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Um euro é mais do que um euro

Já ouviu a história dezenas de vezes. O envelhecimento da população e o aumento da esperança de vida lançaram uma ameaça de ruptura financeira sobre o sistema público de pensões de reforma. Para cada cidadão na...

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Já ouviu a história dezenas de vezes. O envelhecimento da população e o aumento da esperança de vida lançaram uma ameaça de ruptura financeira sobre o sistema público de pensões de reforma. Para cada cidadão na situação de reformado, o número de pessoas activas tem vindo a decrescer. Resultado: o desequilíbrio entre as receitas cobradas e os encargos crescentes colocou em dúvida a sobrevivência do modelo contributivo. Para evitar o colapso total a breve prazo, era necessário atacar o problema.

Foi o que o actual Governo decidiu fazer, ao proceder a mudanças na Segurança Social que são elogiadas por organizações internacionais, mas que implicam um conjunto de facturas para os futuros pensionistas, em contrapartida pela sustentabilidade financeira do sistema. As más notícias começam pela fórmula de cálculo. Toda a carreira contributiva passou a integrar as contas para determinar a pensão de reforma, substituindo o modelo mais favorável que estava em vigor, em que contavam os melhores dez anos entre os derradeiros 15. Só por esta via, as pensões futuras já serão mais baixas. Mas as coisas não ficam por aqui.

A este corte, junta-se o chamado "factor de sustentabilidade". Basicamente, obrigará o futuro beneficiário a trabalhar mais tempo para evitar penalizações e a aumentar os descontos ou a aceitar um corte na sua pensão, caso opte por reformar-se, de qualquer forma, aos 65 anos. Por fim, há a possibilidade de prolongar a carreira contributiva, mantendo-se activo, o que será premiado com acréscimos, bastantes modestos, na futura pensão. Soma-se tudo isto e pode ficar-se a contar que, lá para meados do corrente século, as pensões de reforma corresponderão a pouco mais do que metade do último salário.

O cenário é pouco animador. Devia constituir um forte incentivo para que a população activa portuguesa reservasse uma parcela dos seus rendimentos actuais para investimento, com o objectivo de acumular um pé-de-meia capaz de complementar a minguante reforma paga pelo Estado e evitar quebras dramáticas no poder de compra e no padrão de vida. Não é isso que sucede. O "Índice de Consciência Reforma", construído pela Caixa Geral de Depósitos a partir do trabalho de investigadores do ISCTE- Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, revela que mais de 72% dos portugueses contam depender apenas da Segurança Social quando se retirarem, apesar de apenas um quinto confiar no seu funcionamento.

Pior é possível. A maioria não poupa a pensar na reforma e os que poupam fazem-no mal, ao aplicarem o dinheiro em depósitos de curto prazo ou ao acreditarem que os planos poupança-reforma, só pela designação comercial que ostentam, são a grande solução para o problema. Podem não ser, apesar do atractivo benefício fiscal que proporciona um ganho a curto prazo, porque há alternativas talhadas para que os pequenos investidores tenham acesso a rendibilidades mais interessantes, como é o caso dos fundos de investimento.

Com disciplina e visão de longo prazo, um euro investido por dia pode proporcionar um bolo de cem mil euros. Evitar uma dor-de-cabeça quando já é demasiado tarde não é tão difícil quanto parece. Leia o trabalho que publicamos neste "Investidor Privado" e comece hoje a tratar do seu futuro.
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