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Governo aprova estratégia para o lítio em Portugal

As linhas aprovadas em Conselho de Ministros visam responder ao "aumento do interesse na atribuição de direitos de prospecção e pesquisa e de exploração de depósitos minerais de lítio".

Ivan Alvarado/Reuters
25 de Janeiro de 2018 às 15:43
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O Governo aprovou em Conselho de Ministros as "linhas de orientação estratégica quanto à valorização do potencial de minerais de lítio em Portugal".

A informação consta de um comunicado do Conselho de Ministros, emitido esta tarde, onde pouco mais informação é avançada sobre o assunto.

 

O executivo de António Costa diz que o objectivo passa por desenvolver "uma fileira e de economia circular, proceder ao seu reconhecimento geológico, à avaliação da oportunidade de instalação de unidades tecnológicas e de desenvolvimento de projectos de investigação orientados para a sua recuperação".

 

Acrescenta que esta resolução "vai, pois, ao encontro do aumento do interesse na atribuição de direitos de prospecção e pesquisa e de exploração de depósitos minerais de lítio, completando-a com uma abordagem de desenvolvimento integrado do aproveitamento deste minério, incluindo a sua recuperação, cujo forte aumento de procura tem sido impulsionado em especial pela sua utilização nas baterias de veículos eléctricos".

 

O ministro da Economia tinha revelado em Setembro passado que  o Governo estava a preparar um plano para a extracção do lítio que prevê a criação de uma indústria associada à sua exploração.

 

"O que estamos a fazer é a olhar para este recurso como um recurso importante e queremos alterar a forma como são dadas as concessões nesta área", salientou Caldeira Cabral na altura, sendo que o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, acrescentou que o objectivo do Governo é "criar riqueza, [...] mas fazê-lo com o melhor interesse para o Estado".

 

Mineral com potencial

 

Antes de aprovar estas "linhas de orientação estratégica", o Governo tinha constituído o Grupo de Trabalho "Lítio", que apresentou em Março do ano passado as suas conclusões e que apontavam para que as ocorrências de lítio detectadas em Portugal têm potencialidade também para uso na indústria de compostos de lítio para obter concentrados de minerais de lítio de alto teor, como os que são usados na construção de baterias para os automóveis eléctricos. De acordo com relatórios técnicos de cinco empresas, com direitos atribuídos de prospecção e pesquisa e de exploração, é possível estimar um total de quase 30 milhões de toneladas em recursos mineralizados de lítio no país.

Em Portugal, são nove as regiões identificadas com ocorrência de mineralizações de lítio, concentradas no centro e Norte do país: Serra de Arga, Barroso-Alvão, Seixoso-Vieiros, Almendra, Barca de Alva-Escalhão, Massueime, Guarda, Argemela e Segura. E, nestas, a DGEG definiu 11 "campos" correspondentes às zonas de potencial interesse das empresas (Arga, Sepeda-Barroso-Alvão, Covas do Barroso-Barroso-Alvão, Murça, Almendra, Penedono, Amarante Seixoso-Vieiros, Massueime, Gonçalo-Guarda-Mangualde, Segura e Portalegre).

 

Há dois anos, segundo o grupo de trabalho governamental, entraram na Direcção-geral de Energia e Geologia 30 pedidos de direitos de prospecção e pesquisa de lítio no país, que têm subjacentes cerca de 3,8 milhões de euros de propostas de investimento nos primeiros dois a três anos, numa área total de 2.500 quilómetros quadrados.

Apesar do "know-how" existente, do potencial mineral identificado e de o enquadramento legal convidar à entrada de novos investidores, Portugal tem ainda assim uma estrada longa pela frente para que o lítio que venha a ser extraído resulte em produto acabado para entregar às fábricas de baterias. Com ou sem a boleia de investidores estrangeiros, tem de acelerar na construção de incentivos financeiros específicos e dar massa crítica dos projectos, como defende o grupo de trabalho. Sob pena de ficar a meio caminho como um carro com a bateria esgotada: parado na berma da estrada e a ver os outros a passar.  

 

O Negócios publicou recentemente um artigo sobre o lítio em Portugal, concluindo que com uma posição no "top 10" dos principais produtores mundiais e cerca de uma dezena de áreas de elevado potencial de exploração, Portugal está nos radares de várias empresas internacionais por causa do lítio, o mineral que deverá estar no centro da revolução energética em curso.

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