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2010 será um ano menos sumarento?

Desengane-se quem pensa que 2010 vai trazer os retornos do ano passado nas matérias-primas. Escaladas como as do sumo de laranja ou do cobre não vão ser igualadas tão cedo. Mas vai haver subidas. E, neste momento de correcção, vale a pena apostar...

05 de Março de 2010 às 09:30
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Desengane-se quem pensa que 2010 vai trazer os retornos do ano passado nas matérias-primas. Escaladas como as do sumo de laranja ou do cobre não vão ser igualadas tão cedo. Mas vai haver subidas. E, neste momento de correcção, vale a pena apostar.

O ano passado foi, decididamente, brilhante para as matérias-primas. Muitas valorizaram mais de 100%, com destaque para o sumo de laranja e alguns metais industriais. E as previsões apontavam para que a tendência de subida continuasse em 2010, devido às estimativas de crescimento económico mundial.

Mas talvez o cenário acabe por não ser tão altista como se pensava, uma vez que a retoma económica está a ser mais lenta do que o esperado. Aliás, já se observam algumas correcções. O índice de matérias-primas Reuters/Jefferies CRB é disso um exemplo, com uma descida de 3,16% desde o início do ano.

Será então esta uma oportunidade para voltar a apostar nas "commodities"? A maior parte dos analistas acredita que sim, mas não se esperem os retornos do passado recente. De qualquer das formas, comprar agora com preços mais baixos irá valer a pena. Não em relação à maioria das matérias-primas, mas pelo menos para uma boa dúzia delas.

Num "apanhado" das estimativas de várias casas de investimento, são 12 as matérias-primas com perspectiva de melhor valorização: petróleo, cobre, milho, ouro, minério de ferro, cacau, platina, prata, algodão, sumo de laranja, zinco e níquel.

O ouro, que recentemente atingiu sucessivos máximos históricos e que em 2010 deverá marcar o seu 10º ano consecutivo de ganhos, sobe perto de 2% desde 1 de Janeiro. O investimento em ouro é interessante, pois a questão do risco soberano não vai desaparecer tão cedo, segundo a Allianz Asset Management. Por seu lado, a prata e a platina também deverão fazer brilhar o panorama para os metais preciosos.

O petróleo também deverá continuar a jorrar para bem alto. "A longo prazo, o "crude" será claramente uma boa aposta, pois deverá beneficiar da recuperação económica, de níveis de inventários baixos e da manutenção das quotas por parte da OPEP. A contribuir estará também o forte crescimento da procura e a sensibilidade a riscos/eventos políticos", disse Marco Baptista Roque, analista financeiro do Barclays, ao Negócios.

De acordo com as estimativas de 38 analistas, o West Texas Intermediate, "crude" de referência dos EUA, atingirá este ano um preço médio de 78 dólares por barril, que subirá para 85 dólares em 2011 e 95 dólares em 2012. O WTI deverá, aliás, voltar a ficar mais caro do que o seu congénere de referência da Europa, o Brent. "O WTI sempre se transaccionou com um prémio sobre o Brent, excepto nos últimos dois anos, mas penso que isto foi uma excepção e não a regra, pelo que prevejo que a antiga correlação regresse", comentou ao Negócios um analista da Oppenheimer, Fadel Gheit.

Para Marco Baptista Roque, as matérias-primas que poderão ter melhor "performance" este ano são o cobre e o níquel, "que deverão ser impulsionados principalmente pela reposição dos inventários de metais base nos países da OCDE". Ainda nos metais industriais, o níquel e o zinco inserem-se igualmente no consenso de mercado em matéria de valorizações. Mas nos próximos meses poderão registar a uma menor subida ou até mesmo a uma correcção.

"A procura de 'commodities' para investimento, especialmente de metais, deverá diminuir nos próximos três meses devido aos receios de que a retoma económica seja mais lenta do que o esperado", salientou na semana passada a Allianz Investment Management. A possível desaceleração económica na China e o "outlook" para a procura nos Estados Unidos são os dois factores que colocam maiores riscos às matérias-primas, segundo a Allianz.

"Na minha opinião, qualquer subida das matérias-primas será movida pela confiança no consumo chinês e se ele será sustentável como no ano passado. As 'commodities' industriais não terão um desempenho tão bom como em 2009", referiu numa nota de "research" o analista Nikhil Srinivasan, da Allianz.

No domínio das matérias-primas agrícolas, o sumo de laranja vai continuar a dar que falar. Impulsionada em 2009 pela vaga de frio nos EUA - que está a assolar de novo o país, comprometendo as colheitas de citrinos - e pela maior procura de vitaminas devido à Gripe A, esta matéria-prima deverá continuar sumarenta. "Os fundamentais para o sumo de laranja são os mais optimistas de todas as matérias-primas", afirmou na semana passada um gestor da OptionSellers, James Cordier, citado pela Bloomberg.








Índices de matérias-primas podem subir menos


O índice Reuters/Jefferies CRB, que negoceia em Nova Iorque um cabaz de 19 mercadorias, teve em 2009 o melhor ano desde 1979. Desempenho igualmente positivo teve o índice avançado de retorno total S&P GSCI, que agrupa 24 matérias-primas, ao disparar 50%. Tratou-se do melhor ano desde 1971. Contudo, os ganhos de 2009 não deverão replicar-se este ano. Apesar de tudo apontar para que os índices globais de matérias-primas subam, o crescimento será menor do que aquilo a que nos habituaram nos últimos tempos. Até porque, de momento, estão numa fase de correcção. É o caso do CRB, que cai 3,16% no acumulado de 2010. E segundo os analistas do Barclays Capital, esta tendência de queda do CRB ainda não chegou ao fim.












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As previsões médias dos analistas, recolhidas pela Bloomberg, apontam para uma valorização dos preços em 2010, com especial destaque para o último trimestre do ano.



Ouro
























A subir pelo 10º ano consecutivo


"Os preços do ouro deverão avançar com a volatilidade dos mercados e uma vez que os investidores procuram um valor-refúgio contra a inflação", diz a ETF Securities, citada pela Bloomberg. Existe o risco de este metal perder impulso se os EUA subirem juros, já que ficam diminuídos os receios de pressão inflacionista que costumam tornar o ouro muito atractivo. Mas a Fed garantiu na semana passada que os juros deverão continuar baixos "por um período alargado".







Petróleo

























Menor oferta será um catalisador


"Os preços deverão negociar entre 60 e 90 dólares nos dois próximos anos. Cotações fora deste intervalo não são sustentáveis por razões económicas e geopolíticas", diz Fadel Gheit, da Oppenheimer. Para o Goldman Sachs, o forte crescimento da procura nos países não-OCDE compensará a menor retoma do consumo na OCDE, com o aumento limitado da oferta a funcionar igualmente como catalisador. O WTI, referência nos EUA, deverá atingir uma média de 78 dólares este ano.







Cobre
























Ao sabor da retoma económica


O cobre, que valorizou mais de 100% no ano passado em Londres (LIFFE), recolhe a unanimidade entre as estimativas de alta para 2010. O Goldman Sachs, apesar de na sexta-feira se ter mostrado mais cauteloso com as previsões para este metal industrial devido à lenta retoma económica, prevê-lhe um bom desempenho. A mesma opinião tem a Fitch Ratings, que sublinhou que a especulação está a ajudar à subida dos metais de base, bem como a procura da China.







Milho

























O cereal mais apetecido


Este cereal está entre as preferências do Goldman Sachs, já que apresenta um dos maiores potenciais de subida. Apesar do aumento da oferta, as reservas mundiais deverão cair no ano agrícola de 2009/10, prevê o banco. Por outro lado, o Goldman diz que a procura deste cereal deverá aumentar, especialmente no que diz respeito ao milho utilizado para a produção de biocombustíveis. Dentro de 12 meses, o Goldman estima que o açúcar estará nos 4,75 dólares por alqueire, contra 3,8 actualmente.







Prata
























O brilho vai continuar


A prata, que segue tradicionalmente os passos do ouro, poderá disparar 18% este ano, dizem as previsões segundo o grupo de "research" de "commodities" CPM Group. Actualmente a negociar nos 16,18 dólares por onça, as projecções dos analistas compiladas pela Bloomberg apontam para os 18 dólares no final do ano. O último trimestre de 2010 será mesmo o melhor, com este metal precioso a atingir, segundo as estimativas, uma média de 19 dólares.







Cacau























Défice de produção na mira


O cacau, que está actualmente a negociar nos 2.930 dólares por tonelada no mercado londrino, é uma das recomendações em carteira feitas pelo JPMorgan Chase no início deste mês. E o Goldman Sachs também tem uma visão optimista para a evolução das cotações desta matéria-prima agrícola, na expectativa de que o mercado continue a ser pressionado por um défice da produção pelo segundo ano consecutivo. A campanha agrícola do cacau teve início a 1 de Outubro.




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