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Diversifique a carteira com apostas de futebol

Investigadores dizem que as apostas desportivas são uma nova classe de activos a ter em conta. Saiba como entrar neste mercado que pode render 100 mil por cento em nove meses, embora as probabilidades sejam muito magras.

26 de Agosto de 2010 às 09:00
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Acções, obrigações e depósitos. Era apenas sobre estes três activos que os investidores tinham de se preocupar há algumas décadas quando desenhavam um portefólio, embora muitos tivessem uma exposição ao segmento do imobiliário através da habitação onde residiam. Os mais ricos conseguiam, ainda, diversificar o património através do investimento em arte e antiguidades, aliando normalmente o seu gosto pessoal.

Depois, o mundo académico e a indústria da gestão de activos começou a gerar novas alternativas, em especial através dos mercados de derivados. Hoje, é quase tão fácil adquirir acções como investir em mercadorias, na volatilidade das acções ou em "credit default swaps", seguros financeiros contra o incumprimento do pagamento de juros de obrigações. Agora, alguns académicos querem que as apostas desportivas entrem no leque de instrumentos de diversificação de carteiras.

Num trabalho publicado pelo revista "Financial Markets and Portfolio Management", Peter Gomber, Peter Rohr e Uwe Schweickert, investigadores da Universidade Goethe, em Frankfurt, classificam as apostas desportivas, em particular de futebol, como uma nova classe de activos financeiros. Há vários anos que existem essas apostas, mas o mercado está agora a atingir a maturidade.

As apostas de futebol, que se efectuam através de sítios na Internet, podem ser muito arriscadas, mas também se pode ganhar muito dinheiro. Actualmente, a rendibilidade máxima que se encontra nos vários sítios é de 100 mil por cento. É isso que ganha quem apostar correctamente através da Ladbrokes.com que o Portimonense será o campeão da Liga Zon Sagres na época 2010/2011. Obviamente, a probabilidade de isso acontecer é muito reduzida: da tabela da Ladbrokes.com é possível aferir que a casa de apostas estima uma probabilidade de 0,17 por cento de o Portimonense ganhar o campeonato. A firma atribui a mesma probabilidade ao Beira-Mar.

Depois de estimarem as probabilidades para todos os resultados possíveis, as casas de apostas atribuem um "odd" a cada evento, isto é, um múltiplo que se aplica à sua aposta caso acerte. Após a primeira jornada da Liga Zon Sagres, a bwin, a maior casa de apostas desportivas, atribuía "odds" de 5,50-3,70-1,55 para o jogo Nacional-Benfica. Isso queria dizer que quem apostasse correctamente na vitória do Benfica receberia 1,55 euros por cada euro aplicado, o que se traduziria num lucro de 55 cêntimos, ou seja, uma rendibilidade de 55 por cento. O recebimento para quem apostasse um euro no Nacional ou no empate seria de 5,5 euros e 3,7 euros, respectivamente, o que representaria rendibilidades potenciais de 450 por cento e 270 por cento.

Evite "odds" elevados
Embora o Portimonense e o Beira-Mar ofereçam a possibilidade de ganhar 100 mil por cento em nove meses, os investidores não devem arriscar. "Apostar em equipas fracas não é a maneira de alcançar um resultado médio superior", explicam Bryan Clair e David Letscher, do Departamento de Matemática e Ciências Computacionais da Universidade de Saint Louis, numa investigação que pretendeu desenvolver métodos complexos para aumentar as probabilidades de ganhar dinheiro. Este trabalho não foi o primeiro a concluir que é possível desenvolver uma estratégia lucrativa de apostas de futebol - nem o último.

No ano passado, Nikolaos Vlastakis, Raphael Markellos, ambos da Universidade de Atenas de Economia e Gestão, e George Dotsis, da Escola de Negócios do Essex, publicaram no "Journal of Forecasting" uma extensa análise sobre a ineficiência do mercado de apostas desportivas. "Os resultados empíricos mostram que apostas combinadas entre diferentes casas podem conduzir a oportunidades limitadas de arbitragem mas altamente lucrativas", explicaram. Além disso, "regras simples de negociação e estratégias baseadas em previsões também são capazes de produzir retornos positivos significativos", concluíram os investigadores de origem grega.

Através da arbitragem, é possível eliminar uma grande parte do risco das apostas - nalguns casos raros completamente. Pouco mais de 24 horas antes do início do Braga-Sevilha, no acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, as várias casas de apostas "on-line" tinham diferentes "odds" para o evento. Por exemplo, a bwin pagava 2,8 pela vitória do Sporting de Braga, mas a Ladbrokes.com oferecia 3,2. Escolhendo as casas com "odds" mais elevadas para os três resultados possíveis (Braga vencedor, empate e Sevilha vencedor), seleccionava-se a Ladbrokes.com para apostar no Braga ("odd" de 3,2) e a Betfair para investir no empate e no Sevilha ("odds" de 3,35 e 2,62, respectivamente).

Ao distribuir 314,80 euros na aposta no Braga, 300,71 euros no empate e 384,49 euros no Sevilha, num bolo global de 1.000 euros, garantia-se sempre um encaixe de cerca de 1.007: se o Braga ganhasse, obter-se-ia 1007,36 euros (3,2 × 314,80); se acontecesse um empate 1007,38 euros (3,35 × 300,71); se o Sevilha saísse vitorioso 1007,36 euros (2,62 × 384,49). Qualquer que fosse o resultado do jogo, o investidor teria uma rendibilidade de 0,74 por cento em pouco mais de um dia.

É preciso estar atento às condições das casas de apostas para não ver as rendibilidades a descer: algumas cobram comissões sobre os ganhos, outras apenas permitem apostar em moedas diferentes do euro (o que implica risco cambial) e pode ter de pagar comissões sobre a transferência de dinheiro.









Investir nas casas de apostas

A fusão da bwin e da PartyGaming criará a maior firma de apostas na Internet. Terá quase 700 milhões de euros de receitas de jogo por ano.

Até agora, o mercado dos jogos "on-line", que inclui não apenas apostas desportivas, estava fragmentado em firmas de pequenas dimensão. Os analistas explicam que o sector aguarda avanços na legislação, em particular na Europa, para encetar fusões que permitam alcançar escala global. Porém, a britânica PartyGaming e a austríaca bwin Interactive Entertainment adiantaram-se: a fusão, que deverá estar concluída no início de 2011, criará a maior companhia de jogo "on-line". Aos preços bolsistas recentes, o novo grupo valerá cerca de 2,7 mil milhões de euros, acima da capitalização bolsista da Brisa e perto do Banco Comercial Português.

A nova regulamentação francesa que concede licenças a companhias estrangeiras para operarem jogos "on-line", que deverá ser seguida pela Dinamarca e pela Itália, está a abrir faseadamente o mercado europeu, avaliado em 8,3 mil milhões de euros por ano. Contudo, o licenciamento não deverá sair barato. Norbert Teufelberger, um dos dois presidentes da bwin, disse à comunicação social que podem ser necessários mil milhões de euros para montar um sistema que cumpra com múltiplos regulamentos europeus. Se isso se verificar, as casas de apostas têm duas opções: avançar para a consolidação sectorial ou operar em "offshores", como têm feito até agora. Entre 2003 e 2010, o volume de negócios em "offshore", o que pode incluir receitas obtidas de clientes de países que baniram as apostas, multiplicou-se por dez para 6,5 mil milhões de euros, segundo a H2 Gambling Capital, uma consultora de Manchester.







Apostas para todos os gostos

Do número de golos de um jogo a quem ficará à frente no campeonato entre o Nacional, o Leiria e o Setúbal, é possível apostar em quase tudo.

Os vencedores dos vários jogos que se farão nos próximos nove meses e o campeão da Liga Zon Sagres são só as hipóteses iniciais para os investidores em apostas de futebol. À volta dessas opções há centenas de eventos probabilísticos em que se pode pôr o dinheiro a render. Num jogo específico, é possível apostar na equipa que marca o primeiro golo, no resultado ao intervalo, passando pela parte do jogo com mais golos e ao minuto da primeira bola na baliza.

Os apostadores procuram bastante os "odds" de quem ganhará o campeonato. Embora seja interessante estudar os múltiplos quando estão em causa as 16 equipas da liga, muitos interessam-se mais por quem ficará à frente entre os três maiores clubes. Na bwin, os "odds" do Porto e do Benfica são muito próximos (1,95 e 1,98, respectivamente), o que permite quase duplicar um investimento caso se concretize a vitória na liga por uma destas equipas. A probabilidade mais baixa de sair vitorioso concede ao Sporting um potencial de rendimento bem superior: 800 por cento.



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