Notícia
Ainda vai a tempo de ganhar com o risco
Há mais de um ano que a instabilidade se apoderou dos mercados financeiros, num verdadeiro teste de resistência a quem neles tem aplicadas as suas economias.
21 de Agosto de 2008 às 13:14
Há mais de um ano que a instabilidade se apoderou dos mercados financeiros, num verdadeiro teste de resistência a quem neles tem aplicadas as suas economias.
Aos primeiros problemas no mercado hipotecário, sucederam-se biliões de euros de perdas pelos bancos associadas ao crédito e, logo a seguir, o efeito colateral na economia real.
Primeiro, nos Estados Unidos, onde há muito a palavra recessão é dominante. Mais recentemente na Europa, onde o "travão" na actividade ganha evidência. Elementos de perturbação que fizeram disparar o risco dos mercados, medido pelo aumento da volatilidade, para níveis que não se viam desde o fim da "bolha" tecnológica do final do anos 90.
Se o aumento do risco fez soar os sinais de alarme dos investidores, alertou-os também para a existência de oportunidades em produtos financeiros que beneficiam da subida da volatilidade. É o caso de instrumentos complexos como os "warrants", os futuros e os "contract for difference" (CFD), ou dos fundos de investimento especializados neste tema.
Mas, volvidos 12 meses frenéticos desde o eclodir da crise financeira, a turbulência dá sinais de estar a acalmar. As últimas quatro semanas foram de recuperação para as bolsas e a volatilidade recuou. Assim sendo, ainda valerá a pena tentar ganhar com a subida da volatilidade? Ou, ao invés, já perdeu este "comboio"? Tudo indica que ainda está a tempo.
"2008 está no caminho para ser o ano mais volátil dos mercados accionistas desde 1970, tendo em conta a extraordinária confluência de vários factores como a extensão da crise do crédito, a desaceleração da economia, a revisão em baixa dos resultados empresariais e os níveis elevados da inflação", refere a equipa de análise de acções do Citigroup, num estudo publicado na última semana, convicta de que "não existem sinais de que a volatilidade vai abrandar nos próximos meses".
A posição é partilhada pelos especialistas nacionais contactados pelo Negócios. "A instabilidade do sistema financeiro, aliada ao contexto macroeconómico actual, faz-nos acreditar que a volatilidade deverá permanecer em níveis acima dos valores médios observados desde 2005. Sendo assim, julgamos continuar a fazer sentido investir em produtos que permitem beneficiar da mesma", afirma a direcção de investimentos do Banco Best.
São vários os desafios para a economia que fazem o banco defender esta posição. "Estamos num cenário que apresenta indícios de estagflação (abrandamento económico acompanhado por inflação). E se já é expectável que a inflação venha a recuar no futuro próximo, fruto da correcção das matérias-primas e do próprio abrandamento económico, o que é certo é que a mesma continua ainda a condicionar as políticas monetárias dos bancos centrais, não permitindo a estes adoptar as desejadas descidas de taxas por forma a potenciarem a actividade económica. Além disso, a crise do 'subprime' parece que ainda não atingiu o seu fim, sendo expectável mais 'writedowns' (amortizações)", explica.
Já Gonçalo Gomes, do ActivoBank7, realça o carácter cíclico da rendibilidade e da volatilidade dos mercados accionistas. Tomando como exemplo da evolução do índice norte-americano S&P500 desde Dezembro de 1990, e assumindo médias móveis de 12 meses, o mesmo responsável afirma que "o valor esperado para a rendibilidade anual ronda os 10% e para a volatilidade os 15%".
É certo que a expectativa de volatilidade alta para os meses que se avizinham mantém em aberto as oportunidades de investimento, uma vez, como salienta Gonçalo Gomes, a inovação nos mercados financeiros "permitiu isolar a volatilidade e negociá-la como qualquer outro activo financeiro, através de contratos derivados". No entanto, é necessário estar ciente das características dos produtos de investimento disponíveis e, particularmente, do risco que acarretam.
Aos primeiros problemas no mercado hipotecário, sucederam-se biliões de euros de perdas pelos bancos associadas ao crédito e, logo a seguir, o efeito colateral na economia real.
Se o aumento do risco fez soar os sinais de alarme dos investidores, alertou-os também para a existência de oportunidades em produtos financeiros que beneficiam da subida da volatilidade. É o caso de instrumentos complexos como os "warrants", os futuros e os "contract for difference" (CFD), ou dos fundos de investimento especializados neste tema.
Mas, volvidos 12 meses frenéticos desde o eclodir da crise financeira, a turbulência dá sinais de estar a acalmar. As últimas quatro semanas foram de recuperação para as bolsas e a volatilidade recuou. Assim sendo, ainda valerá a pena tentar ganhar com a subida da volatilidade? Ou, ao invés, já perdeu este "comboio"? Tudo indica que ainda está a tempo.
"2008 está no caminho para ser o ano mais volátil dos mercados accionistas desde 1970, tendo em conta a extraordinária confluência de vários factores como a extensão da crise do crédito, a desaceleração da economia, a revisão em baixa dos resultados empresariais e os níveis elevados da inflação", refere a equipa de análise de acções do Citigroup, num estudo publicado na última semana, convicta de que "não existem sinais de que a volatilidade vai abrandar nos próximos meses".
A posição é partilhada pelos especialistas nacionais contactados pelo Negócios. "A instabilidade do sistema financeiro, aliada ao contexto macroeconómico actual, faz-nos acreditar que a volatilidade deverá permanecer em níveis acima dos valores médios observados desde 2005. Sendo assim, julgamos continuar a fazer sentido investir em produtos que permitem beneficiar da mesma", afirma a direcção de investimentos do Banco Best.
São vários os desafios para a economia que fazem o banco defender esta posição. "Estamos num cenário que apresenta indícios de estagflação (abrandamento económico acompanhado por inflação). E se já é expectável que a inflação venha a recuar no futuro próximo, fruto da correcção das matérias-primas e do próprio abrandamento económico, o que é certo é que a mesma continua ainda a condicionar as políticas monetárias dos bancos centrais, não permitindo a estes adoptar as desejadas descidas de taxas por forma a potenciarem a actividade económica. Além disso, a crise do 'subprime' parece que ainda não atingiu o seu fim, sendo expectável mais 'writedowns' (amortizações)", explica.
Já Gonçalo Gomes, do ActivoBank7, realça o carácter cíclico da rendibilidade e da volatilidade dos mercados accionistas. Tomando como exemplo da evolução do índice norte-americano S&P500 desde Dezembro de 1990, e assumindo médias móveis de 12 meses, o mesmo responsável afirma que "o valor esperado para a rendibilidade anual ronda os 10% e para a volatilidade os 15%".
É certo que a expectativa de volatilidade alta para os meses que se avizinham mantém em aberto as oportunidades de investimento, uma vez, como salienta Gonçalo Gomes, a inovação nos mercados financeiros "permitiu isolar a volatilidade e negociá-la como qualquer outro activo financeiro, através de contratos derivados". No entanto, é necessário estar ciente das características dos produtos de investimento disponíveis e, particularmente, do risco que acarretam.