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Vitória surpreendente da esquerda em França anima mercados europeus
A ameaça da ascensão da extrema-direita, que estava a pressionar os mercados europeus, foi neutralizada na segunda volta das eleições francesas. A vitória da coligação de esquerda está a dar ímpeto aos mercados europeus, mas a formação do futuro executivo levanta dúvidas.
Os mercados europeus estão a reagir com otimismo aos resultados das eleições francesas. Depois da ascensão da extrema-direira nas eleições europeias e na primeira volta das legislativas ter pressionado as bolsas europeias, a vitória surpreendente da coligação de esquerda parece ter dado ímpeto às principais praças europeias.
O principal índice francês, CAC-40, encontra-se a valorizar 0,85%, depois de ter iniciado a sessão no vermelho. Apesar da extrema-direita ter saído derrotada destas eleições – uma possível vitória do partido de Marine Le Pen estava a pressionar os mercados franceses -, o clima de incerteza política continua a pairar sobre França.
Os resultados finais ainda não foram conhecidos, mas a contagem preliminar aponta para 182 lugares para a coligação de esquerda – muito longe dos 289 necessários para uma maioria absoluta. A coligação "macronista" ficou-se pelos 168, mas conseguiu ascender para o segundo lugar. Já a União Nacional, que encerrou a primeira volta no primeiro lugar do pódio, acabou por cair para terceiro, ficando pelos 143 lugares.
A formação do próximo governo francês fica, agora, dominada pela incerteza. Ainda não se sabe quem vai liderar o executivo, mas uma análise de Antoine Andreani, da XTB, indica que, se Mélenchon, da França Insubmissa, encabeçar o executivo, as suas políticas "podem causar alguma incerteza aos investidores".
"Se a extrema-esquerda formar um governo, as suas políticas, a serem postas em prática, irão certamente agravar a situação fiscal de França e colocar o país em rota de colisão com Bruxelas devido a uma violação das regras fiscais", afirma o analista numa nota enviada ao Negócios.
Um primeiro-ministro socialista seria a melhor resposta para os mercados, tendo em conta o cenário político atual, uma vez que seria mais fácil de criar pontes com o Presidente Emmanuel Macron e a coligação de partidos que apoia. "O líder do Partido Socialista disse que não vai continuar com as políticas de Macron, no entanto, ele soou mais conciliador do que Mélenchon", acrescentou Manuel Carvalho.
Apesar destas preocupações, a derrota da extrema-direita está a animar os mercados europeus. O índice de referência da região, Stoxx 600, soma 0,61% para 519,75 pontos e todas as principais praças encontram-se no verde.
Como indica Michael Field, estratega da Morningtar, à Reuters, "a eleição de uma aliança de esquerda não seria, normalmente, algo que os mercados estariam a celebrar, mas, tendo em conta o medo dos investidores em relação a um governo de extrema-direita, este resultado parece estar a ser bem recebido".
Notícia atualizada com alteração do nome do autor da nota da XTB