O Banif considera que a oferta pública de aquisição lançada pelo BCP pelo Banco BPI tem 20% de hipóteses de sucesso «tal como está», tendo em conta que o banco liderado por Paulo Teixeira Pinto consiga «quebrar» o pacto de accionistas do BPI.

Na nota de «research», os analistas Carla rebelo e Gonçalo Lopes analisaram vários cenários e probabilidades sobre a oferta de aquisição do Banco Comercial Português ao BPI, no valor de 4,33 mil milhões de euros.

Os analistas atribuem à operação «tal como está» uma probabilidade de sucesso «muito baixa», cerca de 20%, já incorporando a possibilidade do BCP conseguir «quebrar» o pacto de accionistas do BPI. Neste cenário, o Banif atribuiria um preço-provável de 5,70 euros para o BPI e de 2,66 euros para o BCP incorporando as «esperadas sinergias» e o desconto dos «20% que reflectem os riscos de execução e o mais elevado potencial de duplicação de receitas».

No topo das probabilidades estão dois cenário. O Banif atribui uma probabilidade de 23,3% da OPA do BCP falhar e de não rever o preço oferecido, continuando o BPI a reter um ângulo especulativo e o próprio BCP passar a alvo. Neste caso, o preço atribuível pelo Banif aos títulos do banco liderado por Paulo Teixeira Pinto seria de 3,25 euros. O BPI poderia «negociar acima do valor da oferta original», nos 6 euros por acção, com o banco de investimento a considerar uma prémio mínimo de 5% para a eventualidade de surgir uma oferta concorrente.

Também com uma probabilidade de 23,3% está o cenário em que surja uma oferta concorrente do Banco Espírito Santo ou de outros investidores estrangeiros, e no qual o BCP passa de oferente a alvo. Os preços-alvo atribuíveis aos títulos do BCP e do BPI seriam iguais aos do anterior cenário, mas o Banif refere que sendo o BCP o «jogador mais capaz de gerar sinergias, não espera que outros concorrentes sejam tão ‘agressivos’ em termos do preço oferecido» ao BPI.

O cenário do BCP falhar a oferta, e seguidamente rever o preço oferecido e voltar a falhar e do «ângulo especulativo do BPI ser altamente mitigado e do BCP se tornar um alvo» reúne uma probabilidade de 11,7%, segundo a análise do Banif. Com este cenário os «targets» do Banif para o BCP e para o BPI atingiriam os valores mais elevados. Ao banco liderado por Fernando Ulrich o banco de investimento atribuiria um alvo de 6,25 euros, uma vez que a oferta revista traria ao BPI um novo «suporte de negociação», e ao BCP, o Banif aumentaria a sua avaliação para 3,25 euros por acção, sendo que o banco passaria a negociar com múltiplos que incorporam o cenário de fusões e aquisições.

A OPA do BCP falhar, do maior banco privado nacional rever em alta a sua oferta e ter sucesso surge com uma probabilidade de 11,7%. Com este cenário o Banif atribuiria um «target» de 2,58 euros para o BCP «incorporando as sinergias mais o ajuste pelo impacto nos rácios de capital devido ao aumento da oferta».

Os analistas Carla Rebelo e Gonçalo Lopes afirmam que «apesar das sinergias poderem justificar um preço mais elevado, o BCP ficaria limitado em termos de capital, por causa do aumento de capital de 4 mil milhões de euros». Neste cenário, ao BPI o Banif atribuiria um preço-alvo de 6,25 euros.

Uma contra oferta do BPI como forma de defesa à OPA do BCP reúne apenas 10% das probabilidades. Neste cenário o banco liderado por Fernando Ulrich poderia negociar nos 5,05 euros e o BCP nos 3,25 euros. Para avançar com uma contra OPA ao BCP, o BPI precisaria de um aumento de capital de 10,5 mil milhões de euros para manter o rácio Core Tier I nos 5%.

Tendo em conta a análise do Banif a todos os cenários possíveis neste momento, ponderados das possibilidades atribuídas a cada um, o banco de investimento afirma que o BCP poderá valer 3,05 euros por acção, um potencial de valorização de 16% face aos preços actuais. O BPI reúne apenas um potencial de subida de 3,6%, tendo em conta o preço de 5,90 euros da média dos vários cenários.

Os analistas do Banif têm uma visão «positiva» para a negociação dos títulos do BCP tanto no curto, como no longo-prazo, enquanto que para o Banco BPI a visão é sempre «neutral».