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Tweets de Trump sobre comércio afectam apenas uma classe de activos

Houve um tempo em que os tweets de Donald Trump provocavam mais nervosismo no mercado do que um teste nuclear norte-coreano, com ataques direccionados a empresas que desencadeavam quedas nas suas acções.

EPA
28 de Julho de 2018 às 09:30
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Agora, os tweets do presidente dos EUA sobre grandes mudanças no comércio internacional algumas vezes causam descontentamento entre os líderes mundiais - mas, para os traders, eles só são importantes para quem está a especular com a soja.

 

"Praticamente todas as semanas os mercados têm de digerir uma retórica comercial mais dura de membros do governo dos EUA e da conta do presidente no Twitter", escreveram James Weldon e Charles Himmelberg, estrategas do Goldman Sachs, numa nota de research. "Encontrámos evidências de que os tweets do presidente Trump sobre o comércio externo têm muito pouca importância para os principais mercados".

 

A dupla não encontrou nenhuma "relação óbvia" entre as menções "comércio" e "tarifas" pelo presidente e o Cboe Volatility Index. O índice de volatilidade, conhecido como VIX, monitora as expectativas dos traders para as oscilações implícitas do índice S&P 500 no mês seguinte e é frequentemente chamado "índice do medo" de Wall Street porque oscila na direcção inversa à das acções dos EUA.

 

"Os tweets do presidente Trump não são estatisticamente significativos", disseram os estrategas do Goldman.

 

Esta conclusão representa uma grande mudança para a conta @realDonaldTrump. Quando foi eleito presidente, o comentário de Trump de que os EUA deveriam "cancelar a encomenda" de um novo Air Force One que estava a ser construído pela Boeing porque os custos estavam "fora de controlo" provocou uma queda rápida das acções da gigante aeronáutica.

 

Em Maio de 2017, depois de Trump já ter assumido o cargo, uma análise do Deutsche Bank concluiu que os traders deveriam "seguir" o presidente quando seus tweets movimentavam o mercado cambial, porque qualquer tendência iniciada provavelmente iria manter-se. E no passado dia 2 de Abril o tweet de Trump em que prometeu mudar os termos das transacções do serviço de correios dos EUA com a Amazon.com contribuiu para a maior queda num único dia, desde Fevereiro de 2016, das acções da gigante do comércio lectrónico.

 

Importância para a soja

Mas, segundo os estrategas do Goldman, a situação mudou. "O único activo sobre o qual os tweets de Trump relacionados com o comércio parecem ter alguma influência é a soja", escreveram Weldon e Himmelberg.

 

"O resultado bate certo com a opinião da nossa equipa de commodities de que as tensões comerciais devem ter pouco impacto sobre os mercados das matérias-primas, sendo a única excepção a soja, mercado no qual será impossível redireccionar completamente a oferta se a China aplicar tarifas à soja americana".

 

Ou seja, a lei dos rendimentos decrescentes pode aplicar-se ao Twitter do presidente no tocante ao comércio externo, assunto que, segundo os investidores, é o maior risco de cauda de consenso para os mercados desde a crise da dívida soberana europeia, em Julho de 2012.

 

"Isso não quer dizer que os mercados não estejam a precificar o risco comercial ou que as tensões comerciais não sejam motivo para preocupação", escreveram os estrategas do Goldman. "Mas as nossas descobertas sugerem que os mercados globais provavelmente não fixarão o preço do risco crescente de uma guerra comercial a conferirem o que é escrito no Twitter", explicaram.

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