Notícia
Vivendi lança OPA de 3,9 mil milhões sobre a Havas
A francesa Vivendi quer comprar a empresa gaulesa de publicidade Havas por 3,9 mil milhões de euros, num plano orquestrado pelo multimilionário Vincent Bolloré, que compra ambas as empresas.
O império de media Vivendi lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Havas, no valor total de 3,9 mil milhões de euros, avançou a Bloomberg. O negócio está a ser delineado por Vincent Bolloré, que é presidente do conselho de administração da Vivendi e que é também pai do CEO e "chairman" da Havas - Yannick Bolloré.
Vincent controla ambas as empresas e quer capitalizar as oportunidades comuns em matéria de conteúdos e grandes volumes de dados da Vivendi – cujos activos vão da televisão à música – e da Havas [direccionada para o marketing e publicidade].
A Vivendi ofereceu 2,3 mil milhões de euros, ou 9,25 euros por acção, pela posição de 60% do Groupe Bolloré na Havas, anunciou a empresa em comunicado ao mercado, no mesmo dia em que reportou as suas contas trimestrais.
Esta oferta é assim 11% superior ao preço de fecho da Havas na sessão de quarta-feira, 10 de Maio. Se a Vivendi e Bolloré chegarem a bom porto com a Havas e concluírem o negócio, a Vivendi lançará depois uma oferta sobre o restante capital accionista, ao mesmo preço – e sem ter em vista a retirada de bolsa da Havas, segundo a mesma fonte. O que totalizará 3,9 mil milhões de euros.
Este negócio "adequa-se na perfeição num sector que está a converger entre conteúdos, distribuição e comunicação", declarou o CEO da Vivendi, Arnaud de Puyfontaine, numa conferência com analistas. "Conhecemo-nos todos muito bem, gostamos de trabalhar em conjunto e o nosso ambiente é totalmente amigável", acrescentou, citado pela Bloomberg.
A conjugação de ambos os negócios aumenta o potencial de conflitos de interesse, dado que a Havas compra publicidade nas plataformas de media em nome de anunciantes, e a Vivendi detém algumas dessas plataformas, sublinham os analistas. A título de exemplo, a Vivendi detém uma posição na italiana Mediaset SpA.
Yannick Bolloré, recorde-se, comprometeu-se a transformar a Vivendi numa gigante capaz de competir com a Time Warner.
A Vivendi apresentou esta quinta-feira os seus resultados do primeiro trimestre, tendo reportado lucros ajustados de 149 milhões de euros, o que correspondeu a uma queda de 30% face ao período homólogo de 2016. A média projectada pelos analistas inquiridos pela Bloomberg era de 180 milhões de euros.
Este recuo deveu-se sobretudo pela queda de 66% nos lucros da sua unidade de TV paga Canal Plus.
A Vivendi reiterou, contudo, a sua estimativa de aumento das receitas este ano, em mais de 5%, e de um crescimento de cerca de 25% dos lucros.
Vincent Bolloré, além de "chairman" da Vivendi, detém 21% na empresa. E no ano passado, recorda a Bloomberg, fez disparar a especulação quando disse ao jornal francês Les Echos que "obviamente, um dia haverá algo entre a Vivendi e a Havas".
A Havas, com 20.000 trabalhadores repartidos por 100 países, registou receitas de 2,3 mil milhões de euros em 2016, não tendo ainda divulgado as contas do primeiro trimestre deste ano.