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Goldman adverte para "tempestade de oferta" no mercado do cobre
Uma tempestade está prestes a atingir o mercado global do cobre, segundo o Goldman Sachs. O banco estima que o preço poderá cair para 4.000 dólares por tonelada nos próximos 12 meses, num contexto de aumento da oferta das minas, de custos mais baixos para as produtoras e de crescimento mais lento da procura.
"A orientação corporativa e as nossas estimativas sugerem que o cobre está a entrar no olho da tempestade da oferta", escreveram os analistas Max Layton e Yubin Fu numa nota aos clientes. A queda para 4.000 dólares corresponderá a uma desvalorização de 17% em relação ao preço de fecho de ontem na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês).
O cobre tem ficado para trás em relação aos ganhos observados noutras matérias-primas até esta altura do ano, especialmente o zinco e o níquel, que têm tirado proveito das projecções de escassez global. No caso do cobre, houve um crescimento sólido da oferta global das minas no primeiro semestre e essa tendência deverá aumentar nos próximos trimestres, segundo o Goldman.
"Essa 'parede de oferta' deverá traduzir-se em encargos maiores com a fundição e refinação de cobre e, em última análise, numa produção maior de cobre refinado, ao passo que se observa uma desaceleração do crescimento da procura", escreveram Layton e Fu.
Os analistas projectam que o cobre esteja a negociar na casa dos 4.500 dólares por tonelada dentro de três meses e em torno dos 4.200 dólares daqui a seis meses.
O cobre para entrega a três meses - que foi negociado a 4.000 dólares por tonelada pela última vez em 2009 – segue hoje a valer 4.844 dólares na LME, a caminho de um prejuízo semanal.
O metal, usado em tubo e fios, soma uma valorização de 3% no acumulado deste ano, enquanto o zinco regista uma subida de 41% e o níquel avança 21%.
Em Julho, o Barclays disse que a oferta poderá superar a procura todos os anos até 2020. No mês anterior, Stephen Higgins, que dirige a Freeport-McMoRan Sales Company, uma divisão da maior produtora de cobre de capital aberto, sublinhou que a produção aumentou num contexto de menor procura na China.
Para o Goldman, a principal expansão da oferta até o primeiro trimestre de 2017 deve vir das minas Grasberg, na Indonésia, Escondida, no Chile, e Sentinel, na Zâmbia. O crescimento de Cerro Verde e Las Bambas, no Peru, também poderá contribuir, disse o banco na sua nota de "research".
Para ter uma perspectiva para a oferta, o Goldman monitora 20 empresas responsáveis por cerca de 60% da produção mundial. Essas 20 companhias aumentaram a produção em 5% no primeiro semestre de 2016 e essa percentagem deverá subira para 15% nos próximos trimestres, segundo o banco.