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Chuvas pouco ajudarão as plantações ressequidas da Europa
As chuvas nos campos de cereais e beterraba da Europa esta semana podem ser de pouca ajuda para as plantações prejudicadas pelo calor escaldante e pela seca.
As chuvas são praticamente insignificantes para a safra de trigo do continente europeu, afectada por meses de seca e calor, porque a colheita já está em pleno andamento ou praticamente completa em países como França.
No caso do milho e da beterraba, que ainda estão em estágios de crescimento importantes antes do início da colheita, perto de Setembro, as chuvas serão seguidas de um clima mais seco e quente que o habitual em boa parte do mês de Agosto.
Há por isso grandes receios de que a produção terá problemas, já que os preços dos contratos de futuros do milho subiram para máximos de quase cinco anos em Paris. A consultora agrícola Agritel estima que a condição da colheita se agravará ainda mais em França, a principal produtora da União Europeia, o que significa que o bloco pode ter que importar mais do que o esperado.
Muito dependerá do clima nas próximas semanas, mas a produção de açúcar da EU também poderá cair 10% em relação ao ano anterior, segundo o analista François Thaury, da Agritel.
"As chuvas previstas para o final desta semana aliviarão temporariamente o stress, mas chegarão tarde demais para reverter os danos" do milho, comentou David Streit, meteorologista do Commodity Weather Group em Bethesda, Maryland, nos EUA. "As condições mais quentes ou mais secas no resto do mês continuarão a dificultar o abastecimento e uma vez mais reduzirão o potencial de rendimento" das plantações nas zonas mais a norte, acrescentou.
O clima mais quente a partir desta semana afectará quase um terço da produção de milho da UE e reduzirá o potencial de rendimento, segundo a CWG. A produção da Alemanha cairá 49% nesta campanha agrícola, segundo o grupo de cooperativas DRV. O bloco é um dos maiores importadores e, no mês passado, o Conselho Internacional de Cereais aumentou a projecção para as importações da UE em cerca de 4%.
"A UE precisará importar quantidades maiores do que o esperado de milho nesta temporada e os EUA podem ser um fornecedor fundamental", disse Didier Nedelec, diretor-geral da consultoria agrícola francesa Offre & Demande Agricole Groupe.
Mais calor e um agravamento da seca também podem ameaçar a produção de açúcar. A projecção é de que as temperaturas nos principais países produtores de beterraba da Europa, como França, Alemanha, Reino Unido e Polónia, fiquem até 10 graus Celsius acima do normal nas próximas semanas, informou a CWG. A seca deve assim regressar na próxima semana e continuar durante todo o mês de Agosto.
Os testes iniciais da beterraba apontaram para rendimentos médios no sul da Alemanha, mas para rendimentos menores na França e na Bélgica. Os cortes significativos nas estimativas de produção da UE podem ajudar a fazer subir os preços, comentou Robin Shaw, analista da corretora Marex Spectron Group, com sede em Londres. O preço dos contratos de futuros do açúcar refinado caíram quase 50% em relação ao pico de 2016 porque o fim das quotas de produção da UE fez aumentar o excedente global.