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Robôs crescem em Wall Street

A gestão de activos por robôs-consultores é uma realidade em crescimento em Wall Street, que deverá atingir os cinco biliões de dólares na próxima década, calcula o Citi. Em Portugal, ainda tem pouca expressão.

12 de Setembro de 2015 às 15:00
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Operadores a correr de um lado para o outro nas bolsas, a empunhar pequenos papéis com as ordens dos investidores, é a imagem típica dos filmes de Wall Street. Mas, actualmente, a gestão das bolsas é maioritariamente feita de forma automática, em computadores, que processam milhares de ordens em fracções de segundos. E este avanço tecnológico nas bolsas está a ganhar dimensão nas gestoras de activos.

"A ascensão das máquinas" é a revolução que está a agitar Wall Street, diz o Citigroup. No futuro, os "robôs-consultores" ("robo-advisers") vão dominar uma indústria de biliões de dólares, escrevem os analistas do Citi, numa nota de "research".
Nos próximos 10 anos, os activos sob gestão de super-computadores poderão ascender aos cinco biliões de dólares, calcula a unidade de investimento do banco. Em apenas dois anos, os activos sob gestão automatizada passaram virtualmente do zero, em 2012, para 14 mil milhões de dólares, no final de 2014, nota a equipa de analistas, liderada por Haley Tam.

"Os robôs, algoritmos e modelos matemáticos são uma só realidade que já se encontra madura no mercado de capitais", diz João Queiroz, responsável pela sala de mercados da GoBulling. Em Portugal, no caso da negociação, "temos assistido a uma utilização crescente destas ferramentas" que permitem gerir ordens de compra e venda de forma automática, diz Albino Oliveira. Mas, no caso da gestão de activos e aconselhamento, esta ainda não é uma realidade com forte expressão em Portugal, explica o analista da Fincor.

Na gestão de activos, Albino Oliveira destaca a utilização de fundos quantitativos. "São fundos nos quais a tomada de decisão por parte dos gestores tem por base um conjunto de modelos numéricos", explica. Estes modelos fornecem conselhos de investimento tendo em conta um conjunto de informação sobre o investidor, como o retorno esperado e o perfil de risco.

Em Portugal, a utilização de modelos matemáticos para a gestão de activos "em algumas instituições já se encontra bastante disseminada e chega a representar uma importante quota da sua actividade", considera, por outro lado, João Queiroz. Mas, na Go Bulling, "como serve os requerimentos de uma clientela específica, até agora, não tem tido representatividade", explica.

Grandes máquinas para pequenos investidores

A BlackRock, a maior gestora de activos do mundo, anunciou recentemente a aquisição da Future Adviser, uma empresa com um robô de aconselhamento de investimento. O objectivo da BlackRock é disponibilizar a plataforma da Future Adviser a bancos, corretoras e seguradoras para gerar conselhos para pequenos investidores. Há cada vez mais jovens investidores que preferem aconselhamento "online", em vez de contratar um gestor, nota a BlackRock, que compara estes robôs-consultores a uma caixa multibanco. 

"Toda a gente diz que os robôs não conseguem estabelecer ligação com os clientes", diz Larry Fink, citado pelo Business Insider. "Eu acredito que este tipo de ferramentas são como uma caixa de multibanco automática, todos teremos que ter" no futuro, diz o presidente executivo da BlacRock.  

Para o Citi, esta é uma ameaça para os grandes bancos que dominam o negócio da gestão de activos. A utilização de super computadores para gerar conselhos de investimento automáticos irá não apenas aumentar a concorrência como pressionar as margens das comissões cobradas para a gestão de activos. Ainda assim, "acreditamos que haverá sempre espaço para aconselhamento presencial para aqueles portefólios mais valiosos", dizem os analistas.

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