Notícia
Quem arrisca, finalmente petisca
Vinte e nove das 30 empresas que compunham o índice Dow Jones em 1929 sobreviveram à crise dos anos 30 e à Segunda Guerra Mundial, a maior parte existindo ainda hoje, de uma forma ou de outra.
A liquidez despejada para os mercados nos últimos anos fez-nos esquecer o verdadeiro valor do risco: até há pouco, os rendimentos obtidos de obrigações de risco ("high-yield") eram pouco superiores às taxas oferecidas pelos empréstimos dos Estados. Com a crise, a nossa percepção do risco foi radicalmente alterada. Caminhando para novos extremos, os investidores exigem hoje rendimentos exorbitantes para aceitarem emprestar dinheiro na ausência de garantia do Estado. Os "spreads" pedidos às grandes empresas, que há pouco se financiavam facilmente e barato, subiram para níveis historicamente desconhecidos, mesmo durante a depressão de 1929.
Esta profunda aversão ao risco tem, para os mais atrevidos, uma consequência positiva: tomar riscos permite hoje obter um bom rendimento. Aqui estão alguns exemplos. Quem considerar razoável o risco de incumprimento das principais operadoras de telecomunicações europeias poderá investir em obrigações da France Telecom, que oferecem um "yield" (rendimento médio) de 8,4%, ou da Portugal Telecom (8,8%). Quem preferir empresas do sector industrial poderá escolher a Saint-Gobain, líder mundial do sector vidreiro (9,2%), ou a Daimler, empresa-mãe da marca Mercedes (7,4%). Quem quiser atrever-se a emprestar ao sector financeiro poderá conseguir rendibilidades, em euros, acima dos 10%, junto dos maiores bancos americanos (Morgan Stanley, Goldman Sachs ou Citigroup) e mesmo de alguns actores europeus (Comerzbank, Aviva, Mapfre, Unicredit).
Qual é a lógica destas taxas? Nenhuma. Pelo menos, para quem - como eu - não acreditar no fim do mundo. Entre 1929 e 1932, o produto interno bruto norte-americano caiu 30%, a taxa de desemprego subiu para 25% (37% quando descontado o sector agrícola), 50% dos bancos faliram, 25% das crianças de Nova Iorque estavam mal alimentadas. Estamos a milhas de uma tal catástrofe. E 29 das 30 empresas que compunham o índice Dow Jones em 1929 sobreviveram à crise e à Segunda Guerra Mundial, a maior parte existindo ainda hoje, de uma forma ou de outra.
Colocar as nossas poupanças de longo prazo em depósitos que irão render em breve cerca de 1% não é uma boa decisão de investimento. Em período de crise, quem ganha são os optimistas. E esta crise, ao atingir o pulmão dos mercados - o financiamento - está a criar ainda mais oportunidades de investimento do que as anteriores.
Infelizmente, o investimento directo em obrigações é difícil para o particular (o investimento mínimo é de algumas centenas de milhares de euros). E mesmo a escolha de um fundo de obrigações "corporate" não é fácil. A análise das características e da "performance" de cada fundo obriga a um conhecimento financeiro avançado. Um conhecimento que permite perceber que a melhor escolha de fundo de obrigações em 2009 será provavelmente um dos piores "performers" de 2008, devido à brusca subida de taxas que se tem verificado.
Restam duas soluções: pedir a ajuda de um profissional da área de investimentos (os empregados de balcão dos bancos não entram nessa categoria), ou saltar mais uma etapa e optar por um investimento em acções, tendo o cuidado de diversificar fortemente a sua carteira para evitar más surpresas. É o momento de voltar a acreditar no futuro.
Esta profunda aversão ao risco tem, para os mais atrevidos, uma consequência positiva: tomar riscos permite hoje obter um bom rendimento. Aqui estão alguns exemplos. Quem considerar razoável o risco de incumprimento das principais operadoras de telecomunicações europeias poderá investir em obrigações da France Telecom, que oferecem um "yield" (rendimento médio) de 8,4%, ou da Portugal Telecom (8,8%). Quem preferir empresas do sector industrial poderá escolher a Saint-Gobain, líder mundial do sector vidreiro (9,2%), ou a Daimler, empresa-mãe da marca Mercedes (7,4%). Quem quiser atrever-se a emprestar ao sector financeiro poderá conseguir rendibilidades, em euros, acima dos 10%, junto dos maiores bancos americanos (Morgan Stanley, Goldman Sachs ou Citigroup) e mesmo de alguns actores europeus (Comerzbank, Aviva, Mapfre, Unicredit).
Colocar as nossas poupanças de longo prazo em depósitos que irão render em breve cerca de 1% não é uma boa decisão de investimento. Em período de crise, quem ganha são os optimistas. E esta crise, ao atingir o pulmão dos mercados - o financiamento - está a criar ainda mais oportunidades de investimento do que as anteriores.
Infelizmente, o investimento directo em obrigações é difícil para o particular (o investimento mínimo é de algumas centenas de milhares de euros). E mesmo a escolha de um fundo de obrigações "corporate" não é fácil. A análise das características e da "performance" de cada fundo obriga a um conhecimento financeiro avançado. Um conhecimento que permite perceber que a melhor escolha de fundo de obrigações em 2009 será provavelmente um dos piores "performers" de 2008, devido à brusca subida de taxas que se tem verificado.
Restam duas soluções: pedir a ajuda de um profissional da área de investimentos (os empregados de balcão dos bancos não entram nessa categoria), ou saltar mais uma etapa e optar por um investimento em acções, tendo o cuidado de diversificar fortemente a sua carteira para evitar más surpresas. É o momento de voltar a acreditar no futuro.