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Crise da energia ameaça crescimento da China e país manda aumentar produção de carvão
Pequim vai reforçar a produção de carvão para fazer face aos efeitos provocados pela crise da energia nas fábricas do país.
A escalada dos preços da energia está a deixar em alerta as autoridades chinesas. Com a crise a ameaçar as indústrias do país, em setores que vão desde a roupa, aos iPhones e ao leite, Pequim ordenou às mineiras de carvão do país que aumentassem a produção. Uma decisão que poderá comprometer compromissos ambientais assumidos pelo governo de Xi Jinping.
A urgência criada pela crise dos preços da energia poderá fazer descarrilar as metas sustentáveis assumidas por Pequim, com as autoridades chinesas a ordenarem um reforço da produção de carvão, segundo adianta o Financial Times.
Os oficiais da Inner Mongolia, uma das maiores produtoras de carvão da China, adiantaram que deram instruções aos mineiros locais para aumentar a capacidade em 100 milhões de toneladas, segundo um relatório citado pela Securities Times, um jornal local controlado pelo estado.
Este esforço das autoridades chinesas surgem como uma tentativa para contrariar o impacto da crise de energia que está a forçar as fábricas chinesas a parar ou reduzir as suas operações, com os cortes de energia a afetarem os negócios de indústrias críticas, como a alimentar.
A escalada dos preços da energia está também a afetar a Europa, com o presidente russo, Vladimir Putin, a adiantar que vai aumentar a produção de gás através da Ucrânia e a garantir um aumento de exportações de petróleo para toda a Europa ainda este ano.
Segundo o Financial Times, o aumento de produção pedido pela Inner Mongolia é o equivalente a cerca de 10% dos mil milhões de toneladas produzidos na região em 2020. A produção de carvão doméstica da China atingiu 3,9 mil milhões de toneladas no ano passado e espera-se agora que aumente em 2021, apesar de o presidente chinês, Xi Jinping, ter confirmado, no mês passado, na Assembleia das Nações Unidas a intenção da China de chegar à neutralidade carbónica "antes de 2060" e atingir um máximo de emissões "antes de 2030".
Na mesma ocasião, Xi Jinping adiantou que "a China vai reforçar o seu apoio aos outros países em desenvolvimento, para favorecer as energias verdes, e vai deixar de construir centrais de carvão no estrangeiro".
Travão no crescimento
Os economistas têm vindo a alertar para o impacto que a crise na energia poderá ter no produto interno bruto (PIB) chinês. Bancos como o Citigroup ou o Barclays têm notado que esta situação pode resultar numa desaceleração do crescimento da segunda maior economia do mundo.
O banco britânico calcula mesmo que a crise da energia leve o PIB chinês a baixar para 6%, em 2021.
"O governo [chinês] enfrenta a difícil escolha entre um abrandamento económico mais significativo e relaxar as suas metas para a utilização da energia", escrevem os analistas do Barclays numa nota citada pela Bloomberg. A previsão de um crescimento de 6% é mais pessimista que as estimativas apontadas pelo mercado. O consenso aponta para um crescimento do PIB de 8%.