróleo caiu cerca de 700 mil barris por dia desde o fim de abril e aproximadamente 1,7 milhão de barris por dia este ano, segundo dados dos Estados Unidos.
"O maior impacto (dos preços) está no xisto", sublinhou Birol. "É muito cedo para escrever o obituário do ‘shale’, porque, com o aumento dos preços, quando estes chegarem aos 40-45 dólares é bem possível que o petróleo de xisto recupere".
"A tecnologia está aí", disse. "O know-how está aí. A geologia está aí".
Retoma do petróleo
Os sinais preliminares de recuperação do setor do ‘shale’ são já evidentes. Em inícios de junho, a EOG Resources, maior produtora de xisto dos EUA, disse que planeia "acelerar" a produção no segundo semestre, enquanto a Parsley Energy, que atua na Bacia do Permiano [uma das sete grandes formações rochosas de xisto nos EUA], também está a reabrir poços apenas algumas semanas depois de fechar as torneiras.
A prossecução de uma subida dos preços poderá levar a que um milhão de barris por dia de petróleo regresse ao mercado em junho e julho, de acordo com Scott Sheffield, CEO da Pioneer Natural Resources. Além disso, os custos dos serviços, que já registam uma diminuição de cerca de 20%, podem cair mais 5% a 10% até 2021 se os preços do petróleo e o número de plataformas permanecerem nos níveis atuais.
"Não estamos a fazer poços melhores", explicou Sheffield. "Mas estamos a perfurar esses poços de forma mais barata".