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Como financiar um curso superior

Há diferentes formas de pagar um curso superior ou um mestrado. A maioria das pessoas opta por pagar na altura, mas o acesso está agora mais fácil. Mas, cuidado... Quando acabar os estudos, pode custar-lhe o mesmo que uma prestação da casa. Prevenir-se com a constituição de uma poupança de investimento poderá ser mesmo a melhor opção.

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Conseguir tirar um curso superior, uma pós-graduação, um mestrado ou mesmo um doutoramento nem sempre é fácil. Não só pelo estudo que requer mas pelos custos que envolve. O Estado, no ano passado, chegou a acordo com várias instituições bancárias com o intuito de facilitar o acesso ao crédito para estudos. O produto foi lançado e é conhecido como “Garantia Mútua”. Existem também outras opções disponibilizadas pelos bancos.

Uma das questões a ter em conta é o custo destes empréstimos. Durante o período em que se está a tirar o curso, a única coisa que se paga são os juros, já que os bancos aplicam a carência de capital. Findo o curso, há mais um ano de ausência do pagamento do empréstimo, mas a partir daí as prestações podem aumentar bastante.

O Jornal de Negócios fez os cálculos e concluiu que, no caso do “Garantia Mútua”, num empréstimo de 25 mil euros, se as notas de curso não forem brilhantes, no final do crédito pode pagar mais de 35 mil euros. Para estes valores partimos do pressuposto que o estudante tira o curso em cinco anos e precisa de cinco mil euros por ano, o que no final totaliza os 25 mil euros. Considerando a carência de capital que vigora durante o prazo do curso mais um ano, para conseguir integrar o mercado de trabalho, são 72 meses a pagar juros sobre o capital que se vai usando. Para um crédito de 25 mil euros e uma taxa de 6,823%, o encargo total com os juros nos primeiros cinco ano é de 5.797,44 euros, com o valor a crescer todos os meses. Isto porque os juros são cobrados consoante o capital em dívida. Como vai sendo transferida todos os meses uma parcela, a prestação vai subindo pois o capital em dívida vai crescendo.

Findo o período de carência passa a ser pago o crédito na totalidade. As prestações são fixas. Por isso, para o caso dos 25 mil euros a prestação passa a ser de 487,60 euros. E aqui poderá estar um problema. Durante os primeiros cinco anos de entrada no mercado de trabalho uma pessoa que tenha contratado um crédito com estas características vai pagar quase 500 euros mensalmente. No final do empréstimo, o total pago por este financiamento supera os 35 mil euros. Já no caso de o empréstimo ser de cinco mil euros a prestação mensal a pagar quando começa a amortizar o capital não chega a 100 euros (ver tabela, pág. ao lado).

Uma questão importante é ter consciência que caso seja o próprio a suportar o crédito, os primeiros cinco anos de trabalho serão praticamente para pagar um empréstimo. Como sempre, só deverá contrair um empréstimo se precisar efectivamente dele.

Mas há outras opções de financiamento. Os bancos têm algumas soluções de crédito além do “Garantia Mútua”. Há produtos que podem ser atractivos e resolver um problema momentâneo. A oferta é diversificada, com taxas fixas ou variáveis, vários prazos disponíveis, produtos com e sem carência de capital. Há mesmo alguns, como o caso da Caixa Geral de Depósitos, em que se tirar um curso no âmbito do acordo de Bolonha e der a hipoteca da casa (com crédito neste banco) poderá beneficiar de um “spread” igual ao aplicado no seu crédito à habitação.

Contudo, nos outros produtos muitas vezes tem de pagar alguns custos associados que no caso da “Garantia Mútua” não existem. Alguns bancos passam a cobrar comissões de dossier ou mesmo um valor mensal por liquidação da prestação.


Quanto melhor a nota menor os juros


Financiamento de 5.000 euros Spread de 1%

Financiamento de 25.000 euros Spread de 1%

Financiamento de 5.000 euros Spread de 0,2%

Financiamento de 25.000 euros Spread de 0,2%

Quanto melhores forem as notas que se consegue na faculdade, menos pesados serão os juros a suportar pelo empréstimo. Os bancos concedem crédito com base numa taxa mais um “spread” que pode variar entre 0,2 e um ponto percentual. Para beneficiar do mais baixo basta que a média seja igual ou superior a 16 valores. O segundo patamar, onde o “spread” é de 0,65% é quando a média de notas se encontra entre 14 e menos de 16 valores. O “spread” mais alto corresponde a uma média inferior a 14 valores. Estas premissas só são válidas quando se trata do produto desenvolvido pelo Governo. O Executivo estabeleceu um acordo com as instituições bancárias no ano passado que visa facilitar o acesso ao crédito por parte dos estudantes de forma a incentivar o acesso ao ensino superior. Para isso, foi criado o produto “Garantia Mútua”, onde os estudantes podem pedir empréstimos para fazer face a propinas, encargos escolares e mesmo estadias. Neste produto, os bancos não cobram comissões.


Que outras soluções de financiamento oferecem os bancos para os estudantes?

- Crediformação - Neste produto a linha de crédito disponível ascende aos 50 mil euros e, no máximo, o prazo de financiamento pode chegar aos 14 anos, dependendo do destino, que pode ser para formação, consumo associado à formação ou no acordo de Bolonha. A taxa de juro pode ser fixa (7,5% se houver fiança e 9% sem) ou variável, indexada à Euribor a um mês que varia entre 5,198% e 6,948%, dependendo das condições. Neste produtos as notas também contam para o “spread” praticado, podendo mesmo ser reduzido em 1 ponto percentual caso a média seja superior a 18 valores. O período de carência pode ascender a sete anos, mas caso o aluno chumbe dois anos é iniciado automaticamente o pagamento do capital em dívida.


- Crédito Universitário - O montante máximo de empréstimo é de 50 mil euros, e só em casos que visem tirar uma pós-graduação, um mestrado ou um doutoramento no estrangeiro. Caso contrário o limite máximo é de 25 mil euros. Os juros aplicados variam entre 8,5% e 9% no caso de haver livrança e de 3% mais Euribor a seis meses se houver hipoteca ou penhor de uma aplicação. Este produto também pode ser usado para o início de actividade, com um máximo de 25 mil euros e juros até 9,25%, um valor que pode descer dependendo das condições. Pode ser com carência de capital e fazer amortizações de, pelo menos, 250 euros sem penalizações. Nestes casos é sempre necessário seguro e pagamento de comissão de dossier.


- BESup Vida Académica - Financiamento máximo de 30 mil euros para Portugal, 60 mil para o estrangeiro e 20 mil euros para Erasmus. No mínimo, os juros cobrados são de 6,25%, nos casos de haver carência total de capital, e de 5,75%, quando não existe. O valor pode ser concedido mensal, semestral ou anualmente, num prazo máximo de 16 anos.

- Crédito individual propinas - O montante máximo é de 5 mil euros, com uma taxa de juro indexada à Euribor a 12 meses mais um “spread” de 1,75%. O prazo máximo do financiamento é de 18 meses. Em ambos os casos, o BES não cobra a comissão de abertura do processo mas cobra todos os meses uma comissão de liquidação da prestação, que é de um euro.


- Crédito Master - Este produto apenas pode ser usado quando se destina a tirar um mestrado ou doutoramento. O aproveitamento escolar também é importante, com as notas a fazerem variar a taxa de juro entre 6% e 11%.

O montante máximo de financiamento é de 30 mil euros para formações em Portugal e de 75 mil no estrangeiro. O prazo máximo de empréstimo é de 60 meses com a possibilidade de se poder beneficiar de carência de capital até ao final do segundo ano. O financiamento é feito através de uma tranche única.


- Crédito Formação - Os juros cobrados pelo BPI neste produto podem variar entre 6,687% e 9,209% (TAEG) e no máximo é financiado 30 mil euros para formações em Portugal e 60 mil euros para o estrangeiro. A taxa de juro é fixa pelo que não haverá alterações ao longo do contrato. O capital pode ser usado de uma forma faseada e o limite máximo de contrato é de 60 meses. Podem ser feitas amortizações, desde que não esteja a decorrer o período de carência de capital, sem que existam penalizações.
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