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Sonae Indústria e BPI foram o refúgio dos fundos na crise

A crise financeira internacional teve "mão" pesada em Portugal. Não só levou os portugueses a retirarem perto de dois mil milhões de euros das suas poupanças nos fundos de investimento, como obrigou os gestores nacionais a alterarem as suas estratégias de

11 de Outubro de 2007 às 08:19
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A crise financeira internacional teve "mão" pesada em Portugal. Não só levou os portugueses a retirarem perto de dois mil milhões de euros das suas poupanças nos fundos de investimento, como obrigou os gestores nacionais a alterarem as suas estratégias de investimento.

O Jornal de Negócios analisou as posições dos fundos de acções nacionais nas cotadas portuguesas e verificou que este trimestre "negro" para a bolsa foi marcado pelo reforço dos fundos apenas em dez cotadas da Euronext Lisbon. Sonae Indústria, BPI, Sonae SGPS, SAG e Martifer foram as empresas com o maior número de acções adquiridas, num período em que o gestores venderam algumas das acções que mais haviam valorizado antes do começo da turbulência das bolsas.

Sem surpresa, nos três meses de Verão assistiu-se a um reduzir das posições dos fundos nacionais nas empresas da bolsa de Lisboa. Mais de 80% das cotadas portuguesas viu os gestores nacionais reduzir posições. Mas vender nem sempre foi a palavra de ordem.

Com o objectivo de ver o comportamento dos fundos de acções nacionais durante a crise financeira, o Jornal de Negócios analisou a evolução de todos os investimentos dos fundos de acções nacionais nos meses conturbados de Julho, Agosto e Setembro.

Deste balanço da crise, resultam duas evidências principais. Uma primeira indica que os sete fundos especializados no mercado português reforçaram as suas posições apenas em dez das 54 empresas cotadas na Euronext Lisbon. Uma segunda, mais relevante em termos da estratégia seguida pelos gestores na crise, coloca a Sonae Indústria e o BPI em destaque, ao terem notoriamente o maior número de acções adquiras no terceiro trimestre do ano.

A Sonae Indústria foi o título mais procurado no mercado português durante este período turbulento. No total, os fundos de acções nacionais compraram cerca de 1,6 milhões de acções da empresa liderada por Bianchi de Aguiar. Este reforço revelou-se insuficiente para suportar o preço dos títulos, que entre Julho e Setembro, registaram a sexta maior queda da Euronext Lisbon, com uma queda de 24,74%. A desvalorização foi aproveitada pelos fundos para comprar acções da Sonae Indústria com um preço mais barato.

Muito próximo surge o BPI, que viu os gestores adquirirem mais de 1,15 milhões de títulos no último trimestre. E também neste caso, o reforço não conseguiu travar a queda das acções, embora esta tenha sido das menos significativas do mercado. A desvalorização situou-se nos 6,23%.

Entre os maiores reforços deste trimestre turbulento nos mercados, destacam-se ainda a Sonae SGPS, a SAG e a Martifer. No entanto, as aquisições em cada uma destas empresas não atingiram nem metade do que se verificou na Sonae Indústria e no BPI., embora tenha permitido suportar as cotações. Terá sido esse o caso da SAG, cujas acções valorizaram 10,75% naquela que foi a segunda melhor "performance" do mercado no trimestre. A completar o grupo dos dez títulos com saldo positivo, estão a Galp Energia, Cofina, Novabase, Sumolis e Toyota Caetano.

Da mesma forma que a recente instabilidade criou algumas oportunidades de compra para os fundos, serviu também de mote para vender ou reduzir posições. A Teixeira Duarte foi quem teve mais ordens de venda por parte dos fundos, que se desfizeram de mais de três milhões de acções da construtora. Uma pressão vendedora que condicionou fortemente a negociação em bolsa da empresa que, entre Julho e Setembro, afundou 46,17%. Neste sector, também a Soares da Costa foi excluída das escolhas dos gestores, com mais de um milhão de títulos alienados.

A Jerónimo Martins foi a segunda cotada nacional mais vendida, com a sua presença nas carteiras dos fundos a ser reduzida em 2,34 milhões de acções. Logo de seguida, surgem a Altri com 1,47 milhões de acções, a ParaRede com 1,3 milhões, e a Mota-Engil com 1,28 milhões. Acima do patamar de um milhão de acções vendidas está também a Impresa.

A informação apresentada resulta de uma análise agregada da composição discriminada das carteiras do Banif Acções Portugal, Barclays Premier Acções Portugal, BPI Portugal, Caixagest Acções Portugal, Espírito Santo Portugal Acções, Millennium Acções Portugal e Santander Acções Portugal, nos meses de Julho, Agosto e Setembro. Estes fundos registaram perdas entre 12% e 8,45% no trimestre em análise.

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