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Fundos de contribuições fixas preocupam mais

Em entrevista ao Negócios, o responsável da consultora Mercer, realça as preocupações com os planos de pensões de contribuições fixas e justifica a desvalorização do património dos fundos de pensões com a instabilidade dos mercados de capital.

28 de Agosto de 2008 às 12:45
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Em entrevista ao Negócios, o responsável da consultora Mercer, realça as preocupações com os planos de pensões de contribuições fixas e justifica a desvalorização do património dos fundos de pensões com a instabilidade dos mercados de capital.

A perda de valor do património dos fundos de pensões nacionais explica-se apenas pela instabilidade dos mercados de capitais, resultante da crise financeira internacional?


Para a baixa "performance" contribuíram factores como o abrandamento económico nos Estados Unidos e na Europa. Também o acentuar das pressões inflacionistas com as subidas de preço do petróleo, bens alimentares e matérias-primas, que penalizaram os mercados accionistas, a subida das "yields", que penalizaram as obrigações de dívida pública, e o alargamento dos "spreads" de crédito. Os resultados do semestre deverão, contudo, ser contextualizados no histórico de "performances" dos fundos de pensões. Numa perspectiva de mais longo prazo, os fundos de pensões em Portugal registaram em termos medianos uma "performance" positiva de 8,6% entre 1990 e o primeiro semestre deste ano (rendibilidade anualizada). Vale ainda a pena fazer a distinção entre planos de Benefício Definido (BD), que asseguram um determinado benefício na reforma previamente definido, e os planos de Contribuição Definida (CD), em que estão pré-definidas as contribuições, dependendo o benefício da rendibilidade das contribuições. Porquê essa distinção?

Nos planos BD, mais do que apenas o valor dos activos financeiros, a grande preocupação da empresa é a relação dos activos, ou seja do valor do fundo, com os passivos, que são as responsabilidades). Se, por um lado, o contexto desfavorável nos mercados faz baixar o valor dos activos, por outro, o movimento de subida das taxas de juro favorece a queda das responsabilidades. Pelo que o nível de financiamento (relação activos/responsabilidades) de alguns fundos tem, inclusivamente, melhorado nestas circunstâncias. Quanto aos planos CD, o presente cenário dos mercados financeiros vem evidenciar a necessidade de diferentes pessoas terem diferentes perfis de risco, que se adeqúem em função das suas características. Um fundo de pensões é um investimento de longo prazo, e a presente instabilidade dos mercados de capitais é uma questão conjuntural. Fará sentido que pessoas mais perto da idade de reforma, mais avessas ao risco, adoptem estratégias mais conservadoras que protejam o capital. E pessoas mais jovens, com mais tempo para capitalização dos seus investimentos, assumam um maior nível de risco, tendencialmente beneficiando de maiores retornos no longo prazo. É expectável que o retorno dos fundos de pensões continue a descer, nomeadamente em Agosto? É possível adiantar um cenário ?

Desde o final do semestre assistiu-se à queda do preço do petróleo e à valorização do dólar. Os mercados accionistas reagiram positivamente a estes dois movimentos de mercado, mas o regresso de notícias negativas no sector financeiro e dados económicos fracos com especiais implicações no consumo, ditaram o regresso às desvalorizações nos índices accionistas. No mês de Julho, a "performance" dos fundos de pensões situou-se em 0,3% (beneficiando do retorno positivo da taxa fixa), enquanto que entre 31 de Julho e 19 de Agosto, a Mercer estima uma rendibilidade mediana de 0,4%. Face à instabilidade dos mercados de capitais, quais as principais alterações em termos de gestão do património verificadas, em particular no peso dos activos?

A alocação de activos média dos fundos de pensões nacionais não sofreu alterações muito significativas na sequência da instabilidade dos mercados. Assistiu-se de facto nos últimos trimestres a alguma redução da exposição accionista dos fundos de pensões portugueses, em termos médios, sendo parte desta redução explicável pela própria desvalorização destes activos. De realçar que esta é a tendência em termos de média, não correspondendo, necessariamente, ao comportamento de todas as entidades gestoras.

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