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Dividendos de acções para investidores de obrigações

Muitos investidores de títulos de dívida estão a trocar juros por dividendos. A busca das empresas que são boas pagadoras de dividendos permite evitar a crise no mercado de obrigações.

Dividendos de acções para investidores de obrigações
29 de Abril de 2011 às 09:13
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Os índices de acções são fundamentais para o funcionamento do mercado, mas os investidores devem estar atentos porque eles podem ser traiçoeiros. É verdade que o PSI-20, o principal índice da bolsa portuguesa, está 15% abaixo dos valores registados há cinco anos, mas isso não se reflecte na rendibilidade dos aforradores. Quem investiu numa carteira diversificada de títulos nacionais pouco antes do Verão de 2006 tem agora aproximadamente o mesmo dinheiro. A prová-lo está o facto de os fundos de acções nacionais estarem praticamente a zeros no balanço de cinco anos.

Os dividendos são os responsáveis pela diferença entre ganhos reais dos investidores e as variações dos índices. Embora a crença de muitos investidores seja que se ganha mais dinheiro através da subida das acções, os dividendos são uma variável fundamental na equação dos rendimentos da bolsa. "De 1871 a 2003, 97% da acumulação acima da inflação das acções [norte-americanas] veio do reinvestimento dos dividendos. Apenas 3% teve origem em ganhos de capital", afirma Jeremy Siegel, professor da Universidade da Pensilvânia, no livro "The Future for Investors".

Amortecedor da volatilidade
A distribuição dos lucros aos accionistas funciona não só como um prémio pelo capital investido mas também como um amortecedor da flutuação das cotações. Num mercado pautado pela incerteza, os dividendos são um tranquilizante para os accionistas. É por isso que muitos investidores que seleccionavam tradicionalmente obrigações para as suas carteiras estão agora a eleger bons pagadores de dividendos para os seus portefólio.

Para muitos estudiosos como Jeremy Siegel, os investidores não profissionais devem comprar acções para o longo prazo, beneficiando da capitalização dos dividendos recebidos. Como diz Warren Buffett, a terceira pessoa mais rica do mundo, a melhor duração de um investimento accionista é para sempre.

Para os investidores que querem investir a pensar no longo prazo em empresas generosas, o Negócios foi à procura dos melhores dividendos. A pesquisa, efectuada nas bolsas mais acessíveis aos portugueses, centrou-se nas companhias cujos dividendos representam uma rendibilidade anual superior às das Obrigações do Tesouro de muito longo prazo. Nos tempos mais recentes, os juros das obrigações portuguesas a 30 anos traduzem-se numa rendibilidade anual pouco superior a 7%. Encontrámos seis firmas aplaudidas pelos analistas com taxas de dividendos superiores a essa marca.





Seis dividendos que valem a pena

Estas seis empresas costumam ser generosas com os accionistas que nelas investem.


Koninklijke KPN

Taxa de dividendos
10,69%
Bolsa Amesterdão
Sector Telecomunicações

Depois de anos a investir nas expansão geográfica e tecnológica, muitas companhias de telecomunicações europeias estão agora numa posição confortável a receber os frutos do investimento. A holandesa KPN é uma delas: os seus negócios de telecomunicações permitem-lhe pagar um dividendo anual que corresponde a mais de 10% do preço das acções. Além disso, a firma tem um plano para gastar mil milhões de euros na recompra de acções, algo que os accionistas apreciam. Além de operar nos Países Baixos, a KPN também tem operações de telecomunicações na Alemanha e na Bélgica.



Man Group

Taxa de dividendos
10,59%
Bolsa Londres
Sector Gestoras de activos

Não é fácil ser a maior sociedade gestora de "hedge funds", organismos pouco regulados de investimento colectivo. Desde 2008 que os activos sob gestão da MAN Group estavam em queda. Em 2010, a maioria dos seus produtos ficou aquém do nível que permitiria à sociedade cobrar comissões de desempenho. Contudo, a história está a mudar: a aquisição da GLG Partners permitirá atingir uma carteira recorde de 69 mil milhões de euros até ao final do ano e as subscrições trimestrais ultrapassaram os resgates pela primeira vez em dois anos. São bons notícias para os amantes dos dividendos, já que não há sinais de abrandamento dos pagamentos pela Man Group.



France Télécom

Taxa de dividendos
8,88%
Bolsa Paris
Sector Telecomunicações

Os analistas acreditam que o fluxo de capitais continuará a entrar nos cofres da France Télécom, assegurando dividendos elevados. Os administradores do maior grupo francês de telecomunicações comprometeram-se em propor dividendos de 1,40 euros por acção nos próximos três anos, o mesmo valor que foi pago nos últimos três anos. Às cotações mais recentes da France Télécom, esse valor, que é pago em duas prestações semestrais, representa uma rendibilidade de 8,88%. Na última contagem, o grupo, que usa internacionalmente a marca Orange, tinha 210 milhões de clientes em 32 países.



Criteria CaixaCorp

Taxa de dividendos
7,74%
Bolsa Madrid
Sector Banca

Se tudo correr como planeamento na assembleia geral de 12 de Maio, muito mudará para os accionistas da Criteria CaixaCorp, que até agora tem sido o braço dos investimentos da catalã La Caixa. Se a operação for aprovada, às participações no Banco BPI, na Telefónica, na Repsol e na Abertis, entre outras, juntar-se-ão os negócios bancário e segurador da La Caixa. Segundo os administradores, a Criteria, que passará a ser uma entidade bancária e a designar-se "CaixaBank", terá os melhores rácios de capital de Espanha. Há a promessa de pagar um dividendo anual mínimo de 0,231 euros por acção. Esse valor mínimo representa uma taxa de dividendos de quase 5%.



RWE

Taxa de dividendos 7,41%
Bolsa Frankfurt
Sector Energia

A crise nuclear no Japão alastrou-se até à Alemanha, onde um quinto da electricidade fornecida pela RWE tem origem em três centrais nucleares. A unidade de Biblis é a mais antiga: começou a operar em 1974. A chanceler Angela Merkel planeia mandar desligar as centrais mais antigas e impedir a criação de novas. No entanto, segundo um documento oficial, será realizada uma aposta federal nas energias renováveis, em especial no vento, que tem "o maior potencial". A RWE é também um dos principais operadores nessa área, o que lhe assegura rendimento para manter os lucros, dizem alguns analistas, e, logo, os dividendos. Em Portugal, a RWE tem três parques eólicos nas zonas de Viseu e Vila Real.



Telefónica

Taxa de dividendos 7,17%
Bolsa Madrid
Sector Telecomunicações

Mesmo depois de pagar 7,5 mil milhões de euros pela participação da Portugal Telecom na brasileira Vivo, a Telefónica continua a ter dinheiro para disponibilizar elevados dividendos aos seus accionistas. César Alierta, o líder do segundo maior grupo europeu de telecomunicações, diz que, graças à aposta na América Latina, as vendas irão aumentar entre 1% e 4% por ano no próximo triénio. A administração da Telefónica comprometeu-se no pagamento de um dividendo mínimo de 1,75 euros por acção referente ao exercício de 2012, o que, às cotações mais recentes, representa uma rendibilidade superior a 9%.





Gestores especialistas em receber dividendos

Há fundos de investimentos que se debruçam apenas sobre as acções mais magnânimas.

Investir directamente no mercado de acções não é para todos os aforradores. Há muita informação diária que é preciso digerir, comissões pesadas quando se opera com pequenas carteiras, muitas regras na negociação e uma cada vez maior tributação.

A maioria dos investidores deverá ponderar a aposta nos dividendos pela via indirecta, seleccionando fundos de investimento. Através destes veículos de investimento colectivo, que se comercializam tradicionalmente através dos bancos comerciais, dilui-se o peso das comissões e dos impostos.

Todavia, os investidores que anseiam por recebimentos periódicos dos seus fundos de investimento especializados em dividendos não têm sorte. Segundo a agência de avaliação de fundos Morningstar, os melhores produtos na gama de fundos de acções de elevados dividendos não distribuem rendimentos. Os seus gestores optam por reinvestir as distribuições obtidas em mais acções na carteira. No entanto, isso não é muito relevante: como os dividendos dos fundos estão sujeitos à retenção na fonte definitiva a uma taxa de 21,5% como as mais-valias registadas nos resgates, é indiferente proceder à venda de parte do fundo ou a receber rendimentos. Assim, quando quiser receber os seus dividendos basta solicitar um resgate parcial.

Conheça os cinco fundos de dividendos à venda em Portugal aos quais a Morningstar atribui as notas máximas (quatro e cinco estrelas). As rendibilidades foram calculadas a 13 de Abril.





Threadneedle Pan European Equity Dividend Retail Net

Rendibilidade 12 meses 11,02%
Comercialização Banco Best, Banco Big

Nick Davis e Dan Ison querem "investir em empresas [europeias] que apresentam um elevado potencial para o pagamento de dividendos acima da média". No último ano, a estratégia deu lucros: o fundo ganhou mais de 11%. Segundo o último portefólio publicado pela Threadneedle, os maiores investimentos são na Suíça Nestlé, na retalhista britânica Tesco e na seguradora finlandesa Sampo.





HSBC Asia Pacific ex Japan Equity High Dividend AC

Rendibilidade 12 meses 7,48%
Comercialização Banco Best

Desde que foi lançado em Novembro de 2004, este fundo, que se concentra nas acções de elevados dividendos da Ásia e Pacífico excluindo o Japão, rendeu 10,28% por ano. As suas maiores apostas são a mineira australiana BHP Billiton, a sul-coreana Samsung Electronics e a Taiwan Semiconductor Manufacturing.





Schroder Global Dividend Maximiser B

Rendibilidade 12 meses 4,52%
Comercialização ActivoBank

Embora possam investir livremente nas acções de todo o mundo, os gestores do Schroder Global Dividend Maximiser, Thomas See e Sonja Schemmann, estão particularmente optimista em relação à Europa e desconfiados do potencial dos dividendos dos Estados Unidos da América. Mesmo assim, as maiores apostas do fundo são americanas: a Pfizer, a Marathon Oil e a Microsoft.





ING (L) Invest US High Dividend X

Rendibilidade 12 meses 4,42%
Comercialização Banco Best, Banco Big
A maior parte dos cerca de mil milhões de euros que Adour Sarkissian gere no ING (L) Invest US High Dividend são canalizadas para grandes sociedades nas indústrias dos bens de consumo e da saúde, como a Abbott Laboratories, a PepsiCo e a Johnson & Johnson. Assim Sarkissian consegue garantir um dividendo médio superior a 3,7% por ano.





ING (L) Invest Euro High Dividend X

Rendibilidade 12 meses -0,48%
Comercialização Banco Best, Banco Big

Nicolas Simar investe nas melhoras pagadores de dividendos da Zona Euro, por isso é natural que se encontrem as acções da KPN e da Telefónica no topo da carteira do fundo. A taxa de dividendos média dos títulos no portefólio é de 4,5%. Na última década, o fundo rendeu 1,56% por ano.
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