Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Combate tecnológico chega às nuvens

Amazon, Google e Microsoft são as eleitas pelos investidores que acreditam que cada vez mais firmas vão colocar as suas soluções informáticas nos servidores dos três gigantes da Internet.

Combate tecnológico chega às nuvens
03 de Maio de 2011 às 08:50
  • ...
A "nuvem" já pairava ainda antes da bolha de acções tecnológicas ter rebentado na viragem do milénio. Por isso, embora não tenham consciência disso, a maioria dos utilizadores de internet já está sob essa nuvem, porque usa uma versão "web" de correio electrónico como o Yahoo! Mail, tem um sistema de armazenagem virtual como o Dropbox ou gere uma pasta de fotografias digitais no Facebook. A novidade é que as grandes empresas de Internet querem começar a ganhar dinheiro (muito dinheiro) na nuvem, roubando mercado a vendedores tradicionais de "software".

A despesa acumulada em soluções na nuvem são reduzidas - por enquanto. Apenas 5% do bilião de euros despendidos anualmente em tecnologias da informação por empresas é dirigido para a computação em nuvem, segundo analistas como a Gartner e a IDC. Esse tipo de solução informática não é mais do que usar remotamente os computadores de outra entidade para satisfazer as nossas necessidades.

A Salesforce.com, uma empresa californiana cotada em Nova Iorque, é um dos mais antigos exemplos de negócios na nuvem: os seus clientes podem aceder aos seus programas informáticos de gestão em qualquer parte do mundo, desde que tenham acesso à Internet. A sua principal ferramenta é um pacote de gestão de clientes.

As empresas de todo o mundo estão a aderir à nuvem especialmente porque poupam nos custos: não têm de comprar servidores e não gastam em manutenção nem em segurança informática. Além disso, as soluções tendem a ser ágeis e escaláveis, isto é, só se paga o que se usa.

Amazon lidera formação
Os analistas dizem que a maior livraria do mundo foi a primeira a colocar-se à frente na luta que se avizinha pelo controlo da nuvem e, por isso, deve estar na mira dos investidores. Em 2002, a Amazon.com percebeu que tinha uma coisa que muita gente queria: um vasto campo de servidores. Os seus conhecimentos nessa área levaram-na a lançar a Amazon Web Services: simplificadamente, a firma disponibiliza a sua infra-estrutura para outras companhias desenvolveram aplicações nos seus servidores. Embora a Amazon não divulgue a facturação dessa unidade, vários analistas estimam que a receita anual está acima dos 500 milhões de euros, apenas 2% das receitas do grupo. Contudo, o negócio está a crescer: hoje a Amazon adiciona diariamente poder computacional que seria suficiente para gerir o seu sítio de compras no ano 2000, segundo a revista "BusinessWeek". Actualmente, o seu maior agrupamento de servidores ocupa uma área superior a dez campos de futebol.

Nem tudo são rosas para a Amazon neste negócio. A empresa concorre noutras áreas mais lucrativas com clientes e potenciais clientes do negócio da nuvem. É o caso da Netflix: é um dos grandes consumidores de banda larga (e, logo, potencial cliente da Amazon Web Services) mas concorre com o novo serviço de "streaming" de séries de televisão da Amazon. Foi por isso que Brian Pitz, analista do US Bancorp, reviu em baixa a recomendação para as acções da Amazon quando ela anunciou o novo serviço.

Google e Microsoft seguem
Embora tenha uma oferta concorrencial à Amazon Web Service (Google App Engine), a principal aposta da Google é diferente: quer concentrar no seus servidores todos as aplicações de escritório das empresas, do correio electrónico, ao processador de texto, passando pelo gestor de contactos e pela folha de cálculo. Por cada funcionário de outras empresas que a Google consiga importar para o seu serviço Apps for Business ganha cerca de 36 euros por ano.

A terceira concorrente de peso é a Microsoft que, tal como a Google, tem muito dinheiro disponível para continuar a investir em servidores. A quarta firma mais valiosa dos Estados Unidos da América ataca nas duas frentes: lançou uma versão virtual do Office, o seu pacote de produtividade, e, paralelamente, o Windows Azure, um serviço concorrente da Amazon Web Services.

Velha guarda sofre
Amazon, Google e Microsoft estão a fazer frente a grandes empresas como a International Business Machines, a Hewlett-Packard e a Oracle, habituadas a vender licenças de "software" empresarial. Algumas delas estão a tentar apresentar soluções na nuvem para combater a fuga de grandes clientes como a biotecnológica Genentech, o jornal britânico "The Guardian", o banco espanhol Bankinter, a companhia aérea Virgin, a alemã Siemens e a Kia Motors. Todos eles migraram de alguma forma para a nuvem.

Mas nem tudo poderá correr mal. No final de 2010, a Gartner, uma das principais consultoras de informação tecnológica, disse que "a computação em nuvem está à beira de ser adoptada em massa nos próximos dois a cinco anos". Contudo, os analistas prevêem que a próxima onda poderá ser dominada pelas "nuvens privadas": as empresas pagarão mais aos fornecedores de servidores exclusivos e com uma camada adicional de segurança. Nesse campo, a IBM, a HP, a Oracle e outras companhias da velha guarda poderão ter mais trunfos que a Amazon, a Google e a Microsoft.






Sete tácticas para flutuar na nuvem

Há cada vez mais empresários e empresas a diluir os seus custos recorrendo à nuvem tecnológica. Conheça seis firmas que optaram por usar recursos partilhados através da Internet.

1. Para reduzir os custos do seu "call center", a Capgemini, uma das maiores consultores tecnológicas do mundo, escolheu a solução integrada Google Apps for Business para gerir as comunicações entre colaboradores. Ao pagar 50 dólares por colaborar (36 euros), a firma evitou ter de desenvolver as suas aplicações.

2. Para não concorrer com os seus parceiros locais, a Dell precisava de um programa que permitisse gerir as vendas a par com os seus representantes oficiais. Os responsáveis pela empresa de computadores acabaram por seleccionar uma solução virtual da Salesforce.com.

3. Os administradores do Etsy, um sítio na internet que procura facilitar o comércio de produtos de artesãos de todo o mundo, alugam computadores da Amazon durante a noite para analisar cerca de mil milhões de comentários mensais (incluindo no Facebook) de modo a gerar um sistema automático de recomendações de compra.

4. Depois de analisar todas as alternativas, o InterContinental Hotels Group, que deverá estrear-se em Portugal em Junho ao abrir as portas do Palácio das Cardosas no Porto, optou por migrar o seu sistema central de reservas para os servidores da Amazon.

5. A Northrop Grumman, uma especialista em defesa e aeroespaço, usou a rede de computadores da Amazon para desenvolver um avançado sistema de cibersegurança. Bastou-lhe menos de um dia para treinar um sistema de inteligência artificial.

6. A Starbucks, a maior rede de cafés do mundo, confia na nuvem da Microsoft para levar correio electrónico com informação sobre vendas e promoções às várias equipas responsáveis pelos estabelecimentos.

7. Quando há um pico de jogadores nos servidores da Zynga, a empresa que detém o "Farmville" e o "Mafia Wars", entre outros, o excesso de tráfego é canalizado para a Amazon Web Services.






Os transportadores da internet

Firmas como a Akamai são as responsáveis pela maioria do tráfego de Internet em todo o mundo.

O seu presidente diz que 15% do tráfego mundial de Internet passa pelos seus servidores. Não é a Google. Não é a Microsoft. Nem a Amazon.com. Paul Sagan, o presidente executivo da Akamai Technologies, afirma que os seus 77 mil servidores distribuídos por mais de 70 países transportam mais informação do que os servidores da Google. Mas, ao contrário da Google, a Akamai não quer ser conhecida junto do público final. Os seus clientes são os grandes gestores de sítios na Internet. As empresas de transporte de conteúdos, como a Akamai, são o manto invisível da Internet. A Akamai tem dois grandes clientes: a Apple, que, através da empresa de Cambridge, realiza o envio de aplicativos, música e filmes para os computadores e terminais móveis que usam o iTunes, e a Netflix, um dos principais operadores de vídeo pela Internet que usa a infra-estrutura da Akamai para satisfazer os pedidos dos clientes. Porém, há muitos outros que procuram rapidez e fiabilidade na Akamai na apresentação de conteúdo na Internet, como as cadeias de televisão Fox e MTV Networks.

A vantagem de recorrer aos serviços de uma empresa de transporte de conteúdos é clara: não é preciso investir em servidores para poder ter múltipla informação e vários utilizadores a acederem simultaneamente aos seus sítios. Graças ao seu próprio sucesso, a Akamai tem de investir sucessivamente nesses servidores. Enquanto, em 2000, a informação transmitida pela Akamai em cada segundo encheria pouco mais de um DVD, agora, a cada movimento do ponteiro do relógio, seriam precisos mais de um milhar de discos.

Devido ao vasto mercado de transporte de conteúdo na Internet, que os especialistas avaliam em cerca de dois mil milhões de euros por ano, o presidente Paul Sagan (primo do astrónomo Carl Sagan) tem de aceitar a presença de pelo menos mais dois grandes operadores: a Limelight Networks e a Level 3 Communications. Aliás, alguns grandes clientes dispersam as suas comunicações por vários transportadores. A Netflix elegeu a Level 3, além da Akamai.


Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio