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Pedro Castro e Almeida: "Melhor forma de perder dinheiro é deixá-lo nos depósitos"

O presidente executivo do Santander destacou esta quinta-feira a necessidade de colocar a poupança no topo das preocupações.

Reuters
08 de Outubro de 2020 às 12:34
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O reduzido nível de poupança dos portugueses é um dos principais problemas do país e que deve ser colocado no topo das preocupações, procurando colocar o dinheiro das famílias ao serviço da retoma da economia. Esta é uma das conclusões das intervenções na conferência anual da CMVM, com Pedro Castro e Almeida, o presidente do Santander, a realçar que deixar o dinheiro em depósitos à ordem é a melhor forma de perder dinheiro.

 

"Faz-me confusão como não está a poupança no topo das prioridades", alertou o presidente do Santander Totta, destacando o reduzido nível de poupança em Portugal, apesar da taxa estar em máximos.

 

Num debate dedicado à proteção do investidor, na conferência da CMVM realizada no âmbito da Semana Mundial do Investidor, Pedro Castro e Almeida realçou que "a melhor forma de se perder dinheiro é deixar o dinheiro nos depósitos à ordem nos próximos 10 anos, que as taxas vão ficar como estiveram nos últimos 5 praticamente negativas e pelo efeito da inflação, mesmo baixo".

 

Ao contrário de outros moderadores, que alertaram para a necessidade de implementar benefícios fiscais para estimular a poupança, o presidente do Santander refere que não é um grande "fã de aumentar incentivos", notando que é preciso mudar a cultura de poupança em Portugal.

 

Madalena Torres, presidente executiva do Banco Best, também reconhece que os "depósitos têm vindo a aumentar, mas parte desse dinheiro está em depósitos à ordem", alertando que isto "é extraordinariamente preocupante, porque não há estímulos para essa poupança".

 

Uma solução que poderia ajudar a inverter esta tendência e alocar parte dessa poupança para outros produtos seria, na opinião de Madalena Torres, a criação de "fundos dirigidos a pequenos investidores e poupança privada interna, com alguma forma de garantia do Estado, permitiria direcionar estes fundos para as empresas portuguesas que vão ter que fazer face à reindustrialização".

 

Já João Pratas, presidente da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP), argumenta que os benefícios são a única forma de canalizar a poupança para outros produtos, pedindo a aplicação de regimes fiscais para os fundos idênticos a outros produtos, como seguros, que usufruem de uma fiscalidade mais favorável a partir de um determinado prazo.

 

Também Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM, voltou a destacar, no discurso de abertura da conferência, a necessidade de se implementar um plano estratégico para dinamizar o mercado de capitais, reforçando o empenho do regulador neste processo.

 

"Portugal precisa de um plano estratégico para o mercado de capitais e este deve estar enquadrado na estratégia nacional de resiliência e recuperação que está a ser desenhada", defendeu Gabriela Figueiredo Dias. A presidente da CMVM, que aplaudiu a iniciativa do Governo na criação de uma task-force para analisar as recomendações da OCDE para a dinamização do mercado de capitais em Portugal, acrescentou que esse plano estratégico "não pode deixar de ter o investidor no seu centro, visando a geração de confiança, a criação de oportunidades para as famílias e a canalização produtiva das suas poupanças para a economia e as nossas empresas, ao serviço de um Portugal melhor".

 

João Nuno Mendes, o secretário de Estado das Finanças, adiantou que espera que a task-force para analisar as medidas de dinamização propostas tenha um líder ainda este mês, argumentando que este grupo de trabalho "vai aproveitar deste ambiente que convida à mudança".

 

Mais do que trabalhar para a realidade nacional, João Nuno Mendes defende que a task-force deve preparar uma resposta para a realidade local que conhecemos, mas sim antecipar uma realidade nova, em que os países estão a imprimir velocidade à união dos mercados de capitais.

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